sábado, 21 de março de 2015

ANO NOVO…. VIDA NOVA

No final de cada ano e depois de se terem celebrado as efemérides natalícias, apenas restam 6 dias para o início de um novo ano. É nesse ínterim que as pessoas conscientes que não consideram ou contemplam falhar nos projectos pessoais ou profissionais começam a organizar, estruturar, e planificar uma lista de resoluções, objectivos e metas as quais se propõem cumprir durante o decorrer dos próximos 12 meses. Para que esse fim seja realizado, precisam de definir criteriosamente os métodos que vão utilizar para conseguirem nos períodos de tempo esquematizados atingirem os seus targets com sucesso. É um novo livro branco que se abre à nossa frente no dia 1 de Janeiro de cada ano ainda virgem e imaculado, o qual se encontra preparado para que nele possamos registar os desvios que precisem de ser corrigidos, ou a implementação de planos alternativos quando medimos e avaliamos as nossas performances em relação aos objectivos programados, os quais nos podem aproximar ou afastar do sucesso ou fracasso. É imperativo que minimizemos o coeficiente de erro quando nos propomos realizar tarefas ou aceitar desafios sejam eles de carácter pessoal ou profissional. O inicio do novo ano é o momento indicado para tomarmos novas resoluções, rectificar procedimentos, estabelecer objectivos de curto, médio e longo prazo, planeando prévia e cuidadosamente de uma forma organizada qual a postura que pretendemos ter perante a vida, qual o tipo de gestão que iremos escolher, não deixando de incluir planos alternativos e de contingência na eventualidade de aqueles que inicialmente escolhemos para optimizarmos as nossas opções falharem. A vida não permite improvisos nem remendos de última hora, não pára nem espera pelos atrasados. Nada deve ser deixado ao acaso, estar a vida é como um jogo, cada movimento que fazemos, cada decisão que tomamos, terá sempre inevitavelmente reacções e repercussões, pois implica manter ou perder, direitos adquiridos e privilégios conquistados. Se estamos bem financeira, física e mentalmente poderemos sempre negociar com a vida e com as oportunidades que ela nos oferece, numa posição vantajosa. Os nossos progressos ou retrocessos na arena da vida terão que ser criteriosamente medidos e monitorizados para avaliarmos os ganhos ou as percas e se o plano que desenhamos inicialmente está a obter os resultados expectados. Depois dessa contabilização decidiremos se adicionámos mais-valias ao nosso património ou se por outro o mesmo se desvalorizou, e, se em consequência desses factos, estamos melhor ou pior posicionados para atacar o patamar superior e granjear apoios que nos impulsionem para discutir a candidatura vencendo a concorrência ao lugar que ambicionamos ocupar. É bom que façamos estes testes de posicionamento para inferir se houve regressão ou progressão do ponto onde inicialmente nos encontrávamos. Não tenho por hábito entrar em debates pueris sobre o meu estilo ou forma como obtenho os resultados que me proponho atingir ou que me são exigidos. Quando compito faço o meu trabalho de casa tentado pelos elementos ao meu alcance definir o calibre dos meus interlocutores ou concorrentes, os seus pontos fortes ou fracos, as suas consistências ou fraquezas. A vida tal como a dor tem que sentida e vivida quer estejamos na mó de cima ou de baixo e habituarmo-nos a aceitar os seus ciclos que não têm padrões uniformes. Eu vivi e continuo a viver, uma vida fascinante, tenho de admitir que sou um homem vivido e experimentado, que muito viu pelo mundo e que sabe o que quer. Sou uma pessoa disciplinada e rigorosa, culta e educada, assertivo e adaptável às circunstâncias ou lugares., Vivi em diferentes latitudes e longitudes do mundo, tendo deixado partes de mim em todas elas. Memórias todos temos boas e más, portanto como é óbvio eu não seria uma excepção à regra, e em todos esses locais onde vivi deles trouxe recordações, umas de que lembro com prazer e saudade, outras que prefiro esquecer e que fiquem que por lá sepultadas. Apesar de tudo penso que guardei o melhor de mim para o fim, que vou compartilhando com quem quero, e quando capricho, sem ter que sentir o peso da obrigatoriedade ou do dever. Durante todos esses anos em que “vagabundeei” pelo mundo aconteceu que romanticamente me envolvi com várias pessoas por períodos temporais mais ou menos longos quando contabilizados em meses. Ao longo da minha vida sempre tive o cuidado e precaução de medir e pesar as palavras proferidas e o impacto que poderiam causar particularmente em envolvimentos de carácter romântico. Sempre fiz questão de não usar a palavra “amo-te” em relação a qualquer mulher pela qual não estivesse verdadeiramente apaixonado, usando o sinónimo “gosto ou simpatizo contigo”. Essa palavra tem uma carga demasiado pesada de emoções que não pode ou deve ser invocada em vão, ou banalizada pela ocasião. Nascemos pessoas livres, não pertencemos a ninguém, e não podemos ser donos ou escravos das vontades, dos sonhos ou dos desejos de terceiros. Um homem sábio, maduro e experiente não procura prender-se, mas sim libertar-se das grilhetas que a vida e os relacionamentos que implicam compromissos usam para nos aprisionarem. Ao fim de muitos anos, consegui finalmente obter a paz emocional que tanto procurei e, tendo interiorizado esse sentimento, consegui começar a caminhar em direcção ao meu paraíso que construí para passar a usufruir dos prazeres da vida ou compartilha-lo com quem me apetece. Algumas das pessoas que conheci vinham de várias estradas e percursos totalmente diferentes do meu, mas isso não foi óbice para que não tivéssemos construído amizades ou relacionamentos duradouros. Muito embora tivessem sido pessoas de raça, credo, idade, estatuto social e convicções diferentes, tinham duas particularidades que muito prezo, que são: o carácter e a inteligência. Raramente concedi a alguém o privilégio de me escolher quer para dialogo ou sexo. Vivi e construí alguns projectos de vida sólidos aliados a paixões, mas também os destruí de uma forma despudorada, quando entendi que era tempo de partir para outra história ou aventura mais excitante. Arrasei com castelos de areia, reduzi a pó realidades, arruinei com esperanças, defraudei expectativas e objectivos, adiei decisões cruciais, matei sem a mínima compaixão esperanças que em mim tinham sido depositadas abortando com óvulos indesejados. Falsifiquei orgasmos que não senti, lancei as minhas semente em vulvas que profanei. Manipulei mentes, influenciei opiniões, evitei e torneei habilidosamente perguntas que implicavam respostas concretas. Fui idolatrado, amado até à loucura, repudiado e ostracizado, mas também tive momentos em que fui agraciado e tratado como príncipes nunca o foram. Fui apaparicado, louvado e recompensado pela generosidade humanística de algumas das pessoas com que a espaços cruzei a minha vida. Fui respeitado, invejado e temido por homens, e apunhalado pelo ciúme de mulheres. Tive épocas da minha vida em que habitei no Éden mas também fiz visitas e longas caminhadas pelos desertos áridos e secos ressacando as minhas desilusões. Conferenciei com delegados de Deuses e Diabos e a ambos fiz promessas que não cumpri. No que respeita a religião tenho convicções híbridas e pouco ortodoxas. Tive períodos em que adormeci com sonhos policromáticos e acordei com pesadelos em que invariavelmente alguém me perseguia com intenções belicosas. Tive ao longo da vida o privilégio de viver momentos de grande êxtase e exaltação mental que sublimei através da meditação profunda e transcendental na obtenção de equilíbrios que a vida por vezes teimosamente procurava descompensar. Fui pioneiro na arte de conduzir e abrir como cicerone as portas do paraíso a pessoas especiais para concertos de sinfonias celestiais tocada por anjos e querubins. Recebi convites para ficar eternamente em lugares e com pessoas, e a minha resposta sempre foi : de que eterna só é a morte. A vida é como um transporte, quando estamos na mó de cima “ela” põe á nossa disposição para viajarmos Rolls Royces, Ferraris ou Lamborghinis, noutras ocasiões quando estamos na mó de baixo “ela” diz-nos para usar a bicicleta ou para ir a pé. Estas são as realidades e fases da vida a que ninguém pode fugir. Entre amores e desamores umas vezes é a vida a carregar-nos noutras sucede o inverso. Por vezes tudo parece bater certo nas nossas vidas, encontramos a pessoa certa, vivemos no país que gostamos, na casa e local que idealizamos, temos