segunda-feira, 29 de setembro de 2014

FIDELIDADE-INFEDILIDADE

Num casamento ou união de facto existem deveres e obrigações reciprocas entre o casal. A união deve ser fundamentada no respeito mútuo, carinho, ternura, sinceridade, honestidade, compreensão e finalmente ter a capacidade de saber perdoar quando as ocasiões o exigem, afim de que aquilo que os une ou seja o amor ou a paixão sejam salvaguardados de certa tentações a que tanto o homem como a mulher estão sujeitos nas solicitações do seu quotidiano. Existem como é obvio, outros factores complementares que ajudam tremendamente a que essa união e estabilidade entre o casal se fortaleça, sendo a parte financeira uma delas, a grande compatibilidade sexual, os filhos no caso de existirem, bem como outras convenções sociais ou religiosas que possam também pesar para que o casal não sofra tanta erosão na sua vivência do dia a dia. Penso que na grande maioria das vezes que existe infidelidade entre os cônjuges, ela acontece, devido á falta de comunicação, á perca do respeito mútuo, aos abusos verbais e corporais, ás incompatibilidades sexuais, á imaturidade de um ou de ambos, ás más companhias, aos galanteios ou encorajamentos de terceiros, á net e ás solicitações diárias com que somos confrontados. Os casais mais educados e bem formados ainda conseguem por vezes ter a coragem de discutir os problema entre eles de uma forma inteligente e racional, procurando plataformas de entendimento e de cedências afim de tentarem solucionar os problemas que os dividem, outros menos corajosos, preferem ignorar o assunto metendo a cabeça na areia como a avestruz, fazendo dele tabu e sofrendo as consequências frustrantes de terem que fazer um frete reciproco ou penosamente simular orgasmos afim de iludir o parceiro. Nestas circunstâncias não podemos dizer que um está errado e o outro certo, não podemos exigir cedências que vão contra a vontade, princípios ou convicções pessoais. As pessoas não são todas tiradas a papel químico e ainda bem que assim é, uns são mais liberais outros mais conservadores, quanto às suas personalidades uns demonstram ser mais introvertidos outros mais extrovertidos, uns receptivos a novas experiências a abrir novas portas na procura incessante de novidades e potenciar o erotismo a sensualidade o gozo e o prazer. Outras apenas vêem no sexo um processo para procriar e nada mais do que isso, contudo qualquer das opções têm e devem ser respeitadas. O início dos desencontros sexuais são a pedra de toque e o sinal de alerta para que os parceiros se comecem a aperceber de que algo vai errado no seu relacionamento. Se nada fizerem no sentido de atacar o problema poderão dar aso a que as mentes se tornem receptivas á possibilidade da infidelidade afim de poderem estabelecer performances comparativas entre o que têm em casa e o que eventualmente possam ter encontrado. A infidelidade já por si, tem uma aura de fascínio e de mistério que amalgamados com a adrenalina, a testosterona ou os estrogéneos, tornam esta mistura uma arma letal que inevitavelmente mais cedo ou mais tarde nos levará ao pecado da traição. Contudo antes de prosseguir na explanação desta tese penso que poderemos admitir dois tipos de traição ou infidelidade a física e a mental. Na primeira instância o homem ou a mulher continuam a amar o seu parceiro e apenas procuram a satisfação sexual que não conseguem obter em casa não tendo por objectivo principal arranjar um amante com a finalidade de manter uma relação extra conjugal permanente. Usualmente são “affairs” “casos” esporádicos sem consequências directas no matrimónio ou união de facto. No segundo caso as coisas já se processam diferentemente pois são usualmente o resultado da erosão desgastante, discussões permanentes e dessa desagregação começa a nascer o desejo de se arranjar alguém com quem nos sintamos bem, considerando a possibilidade de que essa pessoa venha a ter um papel determinante na nossa vida futura, quando a relação em que vivemos presentemente terminar em definitivo. A traição inicialmente praticada por qualquer dos cônjuges, tende trazer uma certa paz, estabilidade e harmonia na nossa vida conjugal, mas será sempre sol de pouca dura, um fogo fátuo ou um balão de oxigénio que apenas prolongará por mais algum tempo a inevitabilidade de uma confrontação que poderá ou não ter consequências catastróficas e terminais. Também poderá acontecer que o relacionamento seja totalmente re-equacionado e que o casal genuinamente reconheça os seus erros, prometendo mutuamente que envidarão todos os esforços para melhorar a relação recomeçando uma nova vida a partir do zero em bases totalmente diferentes daquelas até á presente data existentes. Este facto da vida real confronta-nos com situações complicadas no que respeita á fidelidades, pois na minha opinião existem dois tipos de fidelidade, uma que é a instituição do casamento e ás promessas nele feitas, outra é a fidelidade a nós próprios aos nossos princípios, convicções e valores que por vezes não são coincidentes, portanto a quem devemos prestar vassalagem? Se recalcamos as nossas para obedecer aos votos matrimoniais, vivemos frustrados e deprimidos por não poder dar aso aos nossos ímpetos. Se por outro lado deixamos que os nossos desejos viscerais se concretizem, passamos a carregar um complexo de culpa pela infidelidade cometida, o que na leva por vezes a procurar junto do cônjuge o perdão contando-lhe a verdade ou ao padre a nossa absolvição. Na minha modesta opinião esse será sempre um erro crasso, pois se somos levados a mentir seja qual for a circunstância devemos ser sempre fiéis á mentira, se nos decidirmos retractar perdemos a credibilidade e nunca mais acreditam em nós. Em síntese, as pessoas precisam de ser corajosas e coerentes e se cometem infidelidades devem estar preparados não só para assumir as responsabilidades dos seus actos, quando apanhados em flagrante ou então admitir a possibilidade que os seus parceiros possam fazer o mesmo quer por vingança, retaliação ou procurar a melhoria da performance sexual. Outras razões podem levar um dos parceiros a procurar algo que possa abranger um leque mais variado de necessidades ou outras carências mais específicas onde o sexo e as fantasias eróticas possam ou não ter um papel preponderante. Eu continuo a pensar que os casais deveriam discutir os seus problemas quer domésticos, quer de índole mais intimista da sua sexualidade cara a cara e olhos nos olhos antes de considerarem a possibilidade de partir para a infidelidade na tentativa de obter consensos para os problemas que os separam. Para quem ainda vive num estado amoroso a infidelidade não têm razão para existir e se ela vier a acontecer e um dos parceiros descobrir pode inclusive ser radicalizado até á separação pois o amor próprio, a vaidade o sentir-se trocado, enxovalhado, o machismo, a intolerância e a vergonha perante os amigos e o mundo são sentimentos muito fortes que não contemplam o perdão. Existem vários tipos de soluções que os casais podem considerar tacitamente para resolver problemas de crise sem que isso os leve á separação imediata como seja por exemplo ter uma relação aberta, partilhado apenas o mesmo tecto quer seja por motivos económicos ou por causa dos filhos. Como é sabido existem várias panaceias para tentar remediar o que por vezes é inevitável, conselhