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segunda-feira, 29 de setembro de 2014
A VERDADE
Agradeço o seu e-mail e obviamente que a minha argumentação na tese que abaixo desenvolvo, não é uma resposta directa ou indirecta ás suas convicções religiosas ou ao empirismo filosófico como interpreta a existência do seu Deus, mas apenas a minha opinião sobre o e-mail que me enviou intitulado “A VERDADE”, da entrevista que a filha do Sr. Graham concedeu á Jornalista que a entrevistou no Early Show. Posso desde já garantir-lhe antecipadamente que da minha parte não existem fanatismos, paranóias ou desequilíbrios emocionais quer fale de religião, futebol, politica, aborto, pena de morte, racismo, eutanásia eugenismo ou qualquer outro assunto polémico e controverso. Vejo todos estes assuntos de uma forma desapaixonada e com um distanciamento saudável que nunca me permite perder a forma esclarecida, racional e lógica de os comentar, respeitando obviamente o espaço necessário para o contraditório. Depois deste pequeno intróito vamos ao que interessa, ou seja os meus comentários á dita entrevista.
As verdades veiculadas pela Tv. americana não são mais verdadeiras do que as verdades de qualquer outra televisão de um outro país civilizado do mundo. Para mim a credibilidade é idêntica, já não falando nas armas de destruição maciça que diziam que o Iraque possuía e que finalmente não passaram de uma vergonhosa mentira, para arranjarem uma desculpa que lhes desse acesso a irem chafurdar no petróleo que não lhes pertencia.
Por outro lado, a opinião da filha do Sr.Graham é apenas a sua visão de certos aspectos de que a sociedade americana enferma. A referida senhora não deve ter muito “cartel” (termo tauromáquico) pois nem direito teve ao seu nome na entrevista, usando para esse efeito o apelido do seu mundialmente famoso pai, pregador evangelista da igreja Batista norte americana. Este, durante as suas pregações pelo mundo inteiro, advogava que as pessoas poderiam chegar ao reino dos céus através de uma outra forma, sem que obrigatoriamente tivessem que seguir o evangelho de Jesus Cristo.
Em primeiro lugar a pergunta da jornalista Jane Clayton parece-me estúpida e de uma imbecilidade confrangedora quando lhe colocou a seguinte questão: “Como é que Deus teria permitido que algo tão horrendo tivesse acontecido no dia 11 de Setembro”? A pergunta é feita sobre a assumpção que Deus existe, e ainda por cima de um Deus católico ou Cristão, e isso na minha modesta opinião é um erro crasso de jornalismo, uma vez que não auscultou todos aqueles que são crentes em outras confissões religiosas ou descrentes, que sendo membros da sociedade americana também têm o direito de se fazerem ouvir e opinar sobre o mesmo tema. Ou então a referida jornalista deveria ter reformulado a pergunta de forma diferente dizendo por exemplo isto: “ Na eventualidade de Deuses existirem como foi que eles permitiram que algo tão horrendo acontecesse”?
É obvio que jornalistas tal como advogados em tribunal, quando interrogam os réus lhes fazem perguntas capciosas, deixando-lhe na boca respostas implícitas. Deus não tem o poder de impedir, evitar ou consentir os acontecimentos que afligem, ou aterrorizam os terráqueos, sejam eles consequência de fenómenos naturais, ou que sejam deliberadamente provocados pelo homem. Contudo, a ingenuidade das pessoas não se apercebe disso, e levam-nos a evocar o nome de Deus da Virgem Maria e de todos os santos conhecidos em vão, para evitar catástrofes, minimizar prejuízos, ou pedir favorecimentos sem se aperceberem que as suas preces nunca serão ouvidas nem atendidas. Gostava de saber porque é que a senhora jornalista não se atreveu a entrevistar nenhum presidente dos USA, perguntando-lhes por exemplo, porque é que Deus permitiu que os americanos erradicassem de Nagasaki e Hiroshima mais de um milhão de Japoneses com duas bombas atómicas?
Porque é que não condenaram os pilotos e a tripulação do bombardeiro Enola Gay por actos de terrorismo, como fazem presentemente aos árabes que estão presos em Guantanamo, os quais nem sequer julgados ainda foram devido a uma lei feita á pressa por George Bush que entrou em contravenção com aquilo que o Supremo Tribunal dos Estados Unidos decretou.
