terça-feira, 30 de setembro de 2014

a internet

Há já uns longos anos que viajo na Internet, e nela tenho encontrado de tudo, desde o fabrico caseiro de bombas até ao “Cyber Sex.”. Decidi contudo concentrar apenas a minha atenção nos sites que proporcionam encontros entre pessoas, sejam elas na procura de amizade ou de relacionamentos românticos. O funcionamento desses sites usualmente pagos têm um formato bastante simples quanto á forma de neles publicitar o que estamos dispostos a dar e o que queremos em troca. Homens e mulheres inserem os seus perfis alguns com ou sem foto. Os vários questionários abrangem várias áreas, tais como: escolaridade, raça, idade, gostos musicais, opções sexuais, área de residência, cores do cabelo, olhos, altura etc. Uma das secções é dedicada a podermos explicitar concretamente o que procuramos, ou seja qual o perfil do candidato (a) ideal segundo a nossa óptica pessoal. Como todos devem saber existem profissionais na net que de formas dissimuladas a aparentemente inofensivas procuram armadilhar os incautos e inexperientes. É sobre este tipo de pessoas que me proponho dissecar o seu “modus operandi.” Inicialmente e até que dêem provas em contrário são para mim apenas pessoas assexuadas, pois tanto podem ser homens a tentar passar por mulheres ou vice-versa. Inicialmente são para mim interlocutores sem idade ou feições, pois mesmo que as mostrem através de fotos poderão não ser genuínas. Têm estas pessoas a possibilidade de projectam as imagens que lhes convém mas que se ficar restrita ao virtual pouco ou nada nos poderá afectar. No entanto o perigo espreita quando passamos do virtual para o real e contemplamos a possibilidade de um encontro físico de olhos nos olhos, que se tiver que acontecer que seja num local público. Podem estas pessoas ser genuínas, inofensivas e estarem de boa fé, assim como pode acontecer precisamente o contrário. Quem nos garantes que não sejam mentes doentias, pervertidas, psicóticas e perigosas a necessitar urgentemente de ajuda profissional. Existe contudo à partida ainda na fase virtual algumas formas de avaliação que pudemos usar para eliminar algumas dúvidas, sendo uma delas a identidade, e isso pode ser feito através da “webcam” ou de um telefonema. A parte académica também pode ser medida pela forma de escrever e pelos erros de sintaxe que de imediato deixam transparecer o seu calibre no que respeita ao domínio da língua. A avaliação mental da pessoa é que muito dificilmente se poderá fazer pela Internet. A net é de facto uma caixa de Pandora ou uma lata que depois de aberta constatamos estar cheia de vermes. Pela net viajam vários estereótipos que a usam para satisfazem vários objectivos, necessidades ou taras. Esta análise que me dei ao trabalho de fazer é meramente um exercício para tentar caracterizar esse tipo de pessoas nesta estrutura monolítica em que pessoas e sites se interligam para dela retirarem a adrenalina, o sonho, fantasia, erotismo ou a ilusão de que precisam para alimentar o ego ou aplacar as frustrações em que vivem. De acordo com a minha experiência existem 4 tipos básicos de pessoas que usam a net para os fins em epígrafe. Analisemos em detalhe aqueles que a utilizam para o sexo cibernético. Este grupo é geralmente constituído por homens casados ou exibicionistas que procuram pelo uso da webcam, masturbarem-se ou desenvolver diálogos eróticos com a finalidade de obterem orgasmos. Na minha óptica são pessoas intelectualmente pouco sofisticadas, coriáceas de espírito embaciado e inteligência embotada, são chatos, persistentes nos seus desígnios o que os torna tremendamente irritantes. O segundo tipo de utilizadores são os ingénuos, inexperientes, pessoas pouco cultas e instruídas que pensam encontrar na net o seu companheiro(a) para o resto das suas vidas. Este tipo de abordagem resulta normalmente em fiascos, desapontamento, frustração e depressões. Este grupo de pessoas não são geralmente pessoas atraentes quer física quer mentalmente, são mentes amorfas nada estimulantes que têm uma extrema dificuldade em se relacionar com o sexo oposto na vida real, pois têm um carácter introvertido. Por vezes também podem viver em locais remotos onde não existem pessoas disponíveis para o tipo de relacionamento que procuram ou socialmente são ineptos, inadaptados e solitários. Entre os seres educados e civilizados, atraentes e interessantes, com carreiras profissionais excitantes e que não sejam destituídos de beleza, estúpidos, imbecis, ou fisicamente diminuídos podemos ainda dividi-los em mais duas subcategorias. Aqueles que têm uma vida preenchida e excitante, mas que por uma razão ou outra procuram esporadicamente estímulos que satisfaçam as suas fantasias sexuais, eróticas, fetiches ou caprichos. No íntimo são pessoas que se caracterizam como de trato fácil, que procuram um pouco de aventura para apimentar as suas vidas pessoais monótonas e chatas, mas nunca levam esses devaneios demasiado a sério, nem consideram a possibilidade de que os mesmos os conduzam a um compromisso. Uma vez que as suas profissões implicam que viagem quer territorialmente quer internacionalmente eles (elas) procuram pessoas interessantes, atraentes, charmosos, sofisticadas e cultas, financeiramente estáveis do sexo oposto na expectativa de poderem conjugar a parte profissional com alguma aventura fora das horas de serviço. Depois temos os solteiros (as) que planeiam as suas viagens de férias para países que pretendem visitar utilizando a net para ai arranjarem contactos sob falsas pretensões, que os possibilitem ter acomodação gratuita e tratamento VIP e sexo durante o período da sua visita. No caso dos casados que profissionalmente têm que viajar com certa frequência para os mesmos locais, procuram estes construir e manter um harém que lhes proporcione o divertimento que pretendem consoante o local para onde viajam. E para finalizar esta segunda subcategoria, ainda temos os lunáticos, aqueles que piamente acreditam que a inteligência, a atracão espiritual e outras intangíveis características e predicados são a verdadeira essência da vida. Acreditam piamente que as pessoas podem ser descobertas através da net de uma maneira profunda e nela encontrarem a pessoa perfeita que complete o seu puzzle, negligenciando outras formas de contacto pessoal como bares, discos, clubes de férias, ginásios e até supermercados. Temos ainda na terceira categoria os (as) comodistas, pessoas absolutamente normais mas que em vez de saírem de casa para procurar o que desejam, preferem ficar sentados em frente a um PC e a partir daí, exporem-se e exportarem-se para o mundo através de um monitor, de uma forma mais recatada e distanciada, e que só depois de analises metódicas e selectivas elegem os targets com quem querem aprofundar os seus relacionamentos. Estas pessoas apenas correm o risco de dar a cara quando pensam que já minimizaram a possibilidade de erro a um coeficiente reduzido. Na quarta e última categoria temos as pessoas a que eu chamo “Reais”, que são aquelas que andam na net e que mostram inequivocamente aquilo que são, que não nos projectam imagens desfocadas ou ampliadas das suas vidas, não mudam de sexo, nem de idade segundo as suas conveniências. A minha experiência da net é longa pois penso ter explorado a maioria das suas vertentes, contudo, apesar de todas as protecções, filtros, peneiras, detectores de metais e mentiras ainda continuo a não estar totalmente imune a algumas das suas armadilhas. Através da net tive a oportunidade de conhecer quer virtual quer pessoalmente alguns perfeitos especímenes da raça humana, e por isso, os comecei a catalogar, o que têm sido uma fascinante experiência. Hoje em dia e depois da longa overdose que tive da net, todo o meu e-mail diário recebido passa por um crivo de malha muito apertada e rapidamente me apercebo do calibre das pessoas que me escrevem, bem como qual a intenção com que o fazem, o que como é obvio me deixa sem motivação para lhes responder. A Internet usada com algum senso comum, também tem os seus aspectos positivos no âmbito de poder proporcionar ás pessoas formas alternativo de comunicação. E para terminar, posso testemunhar que entre os meus relacionamentos de amizade e sociais conheço dois casais que vieram a contrair matrimónio há já alguns anos, por conhecimento feito através da net e que são extremamente felizes. Numa percentagem ínfima a Internet é um meio tão valido como outro qualquer, desde que as pessoas estejam preparadas para a usar com as precauções adequadas, pois de outro modo podem tornar-se em alvos fáceis. Quem se atrever a usar a net para procurar relacionamentos, encontros amorosos terá que admitir que se prepara para jogar na roleta russa ou ter sexo com um desconhecido sem usar o preservativo, assumindo desse facto as suas nefastas consequências. Vilamoura Ano 2000

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