quinta-feira, 21 de abril de 2011

DISSECANDO UMA RELAÇÃO

                                          

Atingi um escalão etário onde a idade, experiência, maturidade, senso comum e sentido de responsabilidade pelos meus compromissos assumidos aliados á minha forma lógica, racional, prática, analítica, liberal e clarividente de pensar quando obrigadas a serem equacionadas, façam com que, em todas as circunstâncias da minha vida, a razão se imponha sempre a qualquer tentativa revolucionária que o meu coração intente contra a lei, ordem, método e disciplina que impera na minha mente bem estruturada para lidar com qualquer eventualidade que possa surgir, seja ela de que âmbito for. Esta racionalidade e frieza objectiva contribuem para que eu viva o meu dia a dia de uma forma adequada ás exigências e aos desafios que o quotidiano me propõe sem que me afaste perigosamente do meu plano e programação inicial que mensalmente estruturo no inicio de cada mês. Deixei de me preocupar com planeamentos a longo prazo pois tenho consciência de que a minha vida vai encurtando mais rapidamente desde que atingi este ano, a provecta idade de 65 anos. Os dias e as horas começaram-me a parecer mais curtas enquanto que o amontoado de sonhos e objectivos que ainda me proponho cumprir aumenta exponencialmente e inversamente ao tempo que me resta para viver.
Nesta altura apenas procuro continuar a ser coerente e consistente com os meus valores e princípios os quais sempre intransigentemente defendi desde que me conheço. Há cerca de 5 anos que vivo dentro de uma relação fechada com alguém de quem gosto, estimo, respeito e admiro. Quando aos 60 anos decidi terminar com a minha vida errática de “playboy”, essa pessoa que despontou no horizonte da minha vida veio a contribuir em termos decisivos quer para a minha estabilidade física, emocional e mental. Apesar da idade penso que continuo a ser um homem de paixões que necessita de impactos e estímulos de vária ordem, quer físicos quer mentais, pois só dessa maneira poderei continuar a manter o equilíbrio que preciso para que este relacionamento que tanto prezo e defendo se mantenha inalterável. As rotinas, as longas ausências devido aos afazeres profissionais da pessoa com quem partilho a minha vida, bem como o decréscimo de apetite sexual têm vindo a contribuir em larga escala, para que esta relação esteja nesta fase a atravessar um período difícil e complicado. A minha companheira precisa mais do que nunca de reafirmação sobre o nosso estado amoroso o que certamente lhe vem também criando alguma instabilidade emocional. Desde há já algum tempo, que tenho vindo a dedicar longos períodos de reflexão sobre esta situação que me preocupa, pois sinto que algo vai mal, e, muito embora não questione a sua continuidade algo terá que ser feito ou alterado muito rapidamente afim de que aquilo que existe entre nós não se perca ou desvaneça nas brumas das nossas memórias. O tempo inexoravelmente tudo corrói e tudo apaga sem que por vezes a grande maioria das pessoas se aperceba desse facto e quando se apercebem disso, por vezes já é tarde demais para que as coisas possam ser alteradas ou rectificadas. Eu penso que nós estamos neste preciso momento a atravessar um desses momentos cruciais nas nossas vidas, portanto exige-se que paremos para pensar, e, de olhos nos olhos possamos debelar a crise dissecando as razões pelas quais estamos atravessando este momento menos bom das nossas vidas, fazendo as rectificações que se impõem para que a normalidade venha a ser reposta com brevidade. Pessoalmente sinto que estou a atravessar um momento em que me sinto imbuído de sentimentos contraditórios no que respeita á minha forma comportamental e, isso desgosta-me profundamente. Tenho muito honesta e sinceramente confessar, que de quando em vez, sinto o desejo de cometer uma infidelidade sexual na eventualidade de a oportunidade surgir desde que a considere apetecível e de que a mesma seja de risco zero. Várias razões me têm mantido afastado dessa possibilidade, sendo uma delas a eventualidade da falta de tesão e a outra que me inibe e bloqueia é a de sentir que irei atraiçoar alguém que não merece que eu defraude a confiança e as expectativas que em mim foram depositadas. Sinto-me a viver numa situação de corda bamba, dividido entre o forte desejo de cometer uma infidelidade, e, o da minha consciência critica que me alerta constantemente para o elevado risco que poderei incorrer ao cair numa situação comum desse estilo. Se eventualmente o fizesse, e a mesma fosse conhecida, iria certamente contribuir para macular definitivamente a minha imagem, e o relacionamento que mantenho o qual tenho procurado defender de poder vir a ser afectado por qualquer decisão leviana que venha a por em risco tudo aquilo que há 5 anos temos vindo a construir em conjunto.
Esta batalha que se trava dentro de mim entre as Deusas afrodisíacas do Olimpo e os Titãs terrenos tem sido devastadora, e, algo terá que ser feito muito rapidamente para que estes duelos não venham a ter um desfecho inesperado. Eu sei e sinto, que os meus instintos predatórios tenham estado adormecidos há uns anos numa inércia contemplativa por mim desejada. Nunca coercivamente me impus a esse sacrifício, pois o acordo tácito existente entre as duas cabeças foi conseguido de comum acordo e de forma pacifica. Ambas têm estado em sintonia com o estilo de vida que decidi adoptar há 5 anos atrás afim de que a minha estabilidade emocional não viesse a ser afectada por caprichos, vaidades, egos ou desejos pontuais onde tivesse a necessidade de mostrar ou provar a minha masculinidade, virilidade ou capacidade seductiva perante o sexo oposto. Nesta altura comecei de novo a sentir o Leão a rugir dentro das minhas entranhas com alguma ferocidade

25-10-2007

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