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terça-feira, 30 de setembro de 2014
O PRIMEIRO DOMINGO DE PRIMAVERA DE 2010
Hoje sinto-me inspirado para escrever, uma vez mais sobre a vida e sobre o amor em geral, e suas consequências.
Cada momento que eu considerei especiais na minha vida por uma razão ou outra, foram como fotos, pinturas ou esculturas as quais deixaram marcas gravadas na minha mente, no meu coração ou no meu sexo de forma indelével.
Foram momentos uns mais prolongados do que outros, mas todos eles vividos intensamente nos limites das emoções, sensações, carinhos, afectos, tristezas ou desapontamentos. Mas a grande diferença que fazem esses momentos temporais entre uma foto ou um quadro, é a forma como a mesma tem sido vivida até ás ultimas consequências, sem interrupções ou a perenidade que registou um momento sem continuidade na mente criativa de um qualquer artista plástico, quando carrega no obturador da sua camera, pinta uma tela, ou molda o barro de uma escultura.
Em nenhuma destes três registos vivenciais existe o tacto, o olfacto ou o sabor, não se podem apreciar as expressões do olhar, do sentir a suavidade aveludada e acetinada de uma pele, ou as transmutações faciais do prazer e sensualidade erótica.
Eu, como ser humano, dotado de alguma sensibilidade artística e plástica, poderei sentir cada uma das emoções, que o pintor, fotografo ou escultor tentam expressar nos seus trabalhos, por muito fidedigno ou realista que tenha sido o momento da captação ou criação dessa imagem para a posterioridade.
Nós não podemos ficar reduzidos apenas a sermos parte integrante mas cómoda e complacente de um quadro, foto ou escultura. Se quisermos viver a vida, teremos que sair de dentro de uma dessas manifestações de arte, e enfrentar o mundo e a vida procurando o amor onde quer que ele se encontre. Precisamos de correr riscos nesta selva infestada de predadores que não se compadecem das fraquezas humanas e tal como sanguessugas, vampiros e abutres, estão sempre prontas para nos sugarem até á medula, usando-nos para fins inconfessáveis.
Os seres humanos precisam de interagir e comunicar, quer verbalmente quer fisicamente, contudo teremos que ser cuidadosos nas nossas escolhas, pois eventualmente essas pessoas que escolhemos para o fazer, podem eventualmente estar contaminadas ou poluídas. Na vida real jogam-se uma série de jogos mentais diferentes, mas muitas pessoas fazem batota, alterando as regras estabelecidas. Muito embora inicialmente possa existir um acordo tácito para que elas sejam eticamente cumpridas, nem sempre a lealdade e honestidade é usada durante o decorrer do jogo. A mentira e a trapaça fazem parte do jogo da vida, e são usadas frequentemente, quando um dos jogadores o faz simultaneamente em tabuleiros diferentes A vida não nos permite que em momentos de crise, nos possamos esconder ou refugiar dentro de nós próprios, fechando-nos como uma ostra e lá permanecer até que o perigo passe. Não nos podemos eximir nem fugir dos amores, paixões, sonhos, ilusões, desapontamentos e desilusões, porque esses são ingredientes naturais que apimentam saborosamente a vida ou a estragam pela falta deles. Podemos viver a vida de uma forma mais rápida ou mais lenta, tudo depende essencialmente se pretendemos queimar etapas ou não, tentado chegar mais depressa aos nossos objectivos e destino, ou se queremos ir vagarosamente apreciando a paisagem e gozando os momentos. Acho que estas pressas ou vagares dependem essencialmente da idade, das vivências e experiências dos intervenientes. Tudo na vida tem um preço, depende de cada um estar na disposição de o pagar ou não. Que ninguém acredite em promessas de recompensas que nos serão oferecidas gratuitamente se tivermos que fazer adiantamentos ou cedências devido á nossa ganância, ilusão ou ingenuidade. Nada nem ninguém, nos oferece nada a troco de nada, existe sempre algo escondido na pseudo magnanimidade de quem oferece galinha gorda gratuitamente. Os grandes amores ou paixões, exigem entregas totais e incondicionais, não nos podemos entregar ás metades ou quartos, quer por egoísmo, medo ou traumas do passado. O amor não escolhe ou exige um recipiente específico, tanto podemos amar as pedras da calçada, os nossos animais domésticos ou o que quer que seja, desde que essa pessoa, animal ou objecto, desperte dentro de nós esse sublime sentimento. Infelizmente as curas para os males de amor e para as dores causadas por ele, não se curam com medicamentos, com viagens para esquecer, ou subidas ás montanhas para que na solidão saremos as feridas causadas por ele. Esse luto é feito penosamente por longas travessias do deserto ou então pelo aparecimento de alguém que sirva como antídoto, que elimine o veneno que ainda circula dentro de nós.
Para se amar, é preciso que o nosso coração esteja receptivo e aberto, os nossos braços estendidos e a nossa mente limpa de condicionalismos que manietem a forma como expressamos os nossos sentimentos., afim de podermos acolher o destinatário que decidirmos albergar dentro dele sem condições ou exigências previamente negociadas ou estabelecidas. As portas do nosso coração devem permanecer abertas para que os raios da aurora trazidos pelo sol entrem lá dentro e o aqueçam, pois se as mantivermos fechadas, corremos o risco de o gelar pela hipotermia.
A primavera acabou de chegar, sente-se um novo sopro de energia no ar, como se a natureza tivesse despertado de um longo sono hibernativo São horas de abrirmos de novo as portas e janelas dos nossos corações deixando a vida irromper por entre elas. Chegou o momento de o deixarmos ouvir o trinado dos pássaros, o cheiro da terra ainda húmida das chuvadas do inverno e as fragrâncias das flores silvestres. O nosso coração precisa de ser ventilado do mofo que dentro dele se acumula e renovar-se com uma lufada de esperança. Os nossos corações precisam de se abrir á vida e ao mundo, e nele deixar entrar a possibilidade de algumas das realizações resultante de sonhos arquitectados na solidão do nosso descontentamento nas longas noites de inverno. Todos nós, já passamos pela experiência de termos que abdicar pela força das circunstâncias de pessoas que amamos. Ninguém é insubstituível, comparável, perfeito, ou isento de virtudes. Quem parte, pode deixar ou levar saudades, poderá tornar-se num alívio, ou pesadelo dependendo das experiências positivas ou negativas que com elas partilhamos, gozamos ou sofremos. Mas todos nós poderemos ter a certeza, de que existem muitas outras pessoas prontas para amarem e se deixarem amar, possivelmente bastante melhores do que aquelas que passaram para o nosso álbum de recordações que ainda guardamos com saudade, ou incineramos em qualquer fogueira criada para o efeito, com a finalidade de exorcizarmos esse passado que pretendemos esquecer. A vida não termina quando perdemos um amor, quer ela seja o resultado de uma decisão pessoal, quer nos seja imposta por outrem. O amor regenera-se por si próprio, curando-se e renascendo ainda com mais vigor, mais esperança e maturidade quando de novo nos propomos entrega-lo a outra pessoa. Contudo as feridas deixam marcas, portanto que ninguém pense que iremos continuar a ter a mesma ingenuidade e tolerância para com a mentira, infidelidade ou faltas de respeito. Em suma, quando não temos a possibilidade de estar a viver um amor ou uma paixão, não nos fechemos dentro de nós próprios nem deixemos que o nosso coração se torne o algoz dos nossos sentimentos mantendo-os encarcerados e amordaçados nas profundezas do nosso ser.
28-3-2010
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