segunda-feira, 29 de setembro de 2014

INICIAÇÃO (Conto Lésbico)

Pasado algum tempo depois do meu primeiro divórcio, uma amiga minha dos tempos de Universidade nos Estados Unidos contactou-me afim de saber a possibilidade de ficar comigo durante 2 semanas numa visita de férias que pretendia fazer a Portugal. Como eu vivia numa óptima vivenda em Cascais na Quinta da Marinha e sozinha, de imediato acedi ao seu pedido comunicando-lhe que estaria disposta a recebe-la por esse período de tempo. Maureen era uma linda, sensual e sofisticada mulher, de gostos refinados e dispendiosos e com uma cultura invulgar, pois academicamente tinha também um doutoramento em Literatura Inglesa Dois dias antes da sua partida para Nova York estava um frio de rachar pois estávamos em pleno mês de Janeiro. Ao final da tarde, decidimos ir para o meu jacuzi juntas, abrimos uma garrafa de champanhe e nuas mergulhamos na agua quente e cheirosa dos sais que nela tínhamos diluído, tendo a nossa conversa versado sobre uma diversidade de temas uns actuais outros recordando os nosso tempos de universidade e os nossos namorados da altura de tudo aquilo que se fala normalmente entre amigas. Em um dado momento, eu mencionei o facto de que estava com uma dor no ombro, acho que tinha sido o resultado de dias antes ter torcido o braço num movimento brusco ao que ela me propôs uma massagem pois esta iria bem após a sauna e o champanhe. Eu aceitei de bom grado a sua sugestão e poucos minutos depois saímos da sauna enrolamos as toalhas á volta do corpo e fomos para a sala onde a lareira crepitava queimando os toros de azinho e proporcionando ao ambiente o calor e aconchego necessários para que pudéssemos estar praticamente seminuas sem qualquer problema. Deitei-me de bruços no longo da carpete felpuda, a Maureen para minha surpresa diminuiu a luz da sala e tirou da bolsa dela um frasquinho de óleo de amêndoas e disse-me para relaxar o corpo. Passados uns segundos senti as suas mãos hábeis e oleosas a massajar-me as costas com uma habilidade invulgar até parecendo que fazia disso a sua profissão. Maureen parecia sabia exactamente onde exercer a pressão em movimentos circulares e até usou mesmo o cotovelo em certos ponto, os mais dolorosos, que me fizeram dar um gritinho gemendo de dor. Ela estava acocorada em cima de mim sentada no meu traseiro e inclinada para a frente sobre os meus ombros massajando-me vigorosamente os mesmos ao mesmo tempo que na sua voz quente e aveludada me acalmava dizendo que era normal eu sentir alguma dor pois tinha os tendões e músculos tensos e congestionados. Aos poucos, fui me sentindo mais relaxada e ajudada pelo óptimo champanhe que estamos ingerindo em doses industriais tudo contribuía para me deixar ainda mais à vontade. Maureen falava menos, concentrada que estava na massagem e praticamente sussurrou quando me pediu para me virar de barriga para cima. Voltei-me conforme o seu pedido enquanto ela passava mais algum óleo nas suas mãos e para meu espanto ela comentou que eu tinha belos seios e eu, coisa rara, fiquei meio corada com o inesperado elogio. Não que os elogios me deixassem corada pois tenho consciência de que é um dos meus melhores atributos, mas só, que foi a primeira vez que ouvi um vindo da boca de uma mulher. Agradeci á Maureen o piropo contrapondo que ia ao ginásio semanalmente onde fazia exercícios específicos para tentar diminuir os efeitos da maternidade neles mas que no fundo foi apenas uma maneira de aliviar o constrangimento em que ela me deixara. Foi um embaraço estimulante pois ao mesmo tempo que me fizera corar, também teve o condão de criar um clima intimo e desconhecido como jamais sentira antes. Apesar da novidade e de um certo embaraço da situação, devo confessar que eu me sentia bem em estar ali com ela soerguida sobre mim pressionando o meu ombro dorido naquela tarde de Inverno, cuja penumbra contribuía ainda mais para criar um clima de doce intimidade jamais experimentado por mim. As mãos e os dedos de Maureen começaram a escorregar rápido dos meus ombros para o meu ventre continuando aí a massagem, evitando os meus seios. De novo ela me besuntou com o óleo de amêndoas, cujo odor