segunda-feira, 23 de março de 2015

AS LIBERDADES DE ESCOLHA

Todos nós nascemos livres, imaculados, sem vícios ou etiquetas que nos associem ou subordinem a quaisquer religiões independentemente da nossa cor ou do credo parental. A nossa naturalidade e nacionalidade são importantes, pois tanto podemos ter a sorte de nascer e viver num país democrático e laico, como o azar de termos sido trazidos ao mundo num país teocrático que governa baseado em dogmas Corânicos cuja Sharia não só penaliza a mulher subalternizando-a em relação ao homem, como pode penalizar ambos com a morte se incorrerem em certo tipo de ofensas á lei islâmica. Em ambos os casos depois de nascermos somos violentados e abusados nos nossos direitos fundamentais pelos nossos progenitores, que nos marcam indelevelmente de forma religiosa pelo baptismo o que é uma aberração e crime na minha opinião, e que deveria ser proibido por lei. Que os nossos pais sejam religiosos nada temos a ver com isso, pois é um direito que lhes assiste, mas agora que nos forcem a engolir a sua fé, quando nem sequer reunimos condições para controlar o próprio esfíncter imaginem para escolher uma crença. Como no mundo existem mais de 2 mil religiões e Cristãs mais de 50, isto faz-me lembrar um supermercado quando vamos adquirir um produto e encontramos mais de 100 diferentes marcas, preços quase idênticos, composição muito similar quando saboreados e se formos convidados para uma prova cega não os conseguiremos diferencia-los pelo sabor. A plena cidadania para ser exercida de acordo com a Constituição só se adquire com a maioridade. Os actos de cidadania atribuídos aos cidadãos estão nela descritos e o baptismo tal como o votar só deveria ser permitido fazê-lo com mais de 18 anos, quando já possuímos algum conhecimento e nos sentimos responsáveis pelas nossas decisões. Sendo Portugal um estado laico que não é governando por dogmas religiosos, não podem nem deve favorecer uma religião em particular em detrimentos de todas as outras, e muito menos ter uma Concordata assinada em segredo por Durão barroso em 18 de Maio de 2004 com o Vaticano, substituindo a de 1940, privilegiando a religião católica em todos os aspectos e domínios. Para quem não saiba, esta Concordata têm 33 artigos, e o 26º isenta fiscalmente a igreja católica de pagar impostos sobre os seus rendimentos ou as dos seus ofertantes. Gostaria de saber se também existe algum acordo com o Chefe a igreja Anglicana o Arcebispo de Canterbury, ou com os Xeques, Imãs, Aiatolas e Mulás da religião Islâmica, e finalmente com o Patriarca da igreja Ortodoxa na cedência de idênticas facilidades ou benefícios dados pelo governo que apregoa a sua laicidade e distanciamento em relação ás religiões. Por outro lado o mesmo principio se deveria aplicar em relação á morte, pois neste caso já temos uma palavra a dizer quando em vida transmitimos os nossos desejos em relação á forma como desejamos que as nossas exéquias sejam processadas. Como seres humanos pensantes a Constituição Portuguesa outorga-nos e conferem-nos certos direitos, liberdades e garantias inalienáveis de podermos exercer as nossas escolhas e opções sejam elas de que teores forem desde que não entrem em conflito ou colisão com as leis da sociedade onde nos encontramos inseridos violando os direitos de terceiros. Os nossos gostos pessoais só a nós dizem respeito desde que não os publicitemos ou partilhemos fora do nosso foro social ou privado, afim de não ferirmos sensibilidades. Temos todo o direito a ser agnósticos, votar em branco, ser homofóbicos, racistas, xenófobos, apologistas da pena de morte, do corte das mãos em caso de roubo, detestar o Ronaldo, o Futebol Clube do Porto, Benfica, Pinto da Costa ou o boçal do Jorge Jesus. Podemos ser a favor do aborto, eugenismo e eutanásia, ser nacionalistas ferrenhos ou apologista de enforcamentos públicos. Obvio que nem todos teriam possivelmente a coragem de subir para cima de um caixote no Rossio e começar a discursar sobre os temas supracitados fazendo a apologia dos mesmos, contudo se fosse em Londres no Hyde Park no chamado “SpeakersCorner”, teriam esse direito e ninguém se sentiria ofendido ou melindrado, pois faz parte da cultura democrática e educação do povo Inglês, ouvir e rebater se assim desejarem o discurso do orador. Há países onde a democracia se encontra em patamares adultos bastante evoluídos, e noutros onde ainda gatinha. Não sejamos hipócritas ao ponto de negarmos certas evidências nas formas comportamentais do nosso quotidiano pois todos nós descriminamos e segregamos em relação a pessoas e coisas, quer por uma razão ou outra. Em relação às pessoas quando não nutrimos empatia afastamo-nos delas, sem que tenhamos obviamente de nos justificarmos ou de as fazer sentir ostracizadas, da mesma forma de que se não gostamos de favas ou tripas á moda do Porto, não temos de as comer. Existem formas subtis de fazermos sentir aos outros que não são bem-vindos ou que estão a mais, quando estes não são suficientemente inteligentes para tirarem essas conclusões de moto próprio. Ninguém tem que se sentir obrigado a socializar com um negro, ouvir um católico beato dissertar sobre a Bíblia, um fanático Benfiquista falar cheio de paixão sobre o seu clube. Temos a prerrogativa de detestar o Passos Coelho e o PSD, ou de não querermos associar-nos a homossexuais, açorianos por causa do seu sotaque, ser vistos com narigudos, com quem tem joanetes ou que quando quem fala troca os V’s pelos B’s. Temos a opção de detestar imigrantes ou de nos tornar membros de um partido Neonazi fazendo a apologia da não miscigenação ou de recambiar todos os emigrantes para os seus países de origem. Assiste-nos o direito de apelar a uma nova cruzada contra os Muçulmanos a fim de os erradicar do cimo da terra. Ninguém tem o direito de contestar as nossas decisões pessoais, desde que não as transportemos ou façamos eco delas em público incitando á violência. Temos o dever de ser reservados e recatados especialmente quando sabemos que as reivindicações podendo ser polémicas dêem origem a exacerbar e extremar posições de forma pouco cívica 2-6-2014

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