domingo, 22 de março de 2015

OS AMIGOS

Todos nós temos amigos, uns de longa data do tempo da nossa meninice, outros feitos durante a adolescência, e finalmente outros mais tarde na vida adulta. Os primeiros foram feitos na vizinhança onde nascemos e crescemos, no jardim-de-infância, escola, universidade, tropa, ou como resultado de outras actividades sociais, desportivas, ou profissionais. Em circunstâncias normais estamos sempre a adicionar amigos á nossa curta ou longa lista dos que já temos. Obviamente há amigos que vimos com mais frequência do que outros e isso depende de vários factores, mas penso que o principal é a localização geográfica onde eles residem. Há contudo amigos preferenciais com os quais geramos mais empatia do que com outros, e que por essa razão, procuramos ou somos procurados com mais frequência para socializarmos ou nos divertirmos. O aspecto de que vários possam residir dentro do mesmo raio habitacional é irrelevante para as escolhas. As razões para que usemos este selectivo critério podem ser várias: o escalão etário, académico, cultural, social, personalidade, qualidade e estrutura do discurso, maneirismos, e a escolha dos temas para conversa, mas definitivamente nunca o aspecto financeiro. Podemos ter amigos que tenham chegado até nós já na idade adulta, e que tenham percorrido percursos de vida menos ortodoxos, que tenham hábitos vivenciais diferentes, raça, religião, politica ou clube desportivo, diferente do nosso, que exerçam estilos de vida alternativos que até possam ser contrários aos nossos gostos, mas isso não implica que exerçamos atitudes discriminatórias em relação a eles. Também existem os amigos da onça que se distribuem consoante os fins que usam para os seus propósitos: temos por exemplo os oportunistas que nos usam para escaladas sociais ou como meio de obterem privilégios ou benesses por nosso intermédio, aqueles que aparecem sempre sem serem convidados á hora do jantar, ou depois deste para esvaziarem a nossa garrafeira. Outros só aparecem para pedir dinheiro emprestado, ou nos telefonam uma vez por ano no período do verão, para saberem se os podemos receber na nossa casa do Algarve, ou ainda para pedirem borlas se sabem que desempenhamos uma função em que podemos facultar serviços ou bilhetes para esse efeito. Ainda na categoria de amigos, existem os reais e os virtuais. Estes últimos feitos através da internet, quanto aos reais já acima os descrevi. Os virtuais, poderão nunca passar disso mesmo, e com o decorrer do tempo podem acontecer duas situações: ou os removemos pela sua inactividade dialogante, ou os bloqueamos pela sua linguagem abusiva ou exposição corporal obscena. Na eventualidade daqueles que decidimos passa-los a reais e chegarmos ao conhecimento pessoal, podem acontecer 3 situações: Ficarem apenas como amigos e continuarmos a vê-los ou falar com a regularidade que entendamos ser adequada. No segundo caso, se o impacto e a química forem conducentes a um relacionamento como resultado de um encantamento que leve ambos os intervenientes a satisfazem propósitos mais intimistas, pode acontecer que os mantenham durante mais algum tempo, ou que terminemos com os mesmos depois de ambos termos satisfeito as nossas curiosidades. E no terceiro caso, são os relacionamentos que podem eventualmente ter sucesso quais e acabar em relacionamentos sérios e duradouros. Na internet e nas redes sociais, as pessoas coleccionam amizades virtuais às centenas e milhares como é o caso particular do Facebook e Twitter sem que alguma vez se tenham encarado olhos nos olhos fisicamente. São aqueles amigos que por ali ficam inertes a ocupar espaço e a que eu chamado os mortos vivos ou “zombies”, que passam a jazer no meu cemitério reservado aos “amigos” onde apenas são contactados quando o Facebook nos avisa antecipadamente do seu aniversário. Periodicamente faço transladações das ossadas para criar espaço no disco rígido e na cronologia. Quando estes “pseudo amigos” me pedem amizade sem qualquer conhecimento prévio, passei a enterra-los vivos e em pé para poupar espaço, e na eventualidade de algum dia entrarem em diálogo comigo ressuscito-os e volto a enterra-los mas desta vez deitados para terem mais conforto. 8-10-2012

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