me penetrava fortemente as narinas e com mestria de movimentos lentos e ritmados ali continuou a massagem. Maureen tinha igualmente uns belos seios, mais volumosos que os meus, porém ainda bastante rígidos com enormes mamilos e largas rosáceas a volta dos mesmos. “Tu também tens belos seios murmurei eu quase que num sussurro. " Achas replicou ela com voz melosa e doce? Contudo nada faço para os manter como vês quer acredites ou não. “Mas certamente tenho que começar a pensar nisso pois a idade não perdoa e a força da gravidade também não..." respondeu-me ela com um sorriso nos lábios carnudos e sensuais. Distraidamente como que impelida por uma força que não consegui controlar a minha atenção concentrou-se nos seios dela as auréolas imensas tinham um tom de rosa quase marrom que mais com dois mamilos salientes e grandes que rapidamente endureciam mais parecendo duas enormes e apetitosas cerejas, á espera de serem mordiscadas, lambidas ou sugadas. As mãos dela recomeçaram a massajar-me, desta feita porém, o seu olhar cruzou com o meu e ficou, como que magnetizado. Havia uma energia que começara a fluir entre nós, uma cumplicidade silenciosa mas que era mais eloquente que todas as palavras. Assim que Maureen começou a massajar-me os seios senti de imediato um arrepio que me percorreu todo o corpo como se tivesse sido atingida por um raio. Depois naquela voz dolente e quente perguntou-me num murmúrio que tal me sentia. Fechei os olhos por um instante e respondi: “muito bem….podes continuar...." Nesse momento ela curvou um pouco mais o seu corpo e eu senti os seus mamilos roçarem o meu rosto, os meus lábios e depois os meus mamilos que nessa altura já estavam igualmente erectos e desejosos de serem tocados. Nossos olhares se cruzaram outra vez como que selando um acordo secreto e tácito de cooperação para levar a efeito uma tarefa que apenas duas mulheres tem essa capacidade e conhecimento de levar a bom termo. Como que respondendo a uma pergunta muda ou telepática Maureen pôs um mamilo junto aos meus lábios e quando dei por mim a lambê-lo, depois a mordiscá-lo para, em seguida, pô-lo por inteiro na boca e sugá-lo com uma sofreguidão e prazer que me desconcertou totalmente. Com o passar dos minutos o meu sangue começou a ferver nas minhas veias deixando-me excitadíssima. Os dedos untados dela, apertaram os meus mamilos e esfregaram os meus seios com uma tal habilidade que eu já sentia meu sexo totalmente húmido ao ponto de o meus sumos começarem a escorrer pelos lábios dele, como um orvalho aromático que, certamente somado aos da minha amiga, gerava fragrâncias exóticas naquela atmosfera fortemente erótica entre os dois corpos quase que grudados tal era o desejo que os consumia. Ela apercebendo-se da minha excitação agarrou em ambas as tolhas e de um só movimento, arrancou-as, deixando os nossos corpos totalmente desnudados. Então lenta e demoradamente começou beijando e lambendo o meu corpo em direcção á zona púbica o que contribuiu para me deixar totalmente louca e ainda mais excitada ao vê-la fazer isso. De novo ouvi a sua voz que mais me parecia uma melodia celestial dizendo que o meu cheiro de fêmea com cio a estava a deixar cheia de tesão. Em seguida deslizando o deu corpo no tapete. Penetrou por entre as minhas pernas e, como Afrodite a Deusa do amor tocou o meu sexo que já estava comprimindo-se em convulsões orgásmicas depois de tantas emoções Na época eu depilara apenas a virilha, guardando o triângulo mais ou menos peludo, levemente aparado. Ela me fez um elogio com uma expressão que, em outra ocasião eu julgaria de muito mau gosto, mas que naquele momento contribuiu para me deixar ainda mais excitada. Senti os dedos dela afastarem os meus pequenos lábios, depois agarrarem os meus pêlos e os puxarem para o alto, na direcção do meu umbigo. Isso fez com que a minha vagina esticasse deixando o meu clítoris a descoberto, sem defesa. Para a investida que se aproximava. Maureen já com a voz ligeiramente entrecortada e num gemido langoroso disse-me que estava a ficar completamente desvairada pela oportunidade que estava a ter de viajar sem restrições pelo meu corpo. Foi o delírio da carne quando ela