A mim, e a todos aqueles que perderam amigos e familiares, preocupa muito mais o que a humanidade em geral pensa do ataque vil e traiçoeiro ás Torres Gémeas, do que aquilo que Deus, Jesus Cristo ou a Santíssima Trindade possam pensar sobre o mesmo assunto. E na eventualidade de terem pensado, nada ainda disseram passados todos estes anos. Deus não interfere na vida de ninguém, nem nas acções que praticamos, pela simples razão que não existe, e como tal, não tem poder para alterar a forma comportamental dos homens, o equilíbrio do Universo ou as leis da natureza, quando elas se expressam de forma destruidora ou na beleza indescritível, natural e encantadora do desabrochar das flores na primavera. Deuses são mitos que foram criados em várias regiões do mundo, por povos de etnias e culturas diferentes para impor respeito, apaziguar ou atemorizar mentes menos esclarecidas e congregar á volta de um ser invisível milhões de crentes que devotadamente ou fanaticamente nascem, vivem, lutam, se imolam e matam em nome dos seus Deuses ou na propagação de uma fé doentia e cega. Quando uma mentira nos é dita desde a nascença milhares de vezes, e somos empurrados pelos nossos pais para a persecução dessa formatação mental, mais tarde ou mais cedo acreditamos nela como uma verdade indiscutível. Eu sou uma pessoa que nunca precisei de bênçãos de ninguém, quer de padres ou de Deus. Apenas agradeço aos genes dos meus progenitores aquelas com que fui dotado desde a nascença, as de um corpo e mente saudáveis, as quais procurei manter e desenvolver ao longo da minha vida. Nasci e fui baptizado como católico, mas com o decorrer dos anos, mercê das minhas vivências e o despertar da minha consciência, a minha crença acabou por falir e abjurei tornando-me apóstata, sem contudo adoptar nenhuma outra religião. Alguns anos mais tarde e depois de muito maturar e ler sobre religiões e doutrinas acabei por optar pelo ateísmo. Existem duas correntes ateístas os teóricos e os práticos. Os primeiros apenas se limitam a negar a existência de Deus, os segundos que é o meu caso, assumem as consequências dessa negação sobre a não existência de Deus.
Assim como os cristãos acreditam piamente na existência de Deus, realizando actos de fé em seu nome, pelas suas convicções, muito embora não tenham provas da sua existência, também eu tenho o direito ás minhas da sua não existência, mas por razões diferentes. E desde que possamos coabitar sem atritos nem conflitos respeitando-nos reciprocamente pelas nossas crenças, o mundo continuará impávido e sereno a girar sem problemas.
Todos os estados democráticos do mundo Ocidental com excepção do islâmico deveriam ser laicos distanciando-se de qualquer religião, mesmo que esta seja maioritária no seu país. Infelizmente a igreja é um polvo enorme com tentáculos em muitos lados, tentado de uma forma encapotada estar associada a governos de forma indirecta para colher benefícios.
Acho muito bem que seja proibido orar nas escolas públicas, ou ler exclusivamente a Bíblia, para isso existe as igrejas a catequese os cursos de cristandade ou escolas étnicas privadas. Para se ler a Bíblia nas escolas então também se devia ler o Talmude, Tora, Corão, Anacletos de Confúcio, Livro de Mórmon, Avesta, Tão To Chin, Mahabharata, Bhagavad, Gita-Ki ou Buddha e não apenas preferenciar o Cristianismo segregando os outros livros sagrados. Uma vez que existem verdades em todas as religiões, e todas elas defendem óptimos princípios morais, não vejo qualquer razão para que existam tantos conflitos bélicos em que povos se digladiam por razões religiosas. O budismo não pode ser tratado como religião uma vez que é mais uma filosofia de vida e os Budistas não têm um ser criador para ser adorado, mas sim 84.000 ensinamentos onde através da prática Dharma se aprende a controlar e pacificar os diferentes estados mentais.