os amigos certos, estamos profissionalmente satisfeitos e realizados, somos bem remunerados, guiamos o carro dos nossos sonhos, temos o cão de raça que adoramos, vestimos roupa de marca, circulamos socialmente nos locais certos quer ao nível do nosso burgo paroquial, quer em outras rotas turísticas internacionais mais atractivas e exóticas. A felicidade é como uma refeição única que cozinhamos, em que todos os ingredientes foram misturados na proporção certa. Se a tentarmos repetir mil vezes nunca mais o conseguimos fazer com o mesmo sabor. No entanto existem muitas pessoas, que mesmo ao degustar iguarias não se apercebem disso, falta-lhes o berço, requinte, o treino e frequência gastronómica com que lhes foi dada a oportunidade de se deleitarem com menus ou cardápios invulgares. Vivi relações tempestuosas, ciclónicas e vulcânicas, onde a paixão e o ciúme foram levados até às últimas consequências devido à confrontação de personalidades fortes e antagónicas e essas misturas explosivas quer de êxtase ou de rebelião fizeram exsudar dos nossos corpos o melhor e o pior que temos, quer odores afrodisíacos, ou fragrâncias nauseabundas, dependendo dos estados de alma. Lentamente ao longo da vida tal como o vinho do Porto passei por várias fases de maturação a fim de refinar o meu sabor. Hoje em dia, mediante os valores desta nossa sociedade e as solicitações diárias com que a vida nos confronta, torna-se uma luta titânica, conseguir manter uma relação pacífica, de confiança mútua, estável e harmónica, preservando-a da erosão do quotidiano. Isto, não é tarefa fácil, para a grande maioria dos casais, pois, psíquica e culturalmente a sua grande maioria encontra-se mentalmente incapaz de gerir as crises e conflitos dos seus relacionamentos emocionais. O passado das pessoas é extraordinariamente importante, pois não só somo o resultado dele como transportamos na nossa bagagem toda a aprendizagem que fizemos e os erros que cometemos, para que no futuro enveremos por outros caminhos com mais sucesso. Pessoalmente não posso conceber-me agrilhoada ou algemado a alguém, mesmo que essas algemas sejam de ouro cravejadas de diamantes, rubis e esmeraldas ou de outras quaisquer pedras preciosas. Se eventualmente por decisão exclusivamente minha, vier a decidir um dia entrar numa gaiola dourada exijo que a fechadura seja removida e a porta fique aberta. Há longos anos aprendi que os problemas entre casais não se resolvem na cama por muita compatibilidade sexual que exista entre os parceiros. Na grande maioria das vezes esta fórmula é aplicada e a paz temporariamente restabelecida, contudo o problema persiste e as decisões fulcrais apenas serão adiadas. Quando um dia ambos decidirem olhar de frente olhos nos olhos, e tentar resolver definitivamente o problema, pode acontecer que já tenhamos chegado á provecta idade dos 40 ou 50 anos de idade. Nesses escalões etários grande parte da nossa juventude já foi pelo cano de esgoto abaixo, sem que nunca estivéssemos sequer próximo de saber, cheirar ou tocar naquilo a que genericamente podemos chamar de felicidade. Ela existe mas para que seja possível consegui traze-la para as nossa vidas, temos que alterar mentalidades e estruturar uma filosofia de vida de alerta permanente que accione todos os mecanismos de defesa ao primeiro sinal de perigo e que possa alterar o “status quo” por nós implantado. Relacionamentos afectivos precisam de constante debate e reflexão para avaliar com uma honesta e sincera atitude os problemas, mas acima de tudo geri-los com racionalidade, ponderação, flexibilidade e sem radicalismos. Quando mercê de dissidências entre os casais, estes deliberadamente empurram os parceiros para becos sem saída condicionando-os e deixando-o sem alternativas, as reacções que podem advir de pessoas encurraladas nunca é a melhor nem a mais racional. Por vezes projectos de vida e objectivos terão que ser de novo reprioritizados e redefinidos com uma Apenas pensei escrever umas linhas, mas acabei por deambular pela vida de uma forma aleatória sem um rumo certo ou definido, deixando-me ir ao sabor da corrente como um naufrago mas tendo a certeza que mais cedo ou mais tarde chegaria a terra firme. 5-1-2005

Sem comentários:

Enviar um comentário