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segunda-feira, 29 de setembro de 2014
JONAS (Conto)
Jonas tinha sido um brilhante causídico no meio jurídico nacional, respeitado pelos seus colegas de advocacia, enquanto litigou alguns dos mais badalados casos que abalaram a sociedade Portuguesa e que lhe trouxeram fortuna, prestigio, fama enquanto no activo e na liderança da sua firma de advocacia a qual granjeou na Capital uma reputação que o colocavam no top das melhores firmas de advocacia. Jonas era um homem solteiro na casa dos 45 anos, bem parecido, com alguns cabelos grisalhos, alto e de compleição atlética, charmoso, sedutor nato, sofisticado e extremamente requintado nos seus gostos, pois seleccionava criteriosamente as pessoas com quem desejava ser visto em público. Jonas era uma pessoa que cuidava da sua imagem ao mínimo pormenor desde as roupas que vestia dos melhores estilistas mundiais, aos adereços que usava quer na sua indumentária casual, desportiva ou mais formal. Jonas tinha tido uma educação esmerada, pois os seus pais, pessoas abastados, não se tinham poupado a esforços para proporcionar ao seu filho a melhor educação existente em Portugal ao tempo. Desde a sua adolescência que tinha sido educado nos melhores colégios e liceus desde o Charles Pierre, Instituto Britânico Colégio Alemão e Maristas entre outros.. Possuidor de uma educação e protocolo social elevadíssimo, o seu comportamento bem como a sintaxe que usava quando se exprimia em publico ou privadamente era de tal forma evidente e brilhante que chegava a atemorizar os seus interlocutores. Jonas era um homem ambicioso que ao longo do tempo foi investindo o seu dinheiro em terrenos nos locais que estavam destinados a valorizar-se exponencialmente como sejam a Quinta do Lago e Vale do Lobo e Vilamoura. Num desses terrenos no Vale do Lobo, construiu uma bela mansão em frente ao mar, onde nada faltava que lhe desse prazer e que impressionasse os seus convidados que se deliciavam com o fausto como eram recebidos e apaparicados quer pelo anfitrião bem como por “Sílvio” o “mordomo” pessoal de Jonas de raça negra que este trouxe de Africa (Angola-Luanda), com 15 anos durante a década de 70 numa das suas muitas viagens de caça que regularmente fazia ao Quénia, Botswana, Rodésia e Tanzânia. Jonas proporcionou-lhe uma educação básica em Portugal e com um treino específico na língua Inglesa, o que mais tarde se veio a demonstrar ser uma mais valia por causa dos convidados estrangeiros que Jonas recebia nas suas casas, pois quando Jonas mudava de residência “Sílvio” acompanhava o seu patrão também. Jonas era um homem que já tinha corrido os quatro cantos do mundo em viagens de todo o estilo, de aventura, sexo, culturais e também profissionais afim de investigar as leis internacionais relativamente aos códigos civis, criminais e comerciais de vários países em relação ao nosso. Jonas era um homem de vasta cultura, distinto, com um carisma que não só irradiava simpatia como o tornava num pólo de atracção pelo seu carácter, personalidade e filosofia de vida. Era um bom contador de histórias, persuasivo e argumentativo, que prendia a atenção dos seus ouvintes de uma forma magnética e electrizante ao ponto destes lhes beberem as palavras num silêncio sepulcral enquanto ele dissertava. Concluindo e resumindo este nosso herói era um homem que desde o dia em que nasceu tinha sido predestinado ao sucesso com um toque de Midas, pois tudo que lhe passava pela mão ele acrescentava valor em alguns casos imediato outros a longo prazo. Na Capital vivia na Quinta da Marinha em Cascais, possuía um monte no Alentejo perto de Serpa com alguns cavalos de raça que o seu feitor cuidava como se fossem seus filhos. Para sua distracção possuía uma moto 4 com a qual a corta mato percorria montes e vales. Como a propriedade tinha vários hectares e estava totalmente vedada, era habitual no tempo de caça convidar os amigos para abaterem umas lebres perdizes, rolas ou tordos e depois fazerem umas óptimas almoçaradas regadas com o bom vinho, que lhe era fornecido por um rico produtor alentejano da sua reserva privada. Jonas possuía uma colecção de carros de fazer inveja a qualquer dos actores mais cotados de Hollywood, desde Ferrari, Porshe, Mercedes, Audi, Morgan, Lotus, e como cereja no cimo do bolo, tinha uma Harley Davidson toda alterada de acordo com o seu gosto pessoal. Jonas sem ser narcisista era fanático pelos cuidados que dedicava ao físico, para esse efeito frequentava os melhores “Health Clubs” onde quer que estivesse e o seu corpo bem delineado e musculado não tinha uma grama de gordura. Jonas possuía tudo aquilo que normalmente costuma faltar aos homens da sua idade: estatuto financeiro e social, tempo, desejo, muito tesão, disponibilidade