domingo, 4 de outubro de 2015

MANIQUEÍSMOS

Há muito que sou criticado pelo anarquismo religioso de que perfilho. O meu conhecimento e longas reflexões sobre religiões, fé, dogmas, crenças e deuses imaginários, levaram-me aos patamares superiores da heresia ateísta da qual publicamente me orgulha e não escondo de ninguém. O meu profanismo laicista levou aqueles que vivem hipocritamente acomodados dentro da religião a terem o atrevimento de me invectivarem de que não possuo moral, que a minha conduta de apostasia é criticável, ou que por não acreditar na existência de deuses de que não sou uma boa pessoa. Será que para se ser considerado bom temos que ser religiosos, ter fé e um Deus? Mas que raio de maniqueísmo é este? Que tipo de silogismo irregular de Kant se pode aplicar neste caso? Ser branco+heterossexual+católico+seguir os preceitos da bíblia é igual a ser-se BOM, o contrário é ser-se MAU. As conotações bíblicas são determentais para com os negros, homossexuais e com as mulheres que são tratadas abaixo de cão. Dê acordo com alguns dicionários, a definição da palavra moral, tem a ver com: bons costumes, justiça, honestidade, decência mas obviamente mal daqueles que agindo dentro dos parâmetros de uma integridade e forte estrutura moral praticando todas as virtudes acima citadas não forem religiosos e crentes, serão sempre apontados pelos religiosos nas suas comunidades como foras da lei. Coitados daqueles que pensam que para se ser um bom cristão que devemos seguir criteriosamente à letra os códigos de moralidade duvidosos e obscuros descritos na bíblia que possuindo o rótulo de livro sagrado se arroga ao direito de que as suas verdades sejam universais e imutáveis. Na minha modesta opinião o Velho e Novo Testamento tem descrições condenáveis, aberrativas, injuriosas, xenófobas, racistas, machistas de uma falsidade escandalosa e só quem nunca leu, interpretou e dissecou a bíblia atentamente pode acreditar na enormidade de afirmações, já desmentidas pela ciência e aceites pela própria que as considera como imagens de estilo ou metafóricas para ilustrar ideias. A igreja continua a propagar, encobrir há milhares de anos mentiras e escândalos que mancham a sua imagem de santidade e integridade. Acredito que a grande maioria dos cristãos não chegou a ler nem um 1/3 da bíblia, quiçá ela inteira. Você acha certo que a submissão feminina ao homem, homossexualidade, aborto, uso de preservativo, união entre pessoas do mesmo sexo sejam situações condenáveis pela igreja e aceites de bom grado por religiosos ou profanos dotados de alguma massa encefálica e inteligência mesmo que medianas? Se você se considera uma pessoa minimamente decente e está com as suas faculdades mentais em dia, acredito que a resposta seja a da rejeição total deste conservadorismo anacrónico, medieval e persecutório demonstrado ao longo dos séculos pela igreja. Como nunca gostei de fazer afirmações gratuitas vamos ver e ler o que nos diz a bíblia numa das suas passagens sobre as mulheres. A bíblia apoia por exemplo a escravidão, ela ainda nos diz que você deverá ser circuncidado e se não for, será extirpado (ou arrancado, desenraizado), de seu povo. Acredito que todos saibam o que é circuncisão é o acto que implica cortar um pedaço do prepúcio chamado de freio no seu pénis, pouco tempo após o seu nascimento o que acontece especialmente na religião judaica. Muito sinceramente acham que Deus não tem nada mais para fazer para além de se preocupar com pénis dos cidadãos do mundo? Obviamente que se a sua existência fosse real não se preocuparia. Vamos a mais outro excerto deste livro dotado de moral e bons costumes. Vender as filhas? O que será que Deus acha disso. Êxodo 21 – 7 a 11, além de Deus apoiar a venda de esposas ou filhas para serem escravas, ele ainda diz que, se o homem não agradar-se delas, ele não poderá vende-las a um povo estranho, pois seria deslealdade para com elas. Como Deus é condescendente para com as mulheres não deixando os homens malvados venderem suas esposas para um povo estranho, mas para os conhecidos e amigalhaços podem fazê-lo. Estas decisões bíblicas são anedóticas, como é que alguém no seu perfeito juízo e bom senso pode aceitar vender as filhas como escravas, caso os seus esposos não gostarem dela. Que exemplo de bondade e moralidade. Esses dois são apenas alguns dos muitos exemplos que encontramos na bíblia da não bondade divina, sendo obrigados a concluir que DEUS NÃO É BOM NEM JUSTO, ele é mau, rancoroso e vingativo encorajando os povos que o ouviam e seguiam a vender, matar seus filhos, comprar escravos de cidades vizinhas, vender suas esposas para pessoas conhecidas, patrocinar incestos e estupros, destruir cidades, afogar no diluvio todos os seres vivos na terra, exceptuando os da arca de Noé. Se alguém me disser que estes actos não entram no campo das atrocidades nem merecem ser questionados, então alguém anda terrivelmente intoxicado pelo opio dos pobres a que Marx acertou na mouche quando a apelidou de RELIGIÃO. Sinceramente que não sei quais são os quesitos ou perfil de carácter necessários e exigidos para ser-se considerado um bom cristão. Tenho contudo a certeza da minha moralidade, da minha ética e da minha bondade, não preciso que nenhum Deus através de qualquer livro sagrado, padre, bispo, cardeal ou Papa, me diga como devo ser formatado ou adaptar a minha forma comportamental e humana para ser considerado uma pessoa boa ou cristã. A solidariedade, igualdade e fraternidade não se adquirem através das religiões, mas sim da forma como somos educados desde o berço. Só alguém que tem as suas faculdades mentais totalmente desreguladas precisa que o lembrem com a ameaça do céu ou inferno de que é pecado matar alguém. Ninguém precisa de se olhar ao espelho diariamente e convencer-se de que não vai estuprar a sua vizinha, derramar ácido sulfúrico na cara do seu ex-namorado, ou por um acto passional assassinar a sua mulher, ou ainda assaltar o banco da esquina, pois isso é errado e punido pela lei dos homens e não precisamos de nenhum Deus para o fazer. A moralidade bíblica é totalmente inexistente e incoerente. O cristianismo como religião, doutrina, ou seja lá o que cada um intende que é, não devia permitir que cerca de 2.2 biliões que compõem o rebanho de acéfalos aceitassem todos os dogmas que a igreja lhes quer impingir e que qualquer pessoa de bom senso rejeitaria. 30-9-2015

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