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terça-feira, 30 de setembro de 2014
A CAÇADA
De quando em vez recebo petições dos meus súbditos as quais invariavelmente atendo dependendo da minha disponibilidade da altura. Estou usualmente imbuído de um sentimento de magnanimidade, condescendência e algum filantropismo altruístico, por isso tenho por hábito conceder algumas benesses caritativas aos mais carenciados e desprotegidos da vida sem lhes exigir contrapartidas. Neste enquadramento de bodo aos pobres, costumo conceder audiências privadas, afim de que os meus vassalos, particularmente as mulheres me possam manifestar o seu contentamento, prazer e alegria de me terem como sua entidade protectora, a quem possam confessar os seus problemas íntimos. Apesar do meu liberalismo social, religioso ou étnico, nunca me atrevi a pactuar com a mistura de classes, raças ou credos. Consequentemente para ser consistente é obvio que não posso advogar a misceginação entre a plebe e a aristocracia, pois são elementos que não se absorvem por osmose, e tal como o azeite não se mistura com o vinagre. Os aristocratas devido á sua linhagem não podem nem devem poluir ou conspurcar a sua herança genética traduzida em copulas ou afectos intimistas com outros seres de estatuto social inferir. Como Senhor feudal que sou, penso ser mais fraterno, mais solidário e igualitário, em relação aos meus súbditos do que outros que conheço, uma vez que consegui ganhar-lhes merecidamente o seu respeito e admiração, sem ter que lhes exigir coercivamente esse reconhecimento tácito. Este intróito metafórico transposto da idade media para os dias de hoje, apenas foi usado para ilustrar que advogo a existência de classes, pois a sua coexistência torna-se complicada, acabando por exponenciar as diferenças quando pessoas de sexos diferentes se unem em relacionamentos que eventualmente possam terminar em casamento. O viver a vida permite-nos uma aprendizagem constante, que é reflectida na maturidade e sapiência com que tomamos as nossas decisões, damos pareceres ou julgamos acontecimentos. Nesta fase da minha vida e com o conhecimento já adquirido penso estar muito mais perto da verdade e do equilíbrio do que alguma vez me senti estar no passado. Em face disso a tendência natural será para minimizar o coeficiente de erro e a maximizar as decisões acertadas. A minha massa cinzenta está permanentemente pronta para absorver, digerir e arrumar a informação que recebo do mundo que me rodeia através das várias fontes ao meu dispor. Infelizmente 90% desses impactos são lixo que reciclo de imediato uma vez que não me trazem nenhum valor acrescentado. Não estou nesta vida á procura de louros, reconhecimentos, medalhas ou títulos honoríficos. Não quero igualmente transformar-me num ícone, mártir ou candidato a ser canonizado. Também não tenho pretensões a ser relembrado como benfeitor, ditador ou mecenas. No entanto, sei que possuo técnicas e qualificações que me permitem relação á concorrência estar tanto á partida como á chegada sempre a disputar os primeiros lugares, no pelotão da frente.
Há longos anos que deixei de fazer “consultas ao domicílio”, hoje em dia quem quiser consultar o melhor especialista sobre determinadas patologias tais como: sexualidade, fantasias eróticas, amor, paixão, divórcio, ruptura sentimental ou obsessão, que são sintomatologias que requerem tratamento profissional, terá que se deslocar ao meu apartamento para um diagnóstico clínico personalizado. Esses exames necessitam de ser feitos com privacidade, música de fundo a condizer e uns drinks para relaxar, até que o ambiente necessário esteja criado para que a paciente se entregue de corpo e alma sem restrições. Hoje em dia as pessoas parecem viver desencontradas num egoísmo solitário olhando apenas para e seu próprio umbigo. Poucas e raras são aquelas que deixam alguma fluorescência como rasto nas suas passagens anónimas pela vida. Por vezes, somente são reconhecidos pelo odor execrável do perfume ou colónia barata na qual parecem tomar banho, pelo mau hálito que exalam quando abrem a boca ou pelo chorrilho de asneiras que vomitam quando tentam exprimir-se na sua língua de Camões. O meu carisma, Karma ou Halo sempre atraíram como força centrípeta e magnética as pessoas para o meu hemisfério. Sempre tive a particularidade de ser procurado em vez de procurar de escolher em vez de escolhido, desejado em vez de desejar. Também fui um privilegiado, porque recebi mais do que dei, e, esses desequilíbrios foram determinantes para a mudança e reestruturação que decidi fazer na minha postura perante a vida. Cheguei tristemente á conclusão de que se mantivesse esse tipo de atitude jamais conseguiria manter um relacionamento duradoiro. A imagem vende, e mais vale uma foto bonita do que mil ensaios literários ortograficamente bem escritos e estruturados, usando para esse efeito um léxico rebuscado, com uma mensagem apelativa. Tanto homens como mulheres coexistem neste mercado mundial da carne (não para canhão, mas para satisfazer a tesão), e, eu, há já muito tempo que deixei de nele investir, ou ter que sair de casa para caçar. Deixei de frequentar os bebedouros nocturnos habituais da caça, (discotecas e pubs), pois este sistema apenas serve para gastar dinheiro, tempo e energia. Como alternativa decidi caçar em casa sentado confortavelmente numa cadeira ergonómica usando o computador como arma e as auto-estradas da Internet para visitar outras reservas de caça espalhadas pelo mundo. Deixei de fazer longas e extenuantes jornadas nocturnas passando também a caçar durante o dia escolhendo criteriosamente os animais de porte imponente que me garantissem a possibilidade de um trofeu candidato a recorde, dando ao mesmo tempo hipótese ao animal visado que fuja ou invista consoante o seu temperamento. Sempre fui um caçador solitário, e, nesta selva mundial onde a caça abunda é bom que se saiba que existe um predador á solta bem armado e municiado. Portanto, vocês mulheres, como animais qualificados que se enquadram nos meus critérios, acautelem-se, a fim de não virem a ficar debaixo da mira da minha carabina e posteriormente empalhadas na parede da minha sala como troféu, onde inevitavelmente se transformarão numa possível história para contar a amigos à roda da lareira numa noite de Inverno qualquer, saboreando um belo armangnac ou whisky velho.
27-8-1999
Vilamoura
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