física e uma enorme vaidade em coleccionar mulheres para o seu palmarés de conquistador. Tal como as mulheres, também os troféus de caça que se encontravam distribuídos pelas paredes das suas várias casas faziam o deleite e a admiração dos visitantes. Sabendo disso, Jonas fazia gáudio em os mostrar aos amigos/as, descrevendo-lhes pormenorizadamente a historia de como cada troféu tinha sido abatido, dramatizando por vezes exageradamente as circunstâncias em que o mesmo tinha ocorrido. De facto, pouco faltou para Jonas não ser espezinhado por um elefante enfurecido que carregou sobre ele e empalado pela investida de um búfalo, valeu-lhe nestas ocasiões, o caçador profissional que o acompanhava, e que evitou o pior. Para finalizar o enorme rol de bens materiais que possuía, não posso esquecer de mencionar o seu belo Iate de 18m que tinha ancorado durante o ano inteiro na Marina de Vilamoura, todo equipado e preparado para poder viajar para qualquer marina do sul de Espanha ou Ilhas Baleares. O “EROTIKUS” fazia as delícias dos amigos/a que ocasionalmente convidava no período do verão para com ele viajarem pela costa algarvia, subindo o Guadiana durante alguns dias de cruzeiro em orgias e bacanais. Jonas tinha carta de Patrão de Costa de modo que podia navegar para qualquer lado em mar alto sem problemas. Como é óbvio, a um homem deste calibre, as mulheres não lhe faltavam, não só pelos prazeres materiais que lhes podia proporcional mas também porque Jonas era um solteirão cobiçado e uma presa que muitas mulheres desejariam possuir a longo prazo e se possível finalizado por um eventual casamento. Jonas era melífluo no seu diálogo e como mestre que era na oratória, utilizava insinuações veladas, mas carregadas de eventuais promessas ou possibilidades de um dia caso encontrasse a mulher ideal, que estaria pronto para assumir uma relação, e, até casar, uma vez que já tinha 45 anos e tanto quanto soubesse, ainda não tinha descendentes. Como é obvio este tipo de conversa agradava ás mulheres, era como se fosse música celestial para os seus ouvidos, portanto faziam todos os possíveis não só para lhe agradar como para conquistar aquele coração empedernido, estando dispostas a fazer todas as cedências possíveis e imaginárias para com ele terem sexo ou engravidarem á revelia do seu conhecimento ou consentimento. Jonas frequentava as melhores discotecas, bares, restaurantes e clubes, tendo por hábito gratificar os empregados principescamente de modo que quando lá regressava ou telefonicamente fazia marcações, tinha sempre a melhor mesa guardada para si, e para quem o acompanhava. Na impossibilidade ou esquecimento de marcar antecipadamente ou aparecer de improviso, o resultado era o mesmo, uma mesa de imediato aparecia como que tirada de uma cartola e colocada em local estratégico. Jonas a certa altura por uma questão de comodismo, passou a utilizar a net como veiculo para conhecer mulheres, tendo para esse efeito tornado-se membro pagante de vários sites vocacionados para esse fim, quer nacionais quer estrangeiros, uma vez que dominava como um perfeito poliglota vários idiomas. Jonas tinha o mesmo perfil em todos eles, o qual foi construído e concebido para se tornar um isco atractivo a que muito dificilmente mulheres de um certo calibre académico e intelectual resistiriam. As palavras nele insertas eram de desafio para essas mentes cujos neurónios de imediato se agitavam espicaçados pela leitura que lhes provocava a adrenalina levando-as a querer de imediato retorquir ou retaliar aos desafios que ali de uma forma subtil se encontravam descritos sob a forma de mensagens subliminares. Jonas sabia perfeitamente qual o resultado e impacto que as suas frases deixavam, portanto se pelo menos 50% das mulheres que ele contactava respondessem, já era um excelente rácio, e se dessas conseguisse um encontro pessoal, então o sistema por ele concebido estaria a resultar em pleno. Jonas não prometia apenas amizades virtuais, mas deixava subentendido de que estaria disposto a ir bastante mais longe, se existissem compatibilidades que o levassem a contemplar essa possibilidade. Se eventualmente, como resultado de um encontro real a química resultasse, ele estaria receptivo á ideia de poder oferecer muito mais do que apenas palavras sedutoras, sexo ocasional, fins-de-semana alucinantes no seu Iate ou em estalagens de turismo rural de 5 estrelas. Jonas especializou-se em mercador de sonhos os quais durante as suas longas conversações vendia de forma hábil sem nunca se comprometer, mas deixava a porta entreaberta para o quarto dos sonhos cor de rosa e dos tesouros que tinha amealhado os quais estaria pronto para partilhar, logo que a sua “Cinderella” despontasse no horizonte da sua vida e o sapatinho lhe servisse.