pousou os seus lábios em torno do meu botãozinho e começou a apertá-lo, alternando a ponta da língua e as pressões dos lábios. Passados uns segundos num murmúrio quase que inaudível disse: “Os teus pintelhos cheiram tão bem......e o teu clítoris rosado exerce um fascínio sobre mim, que poderia passar o resto da vida a chupa-lo e a lambe-lo”, dizia-me ela entre uma carícia e outra. Maureen tivera o condão e a magia de me transportar de um estado físico e terreno para um mundo paradisíaco de prazer e luxúria libidinosa. O tempo parara para mim, o mundo parecia ter deixado de girar e não existia mais nada a não ser aquela mulher que me fazia entrar em transe sexual, pois com a boca e seus dedos hábeis conseguiu criar um clima de tal forma erótico que eu senti um primeiro orgasmo a brotar de dentro das minhas entranhas sendo de tal forma poderoso que todo o meu corpo estremeceu ao ponto de parecer que estava com convulsões ou um ataque de epilepsia. Gozei intensamente com a boca e língua de Maureen dentro em mim, sugando-me os jorros quentes e viscosos dos meus sucos que eu expelia das profundezas das minhas entranhas num caudal incontrolado. Ela continuava furiosamente a lamber-me mesmo depois das minhas convulsões pélvicas se terem acalmado. Parecia uma pobre faminta que depois de uma longa travessia pelo deserto tinha visto um oásis onde pode saciar toda a sua sede. Ela era sem sombra de dúvida uma mulher muito sensual com um temperamento dominante e gostava de desempenhar um papel mais activo naquele perigoso, inesperado mas ao mesmo tempo delicioso jogo de erotismo. Eu não tive qualquer relutância em assumir uma atitude mais passiva deixando a Maureen as iniciativas, uma vez que tive a sensação nítida que neste campo ela era na altura bem mais experiente do que eu. Nessa altura o meu subconsciente estava tanto física como emocionalmente bastante perturbado e confuso com a insólita experiência pela qual estava a passar. Subitamente comecei a questionar a minha feminilidade, as minhas convicções bem como a minha sexualidade e tudo parecia agitar-se num turbilhão de interrogações dentro da minha cabeça para as quais não encontrava uma resposta satisfatória. Maureen parecia controlar o desenrolar dos acontecimentos de uma forma imperturbável sem que o seu rictus facial demonstrasse qualquer sinal de dúvida quanto ao próximo passo a dar. O seu poder de sedução mais parecia o de uma serpente que de uma forma coleante se preparava para desferir o bote mortal contra a sua vítima indefesa já praticamente imobilizada pelo seu olhar magnetizante o qual me deixou sem forças para lutar ou fugir. Instintivamente mais parecendo movida por controlo remoto eu puxei a sua cabeça docemente para mim, quis beijá-la, talvez como reconhecimento pelo prazer intenso que ela me proporcionara. Ela deitou-se sobre mim, seu corpo apertou-se contra o meu e os nossos seios tiveram a oportunidade pela primeira vez de se beijarem colados uns aos outros. A princípio eu o fiz com carinho, quase que com adoração, mas à medida que nossas línguas se embatiam, sedentas se sugavam mutuamente, essa sede foi tomando conta de nós Maureen pôs os seus lábios nos meus mamilos, já muito intumescidos de tanta tesão e mamou com volúpia, sabia fazer rolar a língua de forma circular, sugava-os, lambuzava-os de saliva, deixando-me de novo cada vez mais excitada. Depois ela soerguendo o seu corpo voltou a perguntar-me entrelaçando os seus dedos nos meus: “Estás a gozar meu amor?" “Sim Maureen estou chegando aos píncaros da lua de tanto gozo e tesão – sussurrei - mas tudo isto é algo muito novo para mim, estou meio perdida dentro de mim mesma." Ela sorriu e me disse que era natural mas que eu deveria encarar este facto sem preconceito algum, que se aquelas vontades surgiram fortes entre nós, é porque elas já existiam dentro de nós e, sendo assim, dar vazão a elas da maneira como estávamos fazendo era algo até mesmo sadio. Concordei sem relutância, contudo dentro da minha cabeça as coisas estavam ainda muito confusas e embaralhadas para que eu tivesse uma noção clara de tudo aquilo que estava a acontece. Durante esta sessão amorosa a nossa linguagem foi