segunda-feira, 29 de setembro de 2014

A MORTE FAZ PARTE DO JOGO DA VIDA

Fazendo a morte parte do jogo da vida, e, sendo a nossa existência, uma viagem com um bilhete apenas de ida, e, consequentemente uma trajectória sem regresso, esta será sempre uma incógnita, pois nunca saberemos em circunstâncias normais, quanto tempo irá demorar. Para esse efeito, decidi em termos práticos, dividi-la cronologicamente em três estágios distintos, o nascimento, a vivência e a morte. Tentarei particularmente debater de acordo com a minha visão o último estágio da vida, o que naturalmente assusta e amedrontra a grande maioria dos seres humanos, pois todos sabemos que mais cedo ou mais tarde todos seremos inevitavelmente convocados a fenecer, quando ela decidir que a nossa hora chegou. Existem várias formas de podermos enfrentar e lidar com a morte quando ela se prepara para ceifar a nossa existência física do número dos vivos. Podemos olha-la com altivez e arrogância, tentar negociar, fugir, chorar, implorar ou simplesmente voltar as costas ignorando-a. De qualquer maneira a forma ou o estilo com que o fazemos pouco interessa, uma vez que a incumbência dela é de nos abater ao número dos vivos. Isso pode acontecer de uma forma abrupta e inesperada ou como resultado da velhice ou doença terminal. Podemos estar conscientes ou inconscientes quando ela chegar, e, enfrenta-la de uma forma pacífica e calma, ou lutando com denodo de forma rebelde e violenta. Para algumas pessoas, somente depois da sua partida encontram finalmente a felicidade, a paz e o descanso que nunca conseguiram obter em vida. A morte é um facto e uma realidade inevitável, pois parafraseando “La Palisse”, para se morrer basta estar vivo, e ninguém fica imune, quando ela se decide escolher-nos como alvo preferencial. A morte não aceita subornos nem adiamentos, não é corruptível e não se preocupa com o “status” de cada um, tipo de sangue, idade, profissão, credo, cor, raça ou filiação politica., se viste o mundo, ou se nunca deste dois passos fora dos limites da tua aldeia, se realizaste os teus sonhos ou gozaste a vida. Com a morte completa-se a trilogia da nossa existência que abarca o tempo da nossa meninice, adolescência e vida adulta. A morte não tem compaixão, e tanto pode escolher a porta do nosso vizinho para bater, como a nossa, e isto acontece diariamente em todos os continentes, cidades e vilas do mundo, pois ela. está em todo os locais ao mesmo tempo e à mesma hora, por isso é omnipresente. A morte, esse espectro descarnado e soturno que trabalha infatigavelmente 24 horas por dia, 365 dias por ano, morbidamente no negro etéreo sem descansar e sem ter férias, não fica em casa por doença, nem dá pré-aviso. A morte também não envia intimações para nos apresentarmos em tal local a tal hora, ela chega quando quer, faz o seu trabalho por vezes de uma forma anti-séptica e indolor, outras vezes torna-se torcionária e de instintos sádicos. A morte é caprichosa nos seus desígnios e tanto pode desmembrar um corpo, expondo as suas entranhas, esmagando os nossos ossos de uma forma febril e sanguinária afim de satisfazer a sua macabra bestialidade, como apenas juntado os seus lábios aos nossos selar a nossa vida com o beijo da morte. Uma vez que tenho consciência dessa inevitabilidade e irreversibilidade, tornou-se imperativo para mim, começar seriamente a equacionar de que, não sou imortal. Em face disso, quanto mais depressa me mentalizar e preparar para esse final encontro com o meu destino tanto melhor. Quando a minha hora chegar, quero morrer de pé, com dignidade, para que a minha partida do mundo dos vivos, se torne o menos dolorosa possível, para aqueles que estiverem por perto, pois pode também muito bem acontecer, que esse facto se dê sem que existam testemunhas oculares. Não faço tenção de me preocupar nem perder o meu precioso tempo, a pensar no facto se este mundo será melhor ou pior do que aquele para onde irei parar depois de morto. Tanto quanto eu saiba ainda ninguém de lá regressou para nos contar como é a vida do outro lado. Assumo que será um mundo de silêncio eterno e sepulcral, mas se for de festa, borga e divertimento também não me importo. Em virtude desse facto, que é o de não podermos fazer comparações entre este mundo e o outro, prefiro continuar a viver neste que conheço bem e onde me sinto à vontade para lidar com os problemas do quotidiano que me vão surgindo. Eu viajei pelas grandes avenidas iluminadas, mas também pelos becos sórdidos da vida. Ao longo da minha existência fiz amigos e inimigos, tenho familiares, fui casado várias vezes mas também fora disso, estive emocionalmente ligado a muitas mulheres, algumas com quem ainda mantenho diálogos de afectividade, as quais verão e sentirão a minha partida sob ângulos, vertentes e sentimentos diferentes. Para uns será a indiferença e o alívio total, para outros, que por mim nutriram sentimentos diferentes, talvez nem tanto, e, pouquíssimos serão aqueles que irão ao meu funeral. Dos poucos que me acompanharem até á última morada seja ela no Crematório ou na Cova, poucos verterão algumas lágrimas, pois esses serão aqueles que genuinamente sentirão a minha falta como amigo, mentor, amante, companheiro ou ex-marido. De acordo com alguns pensamentos teológicos, escrituras Bíblicas e as teorias evolucionistas de Darwin, Erasmo, Lamarck e Wallace, existem três mundos: O mundo da recompensa, luz eterna, felicidade, paz e bem-estar, o mundo da escuridão, sofrimento e castigo e o mundo do nada, do vazio que cientificamente termina quando o nosso coração e cérebro entram em colapso e param de funcionar, o que implica que clínica e oficialmente sejamos considerados mortos, cadáveres e uma certidão de óbito seja emitida como prova do nosso falecimento para efeitos legais. Para ser 100% honesto estou-me nas tintas e borrifando para onde quer que a minha alma vá residir (na eventualidade de ter uma), se no paraíso celeste, nas profundezas dos infernos, no purgatório para a sua purificação, num hotel de 5 estrelas, soterrada a 4m de profundidade ou ainda estorricada num forno crematório. Contudo se existir uma porta ou um túnel incandescentemente iluminado como alguns que dizem existir (porque voltaram do além), e pela qual temos de passar para atingir o mundo isotrópico ou metafísico, terei certamente 2 tipos de guardiões à minha espera: De um lado, sob a luz bruxuleante, estará morbidamente pairando no ar o espectro ignícola, saturnal e Mefistofélico do deus do mal esperando pelo momento exacto para desferir sem misericórdia o seu golpe mortal e cortar cerce a minha existência de uma vez por todas, ou então decide apenas enviar-me um aviso e a pregar-me um susto deixando bem explicitado que da próxima será de vez. Por vezes penso que a morte se diverte sadicamente em fazer-se sentir, avisando-nos apenas de forma a nos deixar estropiados. A morte na sua subtileza demoníaca veste a pele de carteiro e deixa-nos ficar a sua certidão de óbito em branco, apenas assinada, o que para alguém medianamente inteligente, poderá facilmente inferir, que a partir dessa altura passamos a viver em tempo emprestado, pois temos os dias contados. Outras vezes sentimos apenas um empurrão e saímos totalmente incólumes, mas conseguimos ouvir distintamente as gargalhadas sardónicas e alvares dela pelo gozo que lhe deu o susto que nos pregou. A morte, é a maior predadora conhecida pela humanidade e tem um arsenal ilimitado de armas mortíferas e de destruição maciça ao seu alcance, que é simbolizada por um esqueleto carregando ao ombro uma ceifadora. Esta arma agrícola e afiada, manejada com uma perícia invulgar, arranca as nossas vidas das raízes que nos ligam aos nossos pequenos mundos de uma forma indiscriminada e aleatória como ervas daninhas. Também pode acontecer, que um dia tenhamos que ser nós ou os nossos familiares, de uma maneira humilde e voluntária a implorar ou a requerer os seus serviços, afim de intervir e terminar com a nossa existência. Isto pode acontecer quando nos encontramos num estado de dependência total de terceiros, amorfo, vegetativo ou ainda em sofrimento excruciante devido a uma doença terminal. É curioso, como nos casos acima mencionados, a morte passa despercebida ou anda normalmente arredia dos locais onde é desejada, ou então falta aos compromissos previamente assumidos desmarcando e remarcando novas datas e horas para intervir o que, como é óbvio, prolonga o nosso inenarrável sofrimento. Do local privilegiado onde quer que se encontre, ela vai observando impávida e serena as nossas convulsões espasmódicas entre estertores de agonia, dor e sofrimento. Lá do alto, como que em extâse orgásmico, ela delira em ver o nosso corpo inerte a estiolar, e, já sem vida, de olhos vidrados, começamos a arrefecer e arroxear. Eu pessoalmente, penso que jamais me sentirei em pânico ou aterrorizado pela morte, venha ela da forma que vier, disfarçada, ou na sua roupagem habitual. Contudo, não serei imprudente ao ponto de a desafiar gratuitamente se não estiver psicologicamente preparado para o fazer. No entanto, se eu sentir que a morte tenta persistentemente fazer de mim o seu alvo preferencial, quer em ameaças quer em partidas de mau gosto para ver se as minhas reacções são de carácter fatalista, conformista, rebelde, desafiador ou provocativo, pode ter a certeza que a não desiludirei, e lutarei com todas as forças do meu ser e com todas as armas ao meu alcance para a pôr fora dos meu limites territoriais. Penso que a vida seria desinteressante se todos soubéssemos desde o momento que nascemos qual o dia e a hora em que iríamos morrer. O nosso natural apego á vida tudo faz para que prolonguemos o mais possível a nossa estadia entre o número dos vivos. O meu sentido de percepção, e vigilância estão refinados, os meus músculos retesados como cordas de guitarra, os meus dentes cerrados de raiva e a minha determinação e voluntariedade nunca foram tão fortes como agora para a desencorajar de rondar os meus domínios, e a fazer bater em retirada para outras áreas remotas. Por vezes não existe nada que possamos fazer, o destino, a coincidência, o acaso o azar ou a conjunção de muitos outros factores podem determinar um papel importante naquilo que as nossas decisões momentâneas nos fazem incorrer. Não gosto de usar a palavra destino, pois esse será aquele que nós decidimos que queremos e nunca o que a vida, Deus, destino ou terceiros tem planeado para nós. Não nascemos sobre uma boa ou má estrela, nem predestinados para voos altos médios ou baixos, uma vez que ninguém determina á partida se vamos ser gordos, magros, altos, baixos, felizes, infelizes, estúpidos ou inteligentes, com sorte ou azar ou se vamos morrer cedo ou tarde. Basta por exemplo estarmos no local errado na hora errada para que acontecimentos inexplicáveis possam de uma forma decidida, prematura e abruptamente cortar cerce a nossa existência sem sequer nos apercebermos desse facto. Tal como um sonho prazenteiro, que num volte face se torna num pesadelo, assim a nossa existência pode mudar ou terminar numa fracção de segundos. Quando o nosso corpo entra na recta final já em contagem decrescente, começamos a sentir gotas de diaforese frias rolarem pela face pálida abaixo enquanto que o nosso corpo de uma forma agitada se revolve e contorce, e a nossa boca emite sons guturais e inteligíveis, e nós num esforço titânico nos agarramos a tudo o que podemos: esperança, fé, medicamentos, cirurgia, na derradeira tentativa de manter o fiel da balança equilibrado entre os pratos da morte e da vida. Eventualmente a nossa batalha contra esta adversária poderosíssima poderá ser perdida, pois a sua insolência, arrogância indómita e inumana, tudo fará o que estiver ao seu alcance, para nos arrastar até ás profundezas da terra onde a escuridão é eterna. A morte tem como qualquer vendedor objectivos e quotas a cumprir e como mandatária de seu amo e senhor tem que diariamente lhe entregar umas largas centenas de milhares de vítimas que ela ceifa pelo mundo fora. Se eu contudo, resistir decidindo vender cara a minha vida, trocando-lhe as voltas, contudo a sua presença impregna o ar com o seu cheiro nauseabundo que ela exala do seu corpo fétido. Esse ceifeiro, vestido de negro, que como um abutre paira sobre a minha cabeça esperando que eu me fine para depois de uma forma necrófila se banquetear comigo, vai ter que esperar um pouco mais. Neste interim, talvez consiga que ela perca o norte se distraía procurando outro cliente. A morte actua como cobradora musculada de almas incobráveis, portanto ao fim do dia tem que mostrar trabalho aos seus patrões, Deus e Satanás. Enquanto tento reabrir os meus depauperados olhos para perscrutar a escuridão que me envolve e cobre a membrana da retina o que me impossibilita de definir claramente as silhuetas que me são enviadas pela mente como em mensagens de vídeo conferencia, tento adivinhar qual a forma traiçoeira que ela escolherá para me atacar. Este tipo de holograma que é projectado no ecran colocado na parte posterior do meu cérebro, permiti-me ainda que indistintamente ver os contornos esquálidos do bode satânico, que de uma forma abjecta e grosseira, espera escondido que as minhas ultimas forças, abandonem definitivamente o meu depauperado corpo, afim de ela começar o banquete. Vejo-a saltando e gesticulando fazendo carantonhas diabólicas, trejeitos diabris, vituperando dicazes vitriolos, vociferados por aquela fossa desdentada, que ressoam como tambores batidos freneticamente numa dança tribal nos meus ouvidos, como trovões, ou o som de morteiros estrelejando no ar, num dia festivo de qualquer aldeia rural. De repente, consigo ver a minha alma projectada no futuro, algemada e aguilhoada pela minha perversa e impiedosa carcereira. Sinto os últimos momentos de consciência serem esvaziados do meu corpo, pois o tremendo esforço que fiz em manter alguma lucidez está prestes a entrar em colapso e a sintomatologia do “rictus mortis” é mais do que evidente. O hediondo e ossificado esqueleto, ressuscitado do hipogeu, continua brandindo em levitação a sua ceifeira reluzente, enquanto a sua dança grotesca e macabra, continua a fazer-se em ritmo alucinante, apenas interrompido pela suas gargalhadas satânicas de um triunfalismo prestes a ser celebrado. O esforço dispendido para lutar contra a rainha das trevas, deixou-me num estado de inanição total, e, só o esforço de movimentar os meus olhos me deixa exaurido. O fenómeno e o processo da desmaterialização do corpo está prestes a começar. O ciclo do exicío que se inicia com a libertação do espírito para o excelso ou para o abismo, está quase que terminado. O meu corpo dá os últimos estertores convulsivos, como se um tremor de terra tivesse começado dentro dele. Os músculos entram em colapso total dando os últimos esticões por acção reflexa, como se um automóvel estivesse a parar por falta de gasolina. Todos os meus órgãos internos pararam de obedecer ás ordens imanado do cérebro que desesperadamente envia S.O.S’s, no entanto, as mensagens já não conseguem atingir os seus destinos como se a electricidade tivesse sido desligada por falta de pagamento. O meu corpo encontra-se finalmente todo paralisado como se de uma greve geral se tratasse; os vapores da vida, tal como os do álcool, começam a evaporar-se e o som do manto fúnebre flutuando sobre o meu corpo faz-se sentir, asfixiando alguma lógica de pensamento que ainda resta no meu cérebro já deficientemente irrigado. Os meus olhos pararam de rolar sobre si mesmo, e mantêm inertes, apenas mostrando a sua parte branca. O meu corpo esfriou numa hipotermia indicativa que o fim do ciclo da vida finalmente atingiu o seu terminús. Ela conseguiu mais um troféu para a sua colecção, e a partir de agora, tornar-me-ei mais uma alma e um corpo entre milhares de outros, que diariamente vêm engrossar as hostes das que flutuam pelo Universo, esperando a sua reencarnação para aqueles que nela acreditam. Quanto ao corpo existem várias alternativas para dispor dele, umas mais dispendiosas outras nem tanto. Poderemos ser incinerados num crematório e reduzidos a cinza, ir para o jazigo de família se formos pessoas de posses, para a vala comum se formos indigentes, ou para uma cova funda durante uns anos, até sermos comidos pela bicharada e transladados. A minha vida nunca foi vivida dentro dos parâmetros de qualquer religião, por isso penso que será extremamente difícil para o meu espírito encontrar a direcção certa quando abandonar o meu corpo, e, isso criará certamente, alguma dificuldade para a minha alma quando chegar a vez dela prestar contas a um qualquer deus que se atreva a julga-la. Penso que nunca estarei preparado para testemunhar, fazer algum teste, exame ou penitenciar-me aos olhos de alguém. Estou preparado para desafiar a ira de quem se atreva a atirar a primeira pedra. Se algum Deus tiver o atrevimento de me tentar julgar, também terá que me ouvir, pois todos eles, sem excepção, têm culpas no cartório. Tanto estou preparado para me confrontar com Deus ou com o Diabo, portanto não vivo em pânico nem amedrontado com essa visão. Para aqueles que acreditam na vida extra-terrena e na imortalização da alma, a morte talvez não constitua um problema, uma vez que todos eles pensam que voltarão um dia encarnados seja no que for. A minha alma talvez se torne numa alma penada expiando os seus crimes vagueando sem eira nem beira pelo espaço cósmico. Devido ás minhas crenças, não pretende ter espaço debaixo de nenhum dos tectos (igrejas, sinagogas, mesquitas ou templos) existentes ao cimo da terra. A minha alma foi ao longo da minha vida, uma servil e dedicada testemunha da minha existência, das minhas dúvidas existenciais, dos meus conflitos internos, dos meus desapontamentos e frustrações por decisões que tomei e das quais não sinto orgulhoso. Muitas vezes, ouvi a sua voz de critica, outras de condenação e discordância, mas também fui por ela felicitado pelas decisões, sábias, justas e equitativas. Contudo, quer numa situação quer noutra, nunca parei para receber aplausos nem para ouvir reprimendas e a todas elas fiz ouvidos de mercador. Por vezes, as suas interferências eram tão desagradáveis que a amordacei, afim de viver exclusivamente com a minha verdade nua e crua da vida, a qual não tinha cor, sabor ou cheiro. Não me recordo de alguma vez ter pactuado ou encoberto situações injustas, a minha verdade foi assente e construída na solidão, melancolia, disciplina, egoísmo, prazer, gozo e paixão. A minha verdade, não foi herdada dos meus pais nem aprendida em nenhuma Universidade ou Igreja, não foi lida em livros, ensaios, tratados ou sebentas clandestinas fotocopiadas de livros banidos pelos governos. A minha verdade foi vivida, repensada, amadurecida, foi saber estar no parapeito do mundo e não cair, foi continuar a viver com o coração perfurado por espinhos aguçados, foi progredir de descoberta em descoberta, foi passar de uma experiência para outra, foi ter que tomar decisões importantes, alimentar os olhos, coração, espírito e sexo quando eles me exigiam. A vida para mim foi uma longa aprendizagem, e todo o conhecimento apreendido se irá perder com a minha morte, será por conseguinte mais uma biblioteca que arderá para todo o sempre. Este principio tanto se aplica a um académico como eu, como a um velho octogenário analfabeto que sempre viveu no seu mundo rural. Vivi épocas de sonhos destruídos, mas também as de objectivos gratificantemente concretizados. Passei por muitas escolas e universidades, mas a que melhor me lembro, foi a escola da vida, e das centenas de anónimos, com quem tive o privilégio de lidar, com quem aprendi o muito que sei hoje. Foram pessoas que não frequentaram nenhuma universidade, mas que eram catedráticos excelentes, nas suas filosofias de saber viver a vida. Eu adoro a vida, muito embora hoje tenha escrito sobre a morte de uma forma objectiva e desapaixonada, e como a não podemos dissociar da vida, é bom que tenhamos sempre bem presente a sua omnipresença, omnisciência e omnipotência. Quantos aos deuses que regem o mundo, e os seus devotos na terra a sua performance ao longo dos séculos não tem sido brilhante, por isso estou plenamente convencida de que se Jesus voltasse a este mundo novamente, ficaria nauseado e vomitaria com o tipo de mundo e a humanidade que nele habita e que o seu Pai fez o favor de criar. Vilamoura 2000

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