Durante alguns anos, recebeu nas suas casas correspondentes de várias partes do mundo por períodos mais ou menos longos, cidadãs provenientes da Rússia, Estados Unidos, Dinamarca, Holanda, Suécia, Bahamas, Inglaterra bem como alguma Portuguesas, afim de complementarem olhos nos olhos o que virtualmente já vinham fazendo há algum tempo. Uma das primeiras palestras que eram feitas ás convidadas, era de que não teriam que se sentir compelidas moralmente e obrigadas a retribuírem em favores sexuais a forma como seriam tratadas e apaparicadas durante a sua permanência em Portugal. Teriam toda a liberdade de entrarem ou saírem ás horas que desejassem, sendo para esse efeito facilitada a chave da residência para o poderem fazer quando lhes aprouvesse. Para provar que sexo não era parte integrante do “package” eram-lhes atribuídos quartos independentes para a sua tranquilidade, os quais podiam ser fechados por dentro durante a noite se assim as hospedes entendessem. Jonas fazia questão em não criar constrangimentos ás suas visitantes, por isso explicava detalhadamente as regras para que não existissem situações dúbias que causassem embaraço quer ao anfitrião ou ás sua convidadas. O certo é que passado o primeiro dia todas elas sem excepção acabavam por iniciativa própria de passar longas horas no quarto de Jonas para interlúdios sexuais de longa duração, mas regressando ao seu para dormirem, uma vez que na opinião de Jonas o dormir era um acto eminentemente solitário de que ele era adepto ferrenho e do qual não abdicava. Sendo um homem habituado a dizer sem rebuço ou imodéstia exactamente o que pensava, por vezes, isso desagradava ás suas convidado quando se sentiam ignoradas, negligenciadas ou rejeitadas. Por vezes quando a convidada por uma razão ou outra não lhe agradava, tornava-se um pouco redutor no que respeitava ao convívio limitando-se apenas a ser cortês delicado e amigável, mas mantinha um distanciamento conveniente até ao resto da estadia das suas convidadas. No entanto, em circunstância alguma, deixava de ser um perfeito anfitrião e um “gentleman”, mesmo que a sua indiferença em termos de atracção física ou intelectual fosse total. Jonas segundo se constava, era um amante exímio e experiente, destituído de preconceitos ou tabus na cama, que transpirava sexualidade por todos os poros do seu corpo. Tinha umas mãos e dedos mágicos que operavam milagres, e um pénis bem dimensionado que usava com perícia e destreza fazendo as delícias das suas companheiras. Sabia exactamente em que botões carregar para despoletar reacções, adorava viajar pelos corpos das mulheres acicatar-lhes a libido e, deles extrair todas as energias necessárias para as transportar até aos espaços cósmicos na obtenção de clímaxes e orgasmos infindáveis. A grande maioria das mulheres que tinham passado pela vida destes D.Juan muito dificilmente o esqueceram, pois Jonas era um artífice nas formas como prodigalizava prazeres e lubricidade inesquecíveis a estas mulheres mal, amadas, estimadas e fodidas. Jonas retribuiu algumas destas visitas, tendo ele também passado algum tempo nos países de origem de algumas delas que já tinham sido suas convidadas. Apenas uma destas mulheres a quem irei chamar Rita, lhe despertou uma imensa curiosidade ao ponto de ambos se visitarem várias vezes por períodos de tempo mais ou menos longos. Rita era uma mulher de 35 anos, inteligente, culta, viajada, rica, dotada de uma beleza rara e de um corpo escultural que lhe conferiam um estatuto quase que único. Rita era filha de Arménios e natural de Beirute no Líbano, país que tinha saído há poucos anos de uma guerra civil fratricida entre Cristãos, Drusos, Maronitas Sunitas e Xiitas, e que se encontrava em fase de reconstrução, mas no qual ainda se sentia o cheiro da pólvora e do ódio nas ruas das cidades Libanesas. Estas minorias religiosas, congregavam-se em zonas específicas e bairros das cidades onde não era permitida a vivência de outros cuja sua opção religiosa não fosse a mesma. Rita e Jonas eram solteiros e muito embora tivessem no passado sempre fugido a compromissos desta vez tinham sido apanhados pelas setas de Cupido. Entre eles despontou uma paixão tórrida e escaldante ao ponto de Jonas ter contemplado seriamente a possibilidade de casamento. Os dias e as noites de luxúria, licenciosidade passados no 5º andar da rua Mekhitariste em New Rawda estavam carregados de volúpia, paixão e tesão, a qual os fazia ter coitos intermináveis e espasmos orgásmicos sucessivos, que as suas mentes imaginativas e libidinosas desenvolviam quando acicatadas por fetiches, taras e fantasias que os levavam a entregar-se um ao outro incondicionalmente sem fronteiras nem limitações para extravasarem, orgasmos e ejaculações. A paixão com que entregavam os seus corpos entrelaçados e entranhado um no outro a fim de se possuíam de uma forma tresloucada e ofegante, era de tal forma intensa que depauperados pelo esforço eram compelidos a fazer alguns intervalos. Rita não só surpreendia pela sua versatilidade sexual como também em muitos outros aspectos, os quais a tornavam uma mulher extremamente apetecível.