obviamente a inglesa, uma vez que Maureen não falava o Português. A certa altura ela decidiu fazer referência ao facto de estar a usar um palavreado muito cru e pousando a sua cabeça no meu peito e baixinho perguntou-me se eu estava ofendida com os seus palavrões. Eu demorei um pouco a responder pois em outras circunstâncias eu teria reagido de forma diferente ficando talvez chocada hábito mas curiosamente enquanto ela as proferia não tiveram esse impacto ordinário antes pelo contrário, paradoxalmente estimularam-me bastante ao ponto de eu também de uma forma compulsiva as começar a usar também. Então começamos a conversar um pouco e a falar das nossas idiossincrasias meio idiotas e conservadoras refreando os nossos instintos de se poderem manifestar livremente e , de entre as várias formas que temos de poder deixarmos os nossos corpos expressarem-se a linguagem é uma delas. Tenho absoluta consciência de que o uso de uma linguagem mais liberal pode chocar umas pessoas e não outras uma vez que tudo é muito relativo e subjectivo e somente deve ser avaliado dentro do seu contexto próprio. O clima de erotismo que se estava criando entre nós era de tal forma escaldante que os nossos poros exsudavam uma licenciosidade cujo seu odor acicatava sensorialmente aos nossos corpos ao ponto de sentirmos que os nossos sucos confluíam numa torrente incontrolável de tesão. Penso que as nossas mentes giravam a uma velocidade vertiginosa em torno da terra, do sol, das estrelas e por todo o espaço cósmico. Maureen começou a roçar o seu monte-de-vénus no meu, até eu começar a sentir o seu clítoris roçando nos lábios da minha vagina simulando os movimentos de um homem que me estivesse penetrando. Aquilo deu-me sensações indescritíveis, fazendo a minha libido gemer e suplicar para que ela jamais parasse. Suas mãos apertavam meus mamilos, seu corpo ganhava movimentos cada vez mais lascivos, mais indecentes, mais alucinantes. Tomou-me a cabeça em suas mãos e deu-me um longo beijo, sem parar de roçar-se em mim, e me sussurrou baixinho na orelha, hoje vou fazer de ti a minha putinha favorita ao que eu respondi sem hesitar que seria tudo aquilo que ela quisesse. Nessa altura já perdida e perto de explodir de novo de tesão agarrei na sua cabeça com as minhas empurrando-a de novo para baixo até sentir que os seus lábios estavam de novo junto aos da minha vulva que pulsava, agitava e rebolava de ardente desejo de ser de novo gozada e penetrada. Comecei de novo a sentir que os meus sumos deixavam a nascente e galgando as minhas entranhas e, em catadupas entravam directamente pela sua boca refrescando a sua garganta seca causada pela tesão. Igualmente sentia escorrerem pelas nas minhas coxas os seus que me queimavam a pele de tal maneira vinham fervendo. Depois num movimento rápido e brusco ela sentou-se em cima do meu rosto e afundou a sua “Flor de Lótus” dentro da minha boca, quase me sufocando. Eu então pela primeira vez na vida tive a oportunidade de ver essa cratera vulcânica e incandescente de lábios grossos totalmente raspada abrindo-se ali para mim, para a minha boca bem perto dos meus olhos. Nela introduzi a minha longa língua que em movimentos rápidos a faziam saltar em cima de mim como um égua que tomara freio nos dentes correndo á desfilada. Simultaneamente também lhe chupava e lambia o seu longo clítoris rosado que mais parecia um pequenino pénis de uma criança, mas que para mulher me pareceu demasiado longo, mas que por outro lado por lado por associação de ideias me dava a sensação de estar a fazer sexo oral a um homem. Foi com surpresa e perplexidade que me apercebi pela primeira na minha vida de que mesmo sendo mulher e até então tendo apenas sentido atracção por homens apenas, a visão daquele “Bivalve”” húmido e sumarento abrindo-se e fechando-se como uma “Amêijoa” diante do meu rosto, deixava-me tão excitada quanto a visão de um pénis masculino em erecção. Maureen tinha uma Vulva enorme com lábios grossos e carnudos que exalavam um aroma tão particular que, sem que me desse conta, continuei a esfregar a minha língua naquela “Ostra” e clítoris que se abria e entesava para mim. Eu comecei a fode-la com a língua, com