segunda-feira, 29 de setembro de 2014

A VIDA

Durante o nosso percurso de vida acontece que de quando em vez, os nossos caminhos cruzam-se com outras pessoas, umas vezes meteoricamente outras por períodos mais ou menos longos o que nos levam a um sedentarismo temporário enquanto o encantamento dura e as decepções não começam a surgir. Quando inicialmente esses factos ocorrem, pensamos de imediato que encontrámos a peça do puzzle que nos faltava para o completar ou metaforicamente falando, que tivemos a sorte de encontrar a “nossa outra metade”. De imediato relaxamos, abrimos o coração, passamos do alerta laranja para o verde, pensando que finalmente a nossa hora chegou o que em muitos casos acontece, só que lamentavelmente, apenas em raras excepções esses relacionamentos duram até ao fim da vida de um dos parceiros. A vida tem que ser alicerçada em aspecto muito mais abrangentes do que apenas em uma boa compatibilidade sexual, pois se ela for centrada exclusivamente na beleza física e na satisfação do coito, essa relação está condenada a fracassar à partida. A vida, experiência e maturidade não pode nem deve ser contabilizada pelo número de mulheres ou homens com quem tivemos sexo ao longo da vida. È obvio que tantas mulheres como homens gostam de partilhar com as suas amigos (as) estas experiência e aventuras lúbricas como prova da sua sedução e virilidade quer no cabeleireiro na discoteca ou café. A vida também não deve ser avaliada pelo número de amigos ou inimigos que temos, se somos muito populares, bem ou mal aceites pela sociedade, nem tão pouco se carregamos um nome familiar com pergaminhos. A vida não se restringe ao facto se temos muito ou pouco dinheiro, se vestimos roupa de marca ou dos ciganos comprada na feira de Carcavelos ou do Relógio, se somos bonitas ou feios, altas ou baixos, gordas ou magros. A vida nada têm a ver se calçamos sapatos de pele de lagarto, cobra ou avestruz se andamos de sandálias, ténis, se somos loiras ou morenos, se ouvimos música clássica ou funk, se a nossa pele é branca ou escura, se temos um doutoramento ou somente o secundário, se somos inteligentes ou estúpidos. A vida não se interessa se frequentamos Country clubs, Golf, Ténis, Ginásios, Spas, ou a casa do povo local, se fumamos puros Havanos ou enrolamos “charros” à mão. A vida não se preocupa se jogamos Golf num clube elitista ou se jogamos matraquilhos na tasca da nossa rua. A vida não se importa se somos figuras públicas, atletas de alta competição, artistas conhecidos ou maltrapilhos, se dormimos na Quinta da Marinha, numa barraca, num vão de escada ou num banco de jardim. A vida é muito mais do que tudo isto que acabei de descrever, a vida é amor, solidariedade, igualdade e fraternidade, a vida é o resultado da nossa postura perante ela, aqueles que amamos e aqueles que magoamos e desprezamos, aqueles que confiam em nós e aqueles que atraiçoamos. A vida é amizade, consistência e credibilidade e deve ser regida entre aquilo que apregoamos como sendo os nossos valores e como na realidade nos comportamos e os defendemos. Mas a vida é essencialmente a forma como nós conseguimos tocar o coração dos outros ou envenena-los e, são estas escolhas e opções que exercemos, que definem o segredo de como a vida deve ser vivida, de como somos respeitados, admirados, ignorados, vilipendiados ou odiados. Vilamoura 20-10-2004

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