Os dias passavam sem que ambos dessem por isso, o feitiço a magia e o encantamento parecia fluir e exsudar dos seus corpos, como uma poção magica concebida por algum Druida para os manter naquele estado de graça e catalepsia permanente. Viajaram para Chipre, Síria e Jordânia, países que Rita conhecia perfeitamente tende sido uma guia turística fabulosa. Até que o dia da partida de Jonas para a Europa chegou, foi difícil e complicado para ambos e pela primeira vez votos e promessas de amor eterno, foram feitos com sinceridade genuína., e de que se voltariam a ver em breve. Passado cerca de 2 meses, voltaram a ter um breve encontro em Paris para onde Rita se tinha deslocado para tratar de assuntos profissionais. O quarto do Ritz era abalado todas as noites em convulsões e estertores como se um abalo sísmico se tratasse que medido na escala de Richter deveria andar em valores bem elevados. A estadia de cerca de uma semana foi aproveitada ao máximo, para se divertirem e amarem. Rita tinha uma empresa que importava aparelhos electrónicos de raio x e de análises, diálise, altamente sofisticados para Hospitais e Clínicas. Era uma mulher de sucesso que viajava imenso não só para visitar feiras da especialidade, como também para países nos Emiratos Árabes, Arábia Saudita, Sudão, Iraque, Líbia, onde tinha agentes que a representavam. Rita, não só era fluente em Árabe e Francês, línguas oficiais do Líbano, mas também em outros idiomas. Depois de Paris, voltaram-se a encontrar 3 meses depois na Suécia onde passaram o Natal e Fim do Ano em Gotemburg, onde Rita tinha uma prima médica. Nevava imenso com temperaturas de 18º negativos, mas no quarto do hotel nem precisavam de aquecimento central, pois os seus corpos ferviam como uma caldeira em ebulição. Havia uma reacção química nos seus copos que miscigenavam os fluidos trocados simultaneamente, pois o seu “timing” era perfeito. No auge dos delírios da carne as suas transmutações faciais e corporais, transportava seus corpos e mentes, para mundos celestiais e intemporais de galáxias onde as formas, posições, figuras caleidoscópicas e policromáticas eram vividas holograficamente nos ecrãs das suas mentes em flashes carregados de erotismo. Há tempo na vida para nascer, viver, amar, partir, regressar e morrer e, em virtude disso, mais uma vez cada um teve que seguir o seu percurso regressando a casa levando as recordações consigo, dentro da mente e os sentimentos no coração. De novo, o sonho foi interrompido, contudo a promessa de que em breve se voltariam a ver e a reatar esse sonho foi feita de que tudo fariam que estivesse ao alcance de ambos para o levarem de uma vez por todas até ás ultimas consequências. Passado pouco tempo, e já em Portugal, Jonas foi convidado por uma amiga que residia em Cascais para uma festa e pôr-do-sol na sua vivenda perto da praia do Guincho, onde a anfitriã apresentou a Jonas entre muitas outras pessoas, uma sua amiga de nome Gaby. Durante todo o final da tarde e noite a empatia que se gerou entre ambos foi tão envolvente que jamais se deixaram até ao final da noite. Quando se despediram trocaram números de telefone com a promessa de que em breve se contactariam o que veio a acontecer 48 horas depois. Gaby contactou Jonas e, este convidou-a de imediato para passarem o fim-de-semana juntos no seu Iate que mantinha na Marina de Vilamoura.
Jonas foi buscar Gaby ao meio da tarde de sexta-feira á sua“Penthouse” no Estoril e de imediato partiram para o Algarve. Sílvio o mordomo de Jonas já se encontrava no Iate, de modo que o jantar dessa noite servido á luz das velas por Sílvio, vestido a rigor parecia um conto de fadas. O menu mais parecia um manjar de deuses, desde trufas, lagosta, faisão recheado, cassata e vinhos de reserva provenientes de colheitas de anos especiais. Todo o encenamento foi feito de molde a que Gaby vivesse um sonho das mil e uma noites na companhia do seu príncipe encantado. Gaby tinha 40 anos, era divorciada, e estava no auge da sua pujança física e fazia alarde disso. Era uma morena de cerca de 1,75 de altura, magra mas sem ser anoréctica, de cabelos cor de azeviche, olhos verdes aveludados, lábios carnudos e sensuais, peitos médios e marmóreos que era impossível passar despercebida mesmo que se apresentasse vestida de farrapos. Profissionalmente Gaby era professora no Instituto Superior Técnico de Lisboa e como hobbies, pintava, tocava guitarra, compunha e cantava para os amigos nas suas reuniões sociais. Era uma mulher extrovertida, com grande sentido de humor, forte personalidade, classe na sua postura, pensamento rápido e acutilante, que irradiava simpatia por todos os poros. Depois do jantar passaram para a sala para ouvir musica, fumarem um cigarro e beberem uns digestivos. Passado pouco tempo já ambos engalfinhados se beijavam sofregamente, e passados pouco minutos os seus corpos tresandavam a testosterona e estrogéneos de tal forma excitados estavam que não demorou muito mais, até acabarem na cama, para se deglutirem nos prazeres da carne. Penso que os detalhes íntimos já não são relevantes, pois como narrador acho que não devo descrever em pormenor o que se passou naquela alcova nessa noite em que um macho e uma fêmea se possuíram de uma forma animalesca e primitiva. O que aconteceu deveria ter sido de tal forma visceral que Jonas e Gaby a partir dessa altura passaram a estar juntos quase que diariamente. Rita telefonava do Líbano com frequência, mas os sentimentos de Jonas iam arrefecendo a um ritmo célere. Manter relacionamentos amorosos á distância é complicado e o de Jonas não foi uma excepção. A erosão e o desgaste foram rápidos e a presença física de Gaby a tempo inteiro acabou por precipitar os acontecimentos. Jonas estava com uma batata quente entre as mãos, mas não desejava terminar com Rita pelo telefone de uma maneira impessoal, pois tinha por ela demasiado respeito e admiração.
Finalmente Jonas acabou por tomar uma decisão que foi a de regressar a Beirute e pegar o boi pelos cornos, isto é enfrentar Rita e dizer-lhe olhos nos olhos que a relação entre ambos estava terminado. É óbvio que essa decisão foi um choque para Rita a qual recorreu a vários estratagemas inclusive o de estar grávida para tentar mudar o curso dos acontecimentos. Jonas esteve em Beirute uma semana, evitando qualquer contacto físico com Rita a qual procurava a todo o custo inverter o rumo dos acontecimentos, mas de todos os botões em que carregava de nenhum obtinha resposta.
Jonas procurou na medida do possível de uma forma conciliatória e consensual que a separação que era inevitável fosse aceite dentro de parâmetros que lhes permitissem continuar amigos. Jonas regressou e foi viver com Gaby essa paixão durou 2 anos tendo acabado igualmente em mais um fracasso. Sei que ainda nos dias que correm Jonas ainda fala com Rita a qual depois de uma tremenda depressão nervosa, que acabou em internamento hospitalar depois da ruptura, ainda não está totalmente recuperada. Jonas depois destes fracassos emocionais, foi para Katmandu para um retiro espiritual com o seu Guru e por lá andou cerca de 6 meses a tentar encontrar o seu espírito e as razões da sua instabilidade emocional. Hoje em dia, ainda o encontro ocasionalmente, solteiro, “bom vivant”, mas muito mais calmo e pacato sem aquela pressa de viver mais do que um dia de cada vez. Amigos comuns disseram-me recentemente que ele está numa outra relação aberta mas estável e que a sua vida de “playboy” passou á história. Faço votos que assim seja, pois Jonas deixou pelo caminho uma série de corpos seriamente feridos que deambulam pelas várias cidades do mundo frustradas, amarguradas e desapontadas com a vida e com os homens.
Vilamoura-27-1-2008
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