os lábios, esfregando o meu rosto naquela dentro daquele pequeno oásis com fúria desusada, pois não sabia se mais alguma vez na vida teria a possibilidade de voltar a ter outra oportunidade como esta. Os orgasmos de Maureen eram também abundantes e licorosos, e, eu os senti na língua, no rosto e nos meus dedos que exploraram aquela gruta depilada, impune e que despudoramente nua se movimentava de forma lasciva diante dos meus olhos esperando os meus carinhos. Nós chupamo-nos, digladiamo-nos penetramo-nos uma à outra de uma forma nunca antes por mim imaginada. O tempo não existia mais, parara em alguma parte das nossas vidas e nós saímos delas para viver este sonho que infelizmente estava condenado a terminar em breve. Os espasmos, os tesões que explodiam dentro de nós festivamente como foguetes lançados para o ar em dia de festa faziam com que os nossos corpos ligados rebolassem pela aquela alcatifa entre gemidos de prazer e promessas de continuidade. Ouvia Maureen quase em histerismo gritar e temi por uma possível indiscrição no andar do prédio ou por alguém que passasse perto da nossa porta quando uma vez mais o meu orgasmo veio como um maremoto, começou na minha vagina e, num instante, tomou-me o corpo inteiro ao ponto de me sentir desvanecer como que desmaiasse de prazer. Nunca anteriormente na minha vida tivera uma sensação idêntica nem mesmo nos melhores dias do meu casamento ou com um ou outro namorado que tivera na minha adolescência. Eu estava como que enfeitiçada, possuída pelo erotismo possante de uma outra mulher, algo que jamais me passaria pela cabeça algumas horas antes. No final, após Maureen ter atingido vários clímaxes, levantou-se para acender um cigarro, e, eu tive uma crise de choro convulso e incontrolado. Ela acorreu tomou-me nos braços fortemente e, com uma voz meiga carinhosa e ternurenta tentava acalmar os meus sentimentos descontrolados. A carga de emoções e sensações que me apanharam de surpresa tinham sido forte demais para a forma como eu via e separava a sexualidade entre seres humanos. Ela mulher experimentada já há longo tempo que se tinha emancipado e liberto do colete-de-forças preconceituoso com os parâmetros que a sociedade e a igreja em particular tratam a sexualidade entre pessoas do mesmo sexo. Maureen com carinho e a sensibilidade que lhe era muito peculiar teve o cuidado de deixar no ar de que o que tinha acontecido entre nós não iria alterar de qualquer forma o nosso relacionamento e amizade de muitos anos e, que eu teria toda a liberdade de manifestar sem qualquer tipo de constrangimento a minha aceitação ou rejeição se algo idêntico viesse a acontecer no futuro entre nós. Nas restantes 48 horas que precederam a sua partida, Maureen nunca mais tentou criar entre nós um clima amoroso conducente a que algo idêntico voltasse a acontecer. Foi graças a esse comportamento, subtil e discreto que eu sem pressões meditei profundamente sobre o que se tinha passado entre nós. A partir dessa altura passamos a conversar essencialmente como as duas velhas amigas que éramos, a contar casos gozados que nos ocorreram, a falar do curso, do mestrado do estágio, do trabalho dos projectos e de vida. Passadas poucas horas levei-a ao aeroporto da Portela de Lisboa e depois das despedidas habituais e desejos de sucesso e longa vida regressei a casa. Quando entrei na sala pisando a carpete no local por onde tínhamos rebolado 48 horas antes, pisei algo duro, imediatamente baixei-me para ver o que era e para minha surpresa encontrei um dos brincos de Maureen. Certamente que na fúria dos nossos movimentos, ele escorregou para a carpete e olhando para brinco e volteando-o nos meus dedos perguntei a mim própria se tudo aquilo não teria sido nada mais que um sonho, mas aquela pequena peça apenas confirmou de que numa tarde fria de Janeiro de um ano qualquer alguém pela primeira vez na minha vida me abriu uma porta que gratamente transpus e que de uma forma iniciática como se tivesse passado a pertencer a uma seita secreta me tornei membro de um culto que até há data de hoje continuo a exercer com regularidade na minha vida. 30/11/2005

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