As escolas são para ensinar e instruir os alunos, a educação e disciplina devem ser dadas a partir do berço pelos progenitores ou encarregados de educação, os quais não podem nem se devem demitir dos seus deveres de pais, endossando essa responsabilidade para os professores que não têm formação para esse fim. Para punir, castigar exigindo ordem, método e disciplina existem os reformatórios, casas de correção ou prisões, eu até sugeria campos de trabalhos forçados. Acho que devemos dar aos nossos filhos todos os preservativos de que ele necessitem bem como alguma formação de carácter sexual o que em minha opinião deveria ser feito pelas escolas, mas que o pudor atávico dos países anglo-saxónico não permite. Já que o Chefe da Igreja católica o Papa condena o uso de tal profilático, por isso compete aos pais advertirem os filhos (as) do risco e as doenças mortais HIV e Hepatites, que os podem contaminar se não tomarem as devidas precauções. Revistas de homens ou de mulheres nuas não chocam nem causam dano a ninguém, a filha do Sr. Graham devia preocupar-se mais com o alcoolismo, droga, bulimia, anorexia, tabaco e a gordura que mata milhares de americanos por ano devido aos “fast foods”, em detrimento de comida de qualidade. Na Net tudo se publica, do bom e do mau, é tudo uma questão de escolha, mas no caso dos adolescentes, compete aos pais o dever de estarem atentos e vigilantes aquilo que seus filhos procuram ver na Net. No que respeita á pedofilia obviamente que é crime abominável que deve ser severamente punido até com a castração, felizmente que ela não aparece na Net livre e gratuitamente. Obviamente que existem endereços para esse fim, mas o comum dos cidadãos não os encontra nem tem acesso a eles. A essas páginas apenas tem acesso pessoas dentro de um círculo muito restrito, exigem palavras-chave que mudam regularmente, e apenas algumas pessoas recomendadas por outras a elas têm acesso. Desafio qualquer cidadão comum a tentar entrar numa desse “sites”. Causa-me muito mais preocupação o acesso livre a “sites” onde explicam detalhadamente o fabrico de bombas, compra de armas, ou de dispositivos electrónicos de escuta para devassar a privacidade de terceiros.
Se os nossos filhos não sabem distinguir o bem do mal, entre o certo e o errado e isto não lhes causa qualquer incomodo aos pais, não culpemos os professores, a internet, as revistas de nus artísticos, mas sim os próprios pais que por incapacidade de gerirem devidamente a educação dos seus filhos, delegam em terceiros a missão de o fazer. A legitimidade de castigar, repreende, admoestar e educar os filhos compete exclusivamente aos pais, só que por comodidade e outras razões se demitem de o fazer. Quando lidamos com energúmenos recalcitrantes, umas cinturadas bem aplicadas ou uns chapões na focinheira não matam mas deixam mossa, portanto que nenhum pai se iniba de aplicar os correctivos necessários de acordo com as patifarias dos seus filhos. São os pais que colhem o que semearam e criaram e não arranjem bodes expiatórios para culpabilizar a sua incompetência de educadores. Alguns pais é que precisavam de ser educados, por alguns pais de que há 50 anos atrás, e sentirem na pele o que era a educação á moda antiga, talvez com algumas lições de chicote, porrete e palmatória sentidos no coirão, pudessem avaliar o sucesso dessa metodologia que operava milagres noutros tempos.
Deus não responde a ninguém pois é cego, surdo e mudo, desde que a humanidade o criou.
Não entra em lado nenhum quer seja convidado, desejado, querido ou mal amado. Os humanos na idade media quando viviam na obscuridade pela falta de cultura e literacia eram muito mais religiosos do que hoje, por isso construíram pelo mundo inteiro opulentas e megalómanas igrejas e catedrais para albergar os seus ícones, feitos de barro, madeira, metais e jóias preciosas, para os adorarem. Estes Deuses certamente deveriam sentir um certo desconforto, pois segundo rezam as escrituras sagradas eram pessoas humildes e pobres e vendo os seus seguidores vivendo na miséria e em farrapos, não se deveriam sentir bem, contudo nunca reclamaram e passados todas estas centenas de anos por lá continuam a gozar desses privilégios.
Só podem culpar Deus aqueles que nele acreditam e muitas vezes o fazem, ao verem que os seus pedidos ou preces não são atendidos nem agraciados, por isso se revoltam e ocasionalmente questionam a sua existência perdendo a fé. Não existe céu ou inferno, isso são apenas imagens criadas ou eufemismos para ilustrar a ideia do bem e do mal. Os bons sobem para o reino dos céus e os maus descem para as profundezas dos infernos.
Felizmente que cada vez mais as pessoas estão a sair do armário e a ter a coragem de negarem a existência de Deus. No tempo da inquisição seriam sacrílegos e queimados vivos, hoje em dia podem perder empregos, privilégios ou serem ostracizados nas comunidades onde vivem e olhados de revés de forma pouco amistosa.
