quinta-feira, 21 de abril de 2011

TRÊS VISÕES SOBRE A INTERNET

                         

Há já uns longos anos que viajo na Internet, e nela tenho encontrado de tudo, desde o fabrico caseiro de bombas até ao “Cyber Sex.”. Decidi contudo concentrar apenas a minha atenção nos sites que proporcionam encontros entre pessoas, sejam elas na procura de amizade ou de relacionamentos românticos. O funcionamento desses sites usualmente pagos têm um formato bastante simples quanto á forma de neles publicitar o que estamos dispostos a dar e o que queremos em troca. Homens e mulheres inserem os seus perfis alguns com ou sem foto. Os vários questionários abrangem várias áreas, tais como: escolaridade, raça, idade, gostos musicais, opções sexuais, área de residência, cores do cabelo, olhos, altura etc. Uma das secções é dedicada a podermos explicitar concretamente o que procuramos, ou seja qual o perfil do candidato (a) ideal segundo a nossa óptica pessoal. Como todos devem saber existem profissionais na net que de formas dissimuladas a aparentemente inofensivas procuram armadilhar os incautos e inexperientes. É sobre este tipo de pessoas que me proponho dissecar o seu “modus operandi.” Inicialmente e até que dêem provas em contrário são para mim apenas pessoas assexuadas, pois tanto podem ser homens a tentar passar por mulheres ou vice-versa. Inicialmente são para mim interlocutores sem idade ou feições, pois mesmo que as mostrem através de fotos poderão não ser genuínas. Têm estas pessoas a possibilidade de projectam as imagens que lhes convém mas que se ficar restrita ao virtual pouco ou nada nos poderá afectar. No entanto o perigo espreita quando passamos do virtual para o real e contemplamos a possibilidade de um encontro físico de olhos nos olhos, que se tiver que acontecer que seja num local público. Podem estas pessoas ser genuínas, inofensivas e estarem de boa fé, assim como pode acontecer precisamente o contrário. Quem nos garantes que não sejam mentes doentias, pervertidas, psicóticas e perigosas a necessitar urgentemente de ajuda profissional. Existe contudo à partida ainda na fase virtual algumas formas de avaliação que pudemos usar para eliminar algumas dúvidas, sendo uma delas a identidade, e isso pode ser feito através da “webcam” ou de um telefonema. A parte académica também pode ser medida pela forma de escrever e pelos erros de sintaxe que de imediato deixam transparecer o seu calibre no que respeita ao domínio da língua. A avaliação mental da pessoa é que muito dificilmente se poderá fazer pela Internet. 
A net é de facto uma caixa de Pandora ou uma lata que depois de aberta constatamos estar cheia de vermes. Pela net viajam vários estereótipos que a usam para satisfazem vários objectivos, necessidades ou taras. Esta análise que me dei ao trabalho de fazer é meramente um exercício para tentar caracterizar esse tipo de pessoas nesta estrutura monolítica em que pessoas e sites se interligam para dela retirarem a adrenalina, o sonho, fantasia, erotismo ou a ilusão de que precisam para alimentar o ego ou aplacar as frustrações em que vivem.
De acordo com a minha experiência existem 4 tipos básicos de pessoas que usam a net para os fins em epígrafe. Analisemos em detalhe aqueles que a utilizam para o sexo cibernético.
Este grupo é geralmente constituído por homens casados ou exibicionistas que procuram pelo uso da webcam, masturbarem-se ou desenvolver diálogos eróticos com a finalidade de obterem orgasmos. Na minha óptica são pessoas intelectualmente pouco sofisticadas, coriáceas de espírito embaciado e inteligência embotada, são chatos, persistentes nos seus desígnios o que os torna tremendamente irritantes. O segundo tipo de utilizadores são os ingénuos, inexperientes, pessoas pouco cultas e instruídas que pensam encontrar na net o seu companheiro(a) para o resto das suas vidas. Este tipo de abordagem resulta normalmente em fiascos, desapontamento, frustração e depressões.
Este grupo de pessoas não são geralmente pessoas atraentes quer física quer mentalmente, são mentes amorfas nada estimulantes que têm uma extrema dificuldade em se relacionar com o sexo oposto na vida real, pois têm um carácter introvertido. Por vezes também podem viver em locais remotos onde não existem pessoas disponíveis para o tipo de relacionamento que procuram ou socialmente são ineptos, inadaptados e solitários.
Entre os seres educados e civilizados, atraentes e interessantes, com carreiras profissionais excitantes e que não sejam destituídos de beleza, estúpidos, imbecis, ou fisicamente diminuídos podemos ainda dividi-los em mais duas subcategorias.
Aqueles que têm uma vida preenchida e excitante, mas que por uma razão ou outra procuram esporadicamente estímulos que satisfaçam as suas fantasias sexuais, eróticas, fetiches ou caprichos. No íntimo são pessoas que se caracterizam como de trato fácil, que procuram um pouco de aventura para apimentar as suas vidas pessoais monótonas e chatas, mas nunca levam esses devaneios demasiado a sério, nem consideram a possibilidade de que os mesmos os conduzam a um compromisso.
Uma vez que as suas profissões implicam que viagem quer territorialmente quer internacionalmente eles (elas) procuram pessoas interessantes, atraentes, charmosos, sofisticadas e cultas, financeiramente estáveis do sexo oposto na expectativa de poderem conjugar a parte profissional com alguma aventura fora das horas de serviço. Depois temos os solteiros (as) que planeiam as suas viagens de férias para países que pretendem visitar utilizando a net para ai arranjarem contactos sob falsas pretensões, que os possibilitem ter acomodação gratuita e tratamento VIP e sexo durante o período da sua visita. No caso dos casados que profissionalmente têm que viajar com certa frequência para os mesmos locais, procuram estes construir e manter um harém que lhes proporcione o divertimento que pretendem consoante o local para onde viajam.
E para finalizar esta segunda subcategoria, ainda temos os lunáticos, aqueles que piamente acreditam que a inteligência, a atracão espiritual e outras intangíveis características e predicados são a verdadeira essência da vida. Acreditam piamente que as pessoas podem ser descobertas através da net de uma maneira profunda e nela encontrarem a pessoa perfeita que complete o seu puzzle, negligenciando outras formas de contacto pessoal como bares, discos, clubes de férias, ginásios e até supermercados.
Temos ainda na terceira categoria os (as) comodistas, pessoas absolutamente normais mas que em vez de saírem de casa para procurar o que desejam, preferem ficar sentados em frente a um PC e a partir daí, exporem-se e exportarem-se para o mundo através de um monitor, de uma forma mais recatada e distanciada, e que só depois de analises metódicas e selectivas elegem os “targets” com quem querem aprofundar os seus relacionamentos. Estas pessoas apenas correm o risco de dar a cara quando pensam que já minimizaram a possibilidade de erro a um coeficiente reduzido.
Na quarta e última categoria temos as pessoas a que eu chamo “Reais”, que são aquelas que andam na net e que mostram inequivocamente aquilo que são, que não nos projectam imagens desfocadas ou ampliadas das suas vidas, não mudam de sexo, nem de idade segundo as suas conveniências. A minha experiência da net é longa pois penso ter explorado a maioria das suas vertentes, contudo, apesar de todas as protecções, filtros, peneiras, detectores de metais e mentiras ainda continuo a não estar totalmente imune a algumas das suas armadilhas.
Através da net tive a oportunidade de conhecer quer virtual quer pessoalmente alguns perfeitos especímenes da raça humana, e por isso, os comecei a catalogar, o que têm sido uma fascinante experiência. Hoje em dia e depois da longa overdose que tive da net, todo o meu e-mail diário recebido passa por um crivo de malha muito apertada e rapidamente me apercebo do calibre das pessoas que me escrevem, bem como qual a intenção com que o fazem, o que como é obvio me deixa sem motivação para lhes responder. A Internet usada com algum senso comum, também tem os seus aspectos positivos no âmbito de poder proporcionar ás pessoas formas alternativo de comunicação. E para terminar, posso testemunhar que entre os meus relacionamentos de amizade e sociais conheço dois casais que vieram a contrair matrimónio há já alguns anos, por conhecimento feito através da net e que são extremamente felizes. Numa percentagem ínfima a Internet é um meio tão valido como outro qualquer, desde que as pessoas estejam preparadas para a usar com as precauções adequadas, pois de outro modo podem tornar-se em alvos fáceis. Quem se atrever a usar a net para procurar relacionamentos, encontros amorosos terá que admitir que se prepara para jogar na roleta russa ou ter sexo com um desconhecido sem usar o preservativo, assumindo desse facto as suas nefastas consequências.”


“Oscar Wild uma vez disse: " Escolho os meus amigos pela sua beleza, os meus conhecidos pelo seu bom carácter e os meus inimigos pelo seu intelecto”. Numa noite cálida de verão há cerca de 8 anos atrás
estava eu muito tranquilo em minha casa, onde sempre me senti confortavelmente instalado, convenientemente protegido, tranquilo e sossegado reflectindo como poderia alterar de quando em vez, as minhas rotinas nocturnas  sem ter que sair de casa para o fazer.
 No aconchego desta inexpugnável fortaleza, eu estava de acordo comigo mesmo, ao abrigo das intempéries, vento, chuva, lama, inveja, difamações, confrontos, sarcasmos jocosos, ciúme tresloucado, livre de tentações ou solicitações carnais, e nesta pureza meditativa teria ficado na minha torre de menagem, intocável aos seres conspurcados que o mundo alberga debaixo do seu enorme chapéu de chuva. Nessa fatídica noite, quer movido pela curiosidade ou por outros desejos incontrolados, decidi, entrar pelo mundo fascinante da internet, numa experiência pioneira pelo menos para mim, tentando quebrar a monotonia da minha solidão, tendo nessa altura com o único objectivo o de recrear o espírito e estimular a mente. E foi aí, nesse mundo virtual onde milhares de pessoas á volta do mundo se cruzam diariamente na procura efémera de aventura, sedução ou de outros estímulos de carácter mais obscuro na ténue esperança de encontrarem aí, uma solução genuína para a sua solidão, ou, para outros problemas pessoais. A net, permite que possamos envergar peles diferentes, assumindo personalidades genéticas fictícias que se encarnam facilmente através do anonimato que a Internet lhes concede aos seus alter egos. Essas idiossincrasias que muito no íntimo do seu subconsciente gostariam de personalizar na vida real, só o conseguem fazer virtualmente, pois desta forma sentem-se protegidos e encorajados a explorar, essas áreas mais obscuras das suas mentes perversas ou psicopáticas. E depois deste preâmbulo, vamos ao facto relevante que foi o da consequência que este mundo virtual teve nesse período minha vida, quando deliberadamente permiti abrir uma nesga da minha janela para o mundo, curioso, cruel e enganador da Internet. Na minha inocência virginal baixei a minha guarda e tornei-me vulnerável ao mundo exterior que me rodeava ficando receptivo a contrair os germes e os vírus contaminados e malignos, para os quais as minhas defesas não estavam nessa altura preparadas para obstar a sua invasão indiscriminada da minha intimidade e privacidade. Nesse tempo, não estava mentalmente apetrechado para peneirar de uma forma eficiente todos os impactos que recebia diariamente pela net. O meu sistema de detecção de mentiras ainda não funcionava como hoje em dia, portanto toda a informação era absorvida de uma forma genuína mesmo a mais intelectualizada ou inteligentemente estruturada era aceite de boa fé. Até que um dia aconteceu que alguém aproveitando essa brecha no meu dispositivo de segurança, oportunistamente entrou sub-repticiamente pelas minhas defesas procurando um nicho para no momento certo se fazer notar. O abrir momentâneo dessa janela foi sentido como uma rajada de chuva fria e agreste que me fustigando o rosto me alertou e acordou desse entorpecimento temporário e me fez de imediato fecha-la, mas o mal estava feito e as consequências ainda não contabilizadas. Posteriormente quando me apercebi da enormidade do meu erro tentei remediar a situação instalando uma rede protectora milimétrica, afim de evitar ser assediado por germes indesejáveis descartando todas as candidata que me bombardeavam com e-mails ou procuravam dialogar nos mensageiros. Às que queriam fazer amizades aconselhei-as a compararem um cão, para as que procuravam sexo virtual, sugeri-lhes fazerem amor com a mão direita e a olharem-se num espelho. Nesta análise retrospectiva que hoje faço desapaixonadamente de uma situação ocorrida há 8 anos, muita agua passou por debaixo das pontes e com a experiência adquirida a minha lucidez e capacidade de facilmente identificar se é um homem a fazer-se passar por mulher, ou vice-versa, só com a tarimba se aprende. Hoje como é óbvio não sou mais a mesma pessoa, mas nessa altura acabei por ficar desagradavelmente contaminado tendo o meu sistema imunitário sido infectado. Devido a essa minha exposição ás radiações do mundo, alguém extraordinariamente sedutor, e com uma capacidade de insinuação invulgar despontou no horizonte da minha vida chamando a minha atenção. As vibrações imanadas da sua mente, abriram-me o apetite, despertaram sentimentos e sacudiram fortemente a estrutura sólida do meu EU. Isso deixou-me inquieto e preocupado na altura, pois quase parecia uma barata tonta, aprisionada na teia mortal de uma aranha Viúva. Muito embora, me debatesse com vigor e energia, todos os meus esforços foram infrutíferos, até que meio hipnotizado lhe concedi a possibilidade de me encontrar com ela pessoalmente. Essa minha imprudência acabou por me custar caro em termos de desgaste e prejuízo emocional, o qual depois de controlado e estabilizado me fez sair desse estado de catalepsia letárgico e terminar o que nunca deveria ter começado. A partir dessa altura aferrolhei a porta do meu coração afim de o mesmo não voltar a ser contaminado, prevenindo-me de imediato com todos o antídotos conhecidos e com todas as poções que a maior das bruxas do mundo para mim confeccionavam em exclusivo. Nessa altura sentia que o meu sangue borbulhava de forma incandescente como a lava de um vulcão a descer pela montanha, pois há já algum tempo que não deixava que ninguém se aproximasse tanto de mim e sobretudo com a perigosidade que esta demonstrava possuir. Hoje em dia tornei-me num especialista a navegar nas águas turvas e lodosas da net e nestas auto estradas da cibernética aprendi a trocar as voltas e a embrenhar-me em atalhos que só eu conheço, procuro não deixar rasto e semeio armadilhas nos trilhos que percorro, tenho toda uma panfernália espalhada de "gadjets" que denunciarão logo que alguma atrevida tente entrar em locais que lhe estão vedados. Com o meu binóculo infravermelho estou do alto do meu posto de observação devidamente camuflado a controlar qualquer movimentação nocturna. O meu aparelho de raio X que instalei no meu PC desnuda tudo e todos sexualmente de modo que quem tentar passar pelo que não é, será irremediavelmente desmascarado”

Muitas das definições têm sido escritas sobre o amor tanto em prosa como em verso e também verbalizados por amantes ou namorados em momentos íntimos de êxtase, quando as emoções extravasam os sentimentos que nos percorrem a alma. Para mim, tudo se resume numa amizade que arde em fogo escaldante nos primórdios da fase inicial do enamoramento, mas que com o decorrer dos anos, esse arrebatamento tende a abrandar e arrefecer. Depois dos sentimentos iniciais de atracção recíproca se terem esfumado fica apenas uma grande cumplicidade entre o casal, o qual será transformado em ternura, carinho, amizade, suporte, compreensão amparando-se mutua a reciprocamente em todas as situações. Durante estes últimos quatro anos da minha solitária vida e fazendo recurso da Internet profissionalizei-me na actividade de mercador de sonhos, os quais tenho vindo a vender com algum sucesso através da net, sem contudo nunca ter garantido que os mesmos se pudessem vir a converter em realidade. Como resultado dessa actividade tive a oportunidade de conhecer pessoalmente algumas das pessoas com quem mantive uma interactividade mais intimista. Para que esses encontros se convertessem em realidade tive que utilizar todo o meu carisma, charme, sedução, manipulação e magnetismo o que é extremamente difícil de fazer  utilizando apenas o recurso  à escrita, ou ao da voz através do telefone. Procurei tal como um mágico, criar ilusões de deslumbramento que aliada a outra poderosa arma da Alquimia me permitiu vender poções alucinogénicas, que estimulavam o desejo, abrindo portas para novos mundos de fantasia e prazer que tinham como corolário final um efeito poderoso e afrodisíaco sobre a libido. Todas essas pessoas que me visitaram vindas tanto do Oriente como do Ocidente, com culturas sociológicas diferentes vieram ao Algarve na persecução de um sonho que por mim lhes foi instilado na mente com a finalidade de avaliarem da possibilidade de comigo poderem compartilhar um projecto de vida. Na minha perspectiva de cientista e investigador da mente humana, essas pessoas foram por mim dissecadas e estudadas como ratos de laboratório, sujeitas a testes de vária ordem com a finalidade de descobrir quais as motivações que as levaram a fazer viagens longas e dispendiosas ao nosso pequeno Portugal, que nos primórdios da nossa correspondência talvez nem soubessem onde geograficamente estava o nosso país situado. Devo contudo afirmar com toda a honestidade e sem rebuço, de que nunca fiz promessas, dei garantias, ou criei expectativas de qualquer ordem nos contactos através da net.  Por outro lado, também nunca enjeitei a possibilidade de me vir a envolver sentimentalmente com alguém, uma vez que sou um homem livre e consequentemente receptivo a poder encetar uma relação amoroso em qualquer altura, na eventualidade de vir a encontrar alguém que reúna os requisitos essenciais ao meu critério altamente selectivo. Nos contactos preliminares com as minhas correspondentes vários temas de ordem generalista eram abordados o que me permitia construir um retrato robot da sua personalidade e ir ajustando as peças do puzzle até ter uma visão mais aprofundada do calibre de pessoa com quem lidava. Numa fase posterior, tentava avaliar sobre o seu conservadorismo ou liberalismo sexual, taras ou fantasias, tanto em mensagens subliminares com inuendos discretos ou com perguntas directas e incisivas de molde a descobrir quais as suas tendências ou limitações. Nessas fases de aprofundamento e descoberta dos seus perfis psicológicos, carências e objectivos, o tema do amor raramente era abordado ou discutido, se bem que não fosse por mim considerado tabu, mas era evitado, pois não considerava ser uma das disciplinas fundamentais a explorar ou debater nesse estágio inicial do relacionamento. Procurei  na medida do possível ser eu a liderar os temas para discussão conduzindo as “entrevistas” uma perspectiva de professor aluna, sem contudo tornar esses aspecto demasiado óbvio, para evitar ferir susceptibilidades. Penso ter adquirido através do comando da escrita e da forma muito peculiar de como fazia as minhas abordagens e pesquisas um colaboracionismo equivalente à administração do soro da verdade, pois todas as candidatas salvo raras excepções facultavam-me sem restrições todas as informações por mim pretendidas, sendo algumas do foro intimo e pessoal que por vezes me surpreendiam devido a candura das sua suas respostas. A experiência aconselhou-me sempre a que o meu envolvimento através da escrita apenas ficasse centrado no aspecto intelectual, físico-imagem e sexual, tentado manter uma equidistância segura quanto aos problemas do coração, pois esse distanciamento aconselhável permitia que a minha lógica e capacidade analítica não fossem contaminadas, o meu sentido de julgamento subvertido, o “timing” de reacção afectado e finalmente o meu poder de decisão influenciado. Muito embora pense que cabe ao homem o desempenho de conquistar o sexo oposto, eu pessoalmente algumas vezes abri excepções deixando-me conscientemente seduzir, por algumas mulheres que sublimaram essa arte de estimular a testosterona masculina. Esses poucos espécimes do sexo feminino a quem concedi esse privilégio já tinham ultrapassado o estatuto de mulheres, pois na fase em que cruzaram a minha vida já eram Afrodites (Deusas do Amor), e, quando a grande maioria dos homens pouco experientes encontra uma mulher nesse estagio e apetrechada com todas essas armas mortíferas, é como se um terramoto lhe desabasse sobre o corpo, ficam escravizados, deslumbrados, e hipnotizados, até que essa mulher decida quebrar o encantamento.
Tive ao longo da vida a oportunidade de esgrimir em duelos longos de prazer, volúpia e êxtase, técnicas de sedução em jogos de amor perigosos com algumas dessas Deusas, sem contudo permitir que a minha estrutura física ou mental sofresse qualquer desvio ou os meus valores desvirtuados. Há longo tempo que concluí de que as pessoas não mudam quanto ao ser carácter, contudo podem ser polidas, espelhadas, aperfeiçoadas, treinadas e ensinadas afim de melhorarem quer a sua imagem ou performance em aspectos e para fins que não sejam exclusivamente de cariz profissional. Quer a roupa que vestimos o visual que escolhemos ou a linguagem mais rebuscada que usamos podem ter importância determinante nos círculos onde nos pretendemos impor e movimentar, ou da imagem que decidimos projectar. Felizmente e salvo raras excepções o dinheiro ainda não compra educação, instrução, estilo, classe, charme, fascínio e boas maneiras, muito embora quem não possua estes requisitos básicos de berço, possa adquirir algumas noções dos mesmos desde que se proponha a aprende-los e a pagar para isso.
Algumas pessoas não tendo medo de morrer tem uma cobardia enorme em viver a vida, esses mortos-vivos aos quais eu chamo almas penadas, apenas ocupam espaço na sociedade não passando de trambolhos que respiram o oxigénio do ar que os criativos e empreendedores tanto precisam O oxigénio do ar poluído e escasso deveria ser racionado para os parasitas, os derrotados e vencidos pela vida fornecendo-lhes apenas o essencial para vegetarem. Um dos grandes segredos da vida é sabê-la viver com dignidade, alegria, prazer, mas sobretudo com toda a intensidade possível, sem termos que abandonar a nossa zona de conforto afim se nos sentirmos seguros de nós próprios e em controlo de todas as situações. Um outro segredo é nunca perder a capacidade de sonhar e ter a determinação de perseguir sem vacilar esses sonhos afim de os converter em realidades palpáveis, pois uma mente sem sonhos é como um céu sem estrelas, ou um jardim sem flores. Muitas pessoas como não têm a capacidade de viver e realizar os seus sonhos apenas se limitam como sanguessugas, a partilhar ou viver os sonhos dos outros Todos os pruridos sociais decadentes e bafientos devem ser ostracizados pois funcionam como espartilhos e algemas que nos condicionam e oprimem, fazendo com que percamos por vezes oportunidades na vida que jamais se repetirão. Saber viver a vida em equilíbrio de forma harmónica e consistente requer disciplina, timing, senso comum, alguma diplomacia, mas sobretudo a grande capacidade de estarmos sempre posicionados para antecipar oportunidades ou problemas e dos mesmos podermos sair como vencedores. Por vezes as pessoas têm a oportunidade de poder viver uma vida inteira em apenas algumas horas dias ou semanas, mas recusam-se a faze-lo porque não tem a garantia da continuidade desse sonho ou da felicidade eterna. Eu contrariamente penso que sendo a vida uma incógnita quanto à nossa continuidade nela, devemos vivê-la como se a morte nos tivesse dado um pré-aviso nunca superior a 3 meses, portanto o segredo é educar a mente da nossa não perenidade existencial e de que a vida é apenas um percurso em direcção à morte, podendo vir a ser eventualmente abortada em qualquer momento sem que para isso o nosso consentimento seja pedido. Durante a nossa vida amorosa, existem pessoas que chegam e outras que partem de dentro dos nossos corações, temos contudo de nunca fechar a porta quando elas chegam, para que possam sair livremente quando o desejarem fazer, sem dramas, convulsões, histerismos, ameaças, represálias, vinganças ou chantagens. È preciso deixar entrar as pessoas pela porta principal, e também conceder-lhes o espaço de manobra para que a sua dignidade não seja afectada ao ponto de terem que utilizar a porta das traseiras ou sair durante a noite furtivamente como ladrões. As pessoas não devem viver algemadas mesmo que as mesmas sejam cravejadas de ouro e pedras preciosas, de se submeter, vender ou alugar por razões que não sejam exclusivamente de amor ou paixão e onde a reciprocidade dos sentimentos, das manifestações de amor, carinho ou ternura sejam equivalentes. Eu prefiro que as entradas ou saídas do meu coração se processem de uma forma sóbria e sem grandes alaridos, contudo dentro dele grandes batalhas ocorreram. Foram conflitos que nem sempre terminaram com tratados de paz, de tréguas, derrota ou vitória. Por vezes temos que utilizar o recurso das retiradas estratégicas afim de que nenhum dos contendores perca a face, ou os obrigue a abdicar, claudicar sobre as razões iniciais que os levaram ás hostilidades, acabando o incidente por ser esquecido passado algum tempo. Agora, estou de novo preparado para enfrentar novos desafios, e um deles, já distintamente se perfila nos portões que dão acesso ao meu coração”


Há já uns longos anos que viajo na Internet, e nela tenho encontrado de tudo, desde o fabrico caseiro de bombas até ao “Cyber Sex.”. Decidi contudo concentrar apenas a minha atenção nos sites que proporcionam encontros entre pessoas, sejam elas na procura de amizade ou de relacionamentos românticos. O funcionamento desses sites usualmente pagos têm um formato bastante simples quanto á forma de neles publicitar o que estamos dispostos a dar e o que queremos em troca. Homens e mulheres inserem os seus perfis alguns com ou sem foto. Os vários questionários abrangem várias áreas, tais como: escolaridade, raça, idade, gostos musicais, opções sexuais, área de residência, cores do cabelo, olhos, altura etc. Uma das secções é dedicada a podermos explicitar concretamente o que procuramos, ou seja qual o perfil do candidato (a) ideal segundo a nossa óptica pessoal. Como todos devem saber existem profissionais na net que de formas dissimuladas a aparentemente inofensivas procuram armadilhar os incautos e inexperientes. É sobre este tipo de pessoas que me proponho dissecar o seu “modus operandi.” Inicialmente e até que dêem provas em contrário são para mim apenas pessoas assexuadas, pois tanto podem ser homens a tentar passar por mulheres ou vice-versa. Inicialmente são para mim interlocutores sem idade ou feições, pois mesmo que as mostrem através de fotos poderão não ser genuínas. Têm estas pessoas a possibilidade de projectam as imagens que lhes convém mas que se ficar restrita ao virtual pouco ou nada nos poderá afectar. No entanto o perigo espreita quando passamos do virtual para o real e contemplamos a possibilidade de um encontro físico de olhos nos olhos, que se tiver que acontecer que seja num local público. Podem estas pessoas ser genuínas, inofensivas e estarem de boa fé, assim como pode acontecer precisamente o contrário. Quem nos garantes que não sejam mentes doentias, pervertidas, psicóticas e perigosas a necessitar urgentemente de ajuda profissional. Existe contudo à partida ainda na fase virtual algumas formas de avaliação que pudemos usar para eliminar algumas dúvidas, sendo uma delas a identidade, e isso pode ser feito através da “webcam” ou de um telefonema. A parte académica também pode ser medida pela forma de escrever e pelos erros de sintaxe que de imediato deixam transparecer o seu calibre no que respeita ao domínio da língua. A avaliação mental da pessoa é que muito dificilmente se poderá fazer pela Internet. 
A net é de facto uma caixa de Pandora ou uma lata que depois de aberta constatamos estar cheia de vermes. Pela net viajam vários estereótipos que a usam para satisfazem vários objectivos, necessidades ou taras. Esta análise que me dei ao trabalho de fazer é meramente um exercício para tentar caracterizar esse tipo de pessoas nesta estrutura monolítica em que pessoas e sites se interligam para dela retirarem a adrenalina, o sonho, fantasia, erotismo ou a ilusão de que precisam para alimentar o ego ou aplacar as frustrações em que vivem.
De acordo com a minha experiência existem 4 tipos básicos de pessoas que usam a net para os fins em epígrafe. Analisemos em detalhe aqueles que a utilizam para o sexo cibernético.
Este grupo é geralmente constituído por homens casados ou exibicionistas que procuram pelo uso da webcam, masturbarem-se ou desenvolver diálogos eróticos com a finalidade de obterem orgasmos. Na minha óptica são pessoas intelectualmente pouco sofisticadas, coriáceas de espírito embaciado e inteligência embotada, são chatos, persistentes nos seus desígnios o que os torna tremendamente irritantes. O segundo tipo de utilizadores são os ingénuos, inexperientes, pessoas pouco cultas e instruídas que pensam encontrar na net o seu companheiro(a) para o resto das suas vidas. Este tipo de abordagem resulta normalmente em fiascos, desapontamento, frustração e depressões.
Este grupo de pessoas não são geralmente pessoas atraentes quer física quer mentalmente, são mentes amorfas nada estimulantes que têm uma extrema dificuldade em se relacionar com o sexo oposto na vida real, pois têm um carácter introvertido. Por vezes também podem viver em locais remotos onde não existem pessoas disponíveis para o tipo de relacionamento que procuram ou socialmente são ineptos, inadaptados e solitários.
Entre os seres educados e civilizados, atraentes e interessantes, com carreiras profissionais excitantes e que não sejam destituídos de beleza, estúpidos, imbecis, ou fisicamente diminuídos podemos ainda dividi-los em mais duas subcategorias.
Aqueles que têm uma vida preenchida e excitante, mas que por uma razão ou outra procuram esporadicamente estímulos que satisfaçam as suas fantasias sexuais, eróticas, fetiches ou caprichos. No íntimo são pessoas que se caracterizam como de trato fácil, que procuram um pouco de aventura para apimentar as suas vidas pessoais monótonas e chatas, mas nunca levam esses devaneios demasiado a sério, nem consideram a possibilidade de que os mesmos os conduzam a um compromisso.
Uma vez que as suas profissões implicam que viagem quer territorialmente quer internacionalmente eles (elas) procuram pessoas interessantes, atraentes, charmosos, sofisticadas e cultas, financeiramente estáveis do sexo oposto na expectativa de poderem conjugar a parte profissional com alguma aventura fora das horas de serviço. Depois temos os solteiros (as) que planeiam as suas viagens de férias para países que pretendem visitar utilizando a net para ai arranjarem contactos sob falsas pretensões, que os possibilitem ter acomodação gratuita e tratamento VIP e sexo durante o período da sua visita. No caso dos casados que profissionalmente têm que viajar com certa frequência para os mesmos locais, procuram estes construir e manter um harém que lhes proporcione o divertimento que pretendem consoante o local para onde viajam.
E para finalizar esta segunda subcategoria, ainda temos os lunáticos, aqueles que piamente acreditam que a inteligência, a atracão espiritual e outras intangíveis características e predicados são a verdadeira essência da vida. Acreditam piamente que as pessoas podem ser descobertas através da net de uma maneira profunda e nela encontrarem a pessoa perfeita que complete o seu puzzle, negligenciando outras formas de contacto pessoal como bares, discos, clubes de férias, ginásios e até supermercados.
Temos ainda na terceira categoria os (as) comodistas, pessoas absolutamente normais mas que em vez de saírem de casa para procurar o que desejam, preferem ficar sentados em frente a um PC e a partir daí, exporem-se e exportarem-se para o mundo através de um monitor, de uma forma mais recatada e distanciada, e que só depois de analises metódicas e selectivas elegem os “targets” com quem querem aprofundar os seus relacionamentos. Estas pessoas apenas correm o risco de dar a cara quando pensam que já minimizaram a possibilidade de erro a um coeficiente reduzido.
Na quarta e última categoria temos as pessoas a que eu chamo “Reais”, que são aquelas que andam na net e que mostram inequivocamente aquilo que são, que não nos projectam imagens desfocadas ou ampliadas das suas vidas, não mudam de sexo, nem de idade segundo as suas conveniências. A minha experiência da net é longa pois penso ter explorado a maioria das suas vertentes, contudo, apesar de todas as protecções, filtros, peneiras, detectores de metais e mentiras ainda continuo a não estar totalmente imune a algumas das suas armadilhas.
Através da net tive a oportunidade de conhecer quer virtual quer pessoalmente alguns perfeitos especímenes da raça humana, e por isso, os comecei a catalogar, o que têm sido uma fascinante experiência. Hoje em dia e depois da longa overdose que tive da net, todo o meu e-mail diário recebido passa por um crivo de malha muito apertada e rapidamente me apercebo do calibre das pessoas que me escrevem, bem como qual a intenção com que o fazem, o que como é obvio me deixa sem motivação para lhes responder. A Internet usada com algum senso comum, também tem os seus aspectos positivos no âmbito de poder proporcionar ás pessoas formas alternativo de comunicação. E para terminar, posso testemunhar que entre os meus relacionamentos de amizade e sociais conheço dois casais que vieram a contrair matrimónio há já alguns anos, por conhecimento feito através da net e que são extremamente felizes. Numa percentagem ínfima a Internet é um meio tão valido como outro qualquer, desde que as pessoas estejam preparadas para a usar com as precauções adequadas, pois de outro modo podem tornar-se em alvos fáceis. Quem se atrever a usar a net para procurar relacionamentos, encontros amorosos terá que admitir que se prepara para jogar na roleta russa ou ter sexo com um desconhecido sem usar o preservativo, assumindo desse facto as suas nefastas consequências.”


“Oscar Wild uma vez disse: " Escolho os meus amigos pela sua beleza, os meus conhecidos pelo seu bom carácter e os meus inimigos pelo seu intelecto”. Numa noite cálida de verão há cerca de 8 anos atrás
estava eu muito tranquilo em minha casa, onde sempre me senti confortavelmente instalado, convenientemente protegido, tranquilo e sossegado reflectindo como poderia alterar de quando em vez, as minhas rotinas nocturnas  sem ter que sair de casa para o fazer.
 No aconchego desta inexpugnável fortaleza, eu estava de acordo comigo mesmo, ao abrigo das intempéries, vento, chuva, lama, inveja, difamações, confrontos, sarcasmos jocosos, ciúme tresloucado, livre de tentações ou solicitações carnais, e nesta pureza meditativa teria ficado na minha torre de menagem, intocável aos seres conspurcados que o mundo alberga debaixo do seu enorme chapéu de chuva. Nessa fatídica noite, quer movido pela curiosidade ou por outros desejos incontrolados, decidi, entrar pelo mundo fascinante da internet, numa experiência pioneira pelo menos para mim, tentando quebrar a monotonia da minha solidão, tendo nessa altura com o único objectivo o de recrear o espírito e estimular a mente. E foi aí, nesse mundo virtual onde milhares de pessoas á volta do mundo se cruzam diariamente na procura efémera de aventura, sedução ou de outros estímulos de carácter mais obscuro na ténue esperança de encontrarem aí, uma solução genuína para a sua solidão, ou, para outros problemas pessoais. A net, permite que possamos envergar peles diferentes, assumindo personalidades genéticas fictícias que se encarnam facilmente através do anonimato que a Internet lhes concede aos seus alter egos. Essas idiossincrasias que muito no íntimo do seu subconsciente gostariam de personalizar na vida real, só o conseguem fazer virtualmente, pois desta forma sentem-se protegidos e encorajados a explorar, essas áreas mais obscuras das suas mentes perversas ou psicopáticas. E depois deste preâmbulo, vamos ao facto relevante que foi o da consequência que este mundo virtual teve nesse período minha vida, quando deliberadamente permiti abrir uma nesga da minha janela para o mundo, curioso, cruel e enganador da Internet. Na minha inocência virginal baixei a minha guarda e tornei-me vulnerável ao mundo exterior que me rodeava ficando receptivo a contrair os germes e os vírus contaminados e malignos, para os quais as minhas defesas não estavam nessa altura preparadas para obstar a sua invasão indiscriminada da minha intimidade e privacidade. Nesse tempo, não estava mentalmente apetrechado para peneirar de uma forma eficiente todos os impactos que recebia diariamente pela net. O meu sistema de detecção de mentiras ainda não funcionava como hoje em dia, portanto toda a informação era absorvida de uma forma genuína mesmo a mais intelectualizada ou inteligentemente estruturada era aceite de boa fé. Até que um dia aconteceu que alguém aproveitando essa brecha no meu dispositivo de segurança, oportunistamente entrou sub-repticiamente pelas minhas defesas procurando um nicho para no momento certo se fazer notar. O abrir momentâneo dessa janela foi sentido como uma rajada de chuva fria e agreste que me fustigando o rosto me alertou e acordou desse entorpecimento temporário e me fez de imediato fecha-la, mas o mal estava feito e as consequências ainda não contabilizadas. Posteriormente quando me apercebi da enormidade do meu erro tentei remediar a situação instalando uma rede protectora milimétrica, afim de evitar ser assediado por germes indesejáveis descartando todas as candidata que me bombardeavam com e-mails ou procuravam dialogar nos mensageiros. Às que queriam fazer amizades aconselhei-as a compararem um cão, para as que procuravam sexo virtual, sugeri-lhes fazerem amor com a mão direita e a olharem-se num espelho. Nesta análise retrospectiva que hoje faço desapaixonadamente de uma situação ocorrida há 8 anos, muita agua passou por debaixo das pontes e com a experiência adquirida a minha lucidez e capacidade de facilmente identificar se é um homem a fazer-se passar por mulher, ou vice-versa, só com a tarimba se aprende. Hoje como é óbvio não sou mais a mesma pessoa, mas nessa altura acabei por ficar desagradavelmente contaminado tendo o meu sistema imunitário sido infectado. Devido a essa minha exposição ás radiações do mundo, alguém extraordinariamente sedutor, e com uma capacidade de insinuação invulgar despontou no horizonte da minha vida chamando a minha atenção. As vibrações imanadas da sua mente, abriram-me o apetite, despertaram sentimentos e sacudiram fortemente a estrutura sólida do meu EU. Isso deixou-me inquieto e preocupado na altura, pois quase parecia uma barata tonta, aprisionada na teia mortal de uma aranha Viúva. Muito embora, me debatesse com vigor e energia, todos os meus esforços foram infrutíferos, até que meio hipnotizado lhe concedi a possibilidade de me encontrar com ela pessoalmente. Essa minha imprudência acabou por me custar caro em termos de desgaste e prejuízo emocional, o qual depois de controlado e estabilizado me fez sair desse estado de catalepsia letárgico e terminar o que nunca deveria ter começado. A partir dessa altura aferrolhei a porta do meu coração afim de o mesmo não voltar a ser contaminado, prevenindo-me de imediato com todos o antídotos conhecidos e com todas as poções que a maior das bruxas do mundo para mim confeccionavam em exclusivo. Nessa altura sentia que o meu sangue borbulhava de forma incandescente como a lava de um vulcão a descer pela montanha, pois há já algum tempo que não deixava que ninguém se aproximasse tanto de mim e sobretudo com a perigosidade que esta demonstrava possuir. Hoje em dia tornei-me num especialista a navegar nas águas turvas e lodosas da net e nestas auto estradas da cibernética aprendi a trocar as voltas e a embrenhar-me em atalhos que só eu conheço, procuro não deixar rasto e semeio armadilhas nos trilhos que percorro, tenho toda uma panfernália espalhada de "gadjets" que denunciarão logo que alguma atrevida tente entrar em locais que lhe estão vedados. Com o meu binóculo infravermelho estou do alto do meu posto de observação devidamente camuflado a controlar qualquer movimentação nocturna. O meu aparelho de raio X que instalei no meu PC desnuda tudo e todos sexualmente de modo que quem tentar passar pelo que não é, será irremediavelmente desmascarado”

Muitas das definições têm sido escritas sobre o amor tanto em prosa como em verso e também verbalizados por amantes ou namorados em momentos íntimos de êxtase, quando as emoções extravasam os sentimentos que nos percorrem a alma. Para mim, tudo se resume numa amizade que arde em fogo escaldante nos primórdios da fase inicial do enamoramento, mas que com o decorrer dos anos, esse arrebatamento tende a abrandar e arrefecer. Depois dos sentimentos iniciais de atracção recíproca se terem esfumado fica apenas uma grande cumplicidade entre o casal, o qual será transformado em ternura, carinho, amizade, suporte, compreensão amparando-se mutua a reciprocamente em todas as situações. Durante estes últimos quatro anos da minha solitária vida e fazendo recurso da Internet profissionalizei-me na actividade de mercador de sonhos, os quais tenho vindo a vender com algum sucesso através da net, sem contudo nunca ter garantido que os mesmos se pudessem vir a converter em realidade. Como resultado dessa actividade tive a oportunidade de conhecer pessoalmente algumas das pessoas com quem mantive uma interactividade mais intimista. Para que esses encontros se convertessem em realidade tive que utilizar todo o meu carisma, charme, sedução, manipulação e magnetismo o que é extremamente difícil de fazer  utilizando apenas o recurso  à escrita, ou ao da voz através do telefone. Procurei tal como um mágico, criar ilusões de deslumbramento que aliada a outra poderosa arma da Alquimia me permitiu  vender poções alucinogénicas, que estimulavam o desejo, abrindo portas para novos mundos de fantasia e prazer que tinham como corolário final um efeito poderoso e afrodisíaco sobre a libido. Todas essas pessoas que me visitaram vindas  tanto do Oriente como do Ocidente, com culturas sociológicas diferentes vieram ao Algarve na persecução de um sonho que por mim lhes foi instilado na mente com a finalidade de avaliarem da possibilidade de comigo poderem compartilhar um projecto de vida. Na minha perspectiva de cientista e investigador da mente humana, essas pessoas foram por mim dissecadas e estudadas como ratos de laboratório, sujeitas a testes de vária ordem com a finalidade de descobrir quais as motivações que as levaram a fazer viagens longas e dispendiosas ao nosso pequeno Portugal, que nos primórdios da nossa correspondência talvez nem soubessem onde geograficamente estava o nosso país situado. Devo contudo afirmar com toda a honestidade e sem rebuço, de que nunca fiz promessas, dei garantias, ou criei expectativas de qualquer ordem nos contactos através da net.  Por outro lado, também nunca enjeitei a possibilidade de me vir a envolver sentimentalmente com alguém, uma vez que sou um homem livre e consequentemente receptivo a poder encetar uma relação amoroso em qualquer altura, na eventualidade de vir a encontrar alguém que reúna os requisitos essenciais ao meu critério altamente selectivo. Nos contactos preliminares com as minhas correspondentes vários temas de ordem generalista eram abordados o que me permitia construir um retrato robot da sua personalidade e ir ajustando as peças do puzzle até ter uma visão mais aprofundada do calibre de pessoa com quem lidava. Numa fase posterior, tentava avaliar sobre o seu conservadorismo ou liberalismo sexual, taras ou fantasias, tanto em mensagens subliminares com inuendos discretos ou com perguntas directas e incisivas de molde a descobrir quais as suas tendências ou limitações. Nessas fases de aprofundamento e descoberta dos seus perfis psicológicos, carências e objectivos, o tema do amor raramente era abordado ou discutido, se bem que não fosse por mim considerado tabu, mas era evitado, pois não considerava ser uma das disciplinas fundamentais a explorar ou debater nesse estágio inicial do relacionamento. Procurei  na medida do possível ser eu a liderar os temas para discussão conduzindo as “entrevistas” uma perspectiva de professor aluna, sem contudo tornar esses aspecto demasiado óbvio, para evitar ferir susceptibilidades. Penso ter adquirido através do comando da escrita e da forma muito peculiar de como fazia as minhas abordagens e pesquisas um colaboracionismo equivalente à administração do soro da verdade, pois todas as candidatas salvo raras excepções facultavam-me sem restrições todas as informações por mim pretendidas, sendo algumas do foro intimo e pessoal que por vezes me surpreendiam devido a candura das sua suas respostas. A experiência aconselhou-me sempre a que o meu envolvimento através da escrita apenas ficasse centrado no aspecto intelectual, físico-imagem e sexual, tentado manter uma equidistância segura quanto aos problemas do coração, pois esse distanciamento aconselhável permitia que a minha lógica e capacidade analítica não fossem contaminadas, o meu sentido de julgamento subvertido, o “timing” de reacção afectado e finalmente o meu poder de decisão influenciado. Muito embora pense que cabe ao homem o desempenho de conquistar o sexo oposto, eu pessoalmente algumas vezes abri excepções deixando-me conscientemente seduzir, por algumas mulheres que sublimaram essa arte de estimular a testosterona masculina. Esses poucos espécimes do sexo feminino a quem concedi esse privilégio já tinham ultrapassado o estatuto de mulheres, pois na fase em que cruzaram a minha vida já eram Afrodites (Deusas do Amor), e, quando a grande maioria dos homens pouco experientes encontra uma mulher nesse estagio e apetrechada com todas essas armas mortíferas, é como se um terramoto lhe desabasse sobre o corpo, ficam escravizados, deslumbrados, e hipnotizados, até que essa mulher decida quebrar o encantamento.
Tive ao longo da vida a oportunidade de esgrimir em duelos longos de prazer, volúpia e êxtase, técnicas de sedução em jogos de amor perigosos com algumas dessas Deusas, sem contudo permitir que a minha estrutura física ou mental sofresse qualquer desvio ou os meus valores desvirtuados. Há longo tempo que concluí de que as pessoas não mudam quanto ao ser carácter, contudo podem ser polidas, espelhadas, aperfeiçoadas, treinadas e ensinadas afim de melhorarem quer a sua imagem ou performance em aspectos e para fins que não sejam exclusivamente de cariz profissional. Quer a roupa que vestimos o visual que escolhemos ou a linguagem mais rebuscada que usamos podem ter importância determinante nos círculos onde nos pretendemos impor e movimentar, ou da imagem que decidimos projectar. Felizmente e salvo raras excepções o dinheiro ainda não compra educação, instrução, estilo, classe, charme, fascínio e boas maneiras, muito embora quem não possua estes requisitos básicos de berço, possa adquirir algumas noções dos mesmos desde que se proponha a aprende-los e a pagar para isso.
Algumas pessoas não tendo medo de morrer tem uma cobardia enorme em viver a vida, esses mortos-vivos aos quais eu chamo almas penadas, apenas ocupam espaço na sociedade não passando de trambolhos que respiram o oxigénio do ar que os criativos e empreendedores tanto precisam O oxigénio do ar poluído e escasso deveria ser racionado para os parasitas, os derrotados e vencidos pela vida fornecendo-lhes apenas o essencial para vegetarem. Um dos grandes segredos da vida é sabê-la viver com dignidade, alegria, prazer, mas sobretudo com toda a intensidade possível, sem termos que abandonar a nossa zona de conforto afim se nos sentirmos seguros de nós próprios e em controlo de todas as situações. Um outro segredo é nunca perder a capacidade de sonhar e ter a determinação de perseguir sem vacilar esses sonhos afim de os converter em realidades palpáveis, pois uma mente sem sonhos é como um céu sem estrelas, ou um jardim sem flores. Muitas pessoas como não têm a capacidade de viver e realizar os seus sonhos apenas se limitam como sanguessugas, a partilhar ou viver os sonhos dos outros Todos os pruridos sociais decadentes e bafientos devem ser ostracizados pois funcionam como espartilhos e algemas que nos condicionam e oprimem, fazendo com que percamos por vezes oportunidades na vida que jamais se repetirão. Saber viver a vida em equilíbrio de forma harmónica e consistente requer disciplina, timing, senso comum, alguma diplomacia, mas sobretudo a grande capacidade de estarmos sempre posicionados para antecipar oportunidades ou problemas e dos mesmos podermos sair como vencedores. Por vezes as pessoas têm a oportunidade de poder viver uma vida inteira em apenas algumas horas dias ou semanas, mas recusam-se a faze-lo porque não tem a garantia da continuidade desse sonho ou da felicidade eterna. Eu contrariamente penso que sendo a vida uma incógnita quanto à nossa continuidade nela, devemos vivê-la como se a morte nos tivesse dado um pré-aviso nunca superior a 3 meses, portanto o segredo é educar a mente da nossa não perenidade existencial e de que a vida é apenas um percurso em direcção à morte, podendo vir a ser eventualmente abortada em qualquer momento sem que para isso o nosso consentimento seja pedido. Durante a nossa vida amorosa, existem pessoas que chegam e outras que partem de dentro dos nossos corações, temos contudo de nunca fechar a porta quando elas chegam, para que possam sair livremente quando o desejarem fazer, sem dramas, convulsões, histerismos, ameaças, represálias, vinganças ou chantagens. È preciso deixar entrar as pessoas pela porta principal, e também conceder-lhes o espaço de manobra para que a sua dignidade não seja afectada ao ponto de terem que utilizar a porta das traseiras ou sair durante a noite furtivamente como ladrões. As pessoas não devem viver algemadas mesmo que as mesmas sejam cravejadas de ouro e pedras preciosas, de se submeter, vender ou alugar por razões que não sejam exclusivamente de amor ou paixão e onde a reciprocidade dos sentimentos, das manifestações de amor, carinho ou ternura sejam equivalentes. Eu prefiro que as entradas ou saídas do meu coração se processem de uma forma sóbria e sem grandes alaridos, contudo dentro dele grandes batalhas ocorreram. Foram conflitos que nem sempre terminaram com tratados de paz, de tréguas, derrota ou vitória. Por vezes temos que utilizar o recurso das retiradas estratégicas afim de que nenhum dos contendores perca a face, ou os obrigue a abdicar, claudicar sobre as razões iniciais que os levaram ás hostilidades, acabando o incidente por ser esquecido passado algum tempo. Agora, estou de novo preparado para enfrentar novos desafios, e um deles, já distintamente se perfila nos portões que dão acesso ao meu coração

Vilamoura 11-12-2004

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