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segunda-feira, 29 de setembro de 2014
A TERCEIRA IDADE
Nesta última fase da minha existencial, onde o tempo não me falta para questionar, reflectir e ponderar seriamente sobre determinados aspectos essenciais da minha caminhada pelo meu percurso vivencial, acho que chegou o momento de olhar para dentro de mim próprio, e avaliar se a minha longa caminhada pela vida, justificou ter vindo ao mundo. Por vários períodos temporais, tive vivências compartilhadas, outras vezes caminhei sozinho por períodos mais ou menos longos, mas sempre por opção pessoal. Penso ter chegado o momento de equacionar quais aspectos positivos e negativos desta vida aventurosa a qual foi intensamente vivida, independentemente das fases que atravessei. Chegou portanto o momento em que terei que pensar seriamente na inevitabilidade da morte, como um dado absoluto e inequívoco. Num dia pré-determinado ela cortará cerce a minha existência para todo o sempre. Este encontro que se encontra aprazado para uma hora de um dia, de um mês e ano, ainda para mim desconhecido, mas que ao mesmo tempo me fascina, pois é como se tivesse a espada de Democles permanentemente pronta a cair sobre mim. Esta sensação de imponderabilidade que é o de viver no fio da navalha, não só estimula os meus sentidos como potencia o meu desejo de viver cada minuto da vida até ás últimas consequências. Esta dualidade de sentimentos pode parecer á primeira vista pouco ortodoxa, contudo reflecte o meu presente estado de espírito.
Como este encontro será o mais importante de toda a minha vida, e, ao qual não poderei fugir, faltar ou adiar, vou ter que me preparar para ele, como se de um exame de final de curso se tratasse ou de defender uma tese de doutoramento. Este “rendez-vous” está marcado desde o momento em que um dos espermatezoides de meu pai fecundaram um dos óvulos de minha mãe numa noite fria de Dezembro dando início a um processo genético de gestação que me fez ver a luz do dia 9 meses depois numa manhã ensolarada de Agosto. A morte, cumprindo o seu ciclo inexorável, um dia reduzirá a pó ou a cinzas conforme os meus desejos finais forem expressos antecipadamente, aquele homem que viveu em dois séculos diferentes, procurando nunca atraiçoar os seus ideais ou as suas convicções morrendo de pé e sem arrependimentos de última hora.
Esta vida que herdei dos meus pais, tem implicado uma grande responsabilidade, pois gerir equilibradamente uma vivência tão atribulada e acidentada como a minha, não é tarefa fácil para ninguém. Procurei sempre manter-me física e mentalmente saudável evitando situações de risco ou de actos inconsequentes de auto destruição. Se eu eventualmente como opção de vida, tivesse decidido enveredar por caminhos sinuosos de alto risco, que pudessem vir a por em causa de forma abrupta o encontro que desde a minha concepção está aprazado com o Deus Criador, estaria a defraudar as expectativas de um Juiz, que teria que adiar ou antecipar o julgamento pela não comparência do réu na data por ele fixada. Não quero aqui discutir nem enveredar por teses teológicas sobre a existência de Deus ou Deuses, uma vez que não me sinto qualificado para debater, aceitar ou negar essas evidências. Quando acima menciono o julgamento final perante o Deus Criador espero que não se depreenda disso que sou crente, devoto ou seguidor de qualquer religião ou doutrina. Contudo na eventualidade dele existir, quero estar preparado para essa confrontação. O desprendimento pela vida aumenta com a idade e com o estado de saúde ou de sofrimento de cada pessoa. Por outro lado, também está intrinsecamente ligado aos projectos pessoais de que cada ser humano foi construindo ao longo da vida e da possibilidade que tiveram ou não de realizar os seus caprichos, sonhos, ambições e objectivos. Se por falta de tempo, dinheiro, planeamento ou oportunidade foram adiando e guardando para a recta final das suas vidas, depois da reforma, fazê-lo, pode eventualmente acontecer que nunca venham a realiza-los quer parcialmente quer em toda a sua plenitude. Quando isso acontece as pessoas chegam á triste conclusão de que o tempo não volta para trás, e, então enchem-se de azedume, mágoa e frustração por não terem concretizado esses sonhos enquanto tiveram possibilidade de o fazer. Dentro das limitações e condicionamentos que me foram impostos pela própria vida, penso que a preenchi devidamente através de todos os escalões etários que atravessei, nunca bloqueando ou reprimindo os meus instintos naturais independentemente do meu estatuto da altura. Vivi a minha vida com grande intensidade e paixão, e dela guardo momentos inolvidáveis de prazer e êxtase que me preencheram completa e integralmente quer o corpo como a alma. Hoje ao atingir esta idade madura onde adquiri experiências e sapiência, penso que chegou a altura de começar a redistribuir o muito que recebi e acumulei ao longo da vida, quer em vivências, conhecimento, amor, sensatez, moderação etc. O meu equilíbrio físico, mental e espiritual permite-me estar em paz comigo próprio e com o mundo sem conflitos necessidade de penitências, contrições ou remorsos.
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