Também existe uma Bíblia e missas satânicas, e este culto tem igualmente os seus prosélitos em oposição á Bíblia sagrada e ás missas religiosas. Foi fundada por Anton Szandor Lavey intitulado pelos seus seguidores como o Papa Negro. Usam o símbolo de Baphomet que é a cabeça de bode desenhada dentro de um pentagrama (estrela de cinco pontas) invertido. Mas não me vou alongar mais sobre este tema, pois diverge da tese que venho debatendo. Devido á intransigência arcaica e conservadora da Igreja católica muitos dos seus fiéis desertaram abandonando as suas hostes, pois reconhecem que o mal, geralmente acaba sempre por ser mais compensador do que o bem.
Nem Deus nem o Diabo precisam de propaganda, e o que me espanta é que uma grande maioria de pessoas usa a internet para publicitar a existência de Deus, das suas virtudes, benfeitorias, milagres etc., pensando com isso que se tornam arautos da fé ou da religiosidade, e que Deus lhes reservará um lugar no reino dos céus pela sua devoção canina. Essa beatice aflige-me, e eu confesso que dispenso toda essa literatura que faça a apologia a qualquer Deus que reine neste mundo.
A religião é um assunto do foro íntimo e privado, consequentemente os Deuses de cada um, bem com as suas crenças ou convicções, não devem ser debatidos publicamente nas escolas ou no trabalho. As pessoas que usem os locais de culto que existem para esse efeito, quer em tertúlias ou grupos de reflexão entre pessoas da mesma congregação religiosa, sem terem que impor a terceiros quer por via oral ou escrita as suas opções eclesiásticas. Isso não só evita ferir sensibilidades, porque bem vistas as coisas, as verdades de uns não são melhores ou superiores, ás dos outros que não afinam pelo mesmo diapasão, e não há necessidade de criar cisões entre alunos ou colegas de trabalho.
Os cristãos domingueiros que se tornam demónios durante a semana, apenas atendem os serviços religiosos dominicais de uma forma hipócrita, para verem e serem vistos, ou socializarem com as suas esposas todas produzidas á saída da igreja com outros membros da comunidade. Gostam de ser respeitados como membros intocáveis e impolutos nas suas congregações ou paróquias. Estão sempre dispostos a dar gordas contribuições financeiras para os melhoramentos da igreja e mantêm uma relação cordial e amistosa com o padreca do bairro, da vila ou aldeia onde residem.
Obviamente que não envio e-mails de teor religioso a ninguém, mas não deixo de os ler e analisar até ás últimas consequências tirando as minhas ilações sobre o conteúdo dos mesmos. Apenas lamento não os poder devolver á procedência com algumas anotações como é este o caso, á pessoa ou entidade que originalmente os criou e pôs a circular.
A mim não me preocupa absolutamente nada o que Deus pensa de mim, do meu vizinho ou do mundo em geral, pois como não lhe reconheço a sua existência acho que estamos quites e com as nossas contas em dia e saldadas.
Garanto que nem ele nem ninguém, vislumbram nada do que se passa dentro do meu coração, pois este está protegido por uma couraça impenetrável que nem o raio x detectam o que ele esconde dentro de si. Ele não tem o livre arbítrio de tomar decisões ou enviar mensagens sem ordens da minha bem estruturada, organizada e esclarecida mente, que o controla, e espartilha dentro de normas rígidas imposta por quem pensa, tem senso comum, raciocina, analisa com lógica e clarividência e determina as decisões que ele deve tomar.
Deus não é culpado de nada, só podemos imputar responsabilidades, criticar, julgar ou punir quem física e materialmente existe e não uma entidade que foi virtualmente criada pela humanidade que ninguém viu nem sabe onde habita.
A criatividade de vários homens que escreveram e narraram os acontecimentos descritos no Novo Testamento deve-se essencialmente á sua imaginação, inventividade e literacia de factos que testemunharam e de outros que lhes foram relatados, é um livro interessante de ler como é o Corão ou a Tora por exemplo, mas não mais nem menos verdadeiro do que qualquer destes, portanto que ninguém assuma que a Bíblia é a única fonte da verdade absoluta e que todos a devem seguir de olhos fechados sem a questionar. Basta lê-la com atenção para nos apercebermos das suas imensas contradições.
Vilamoura 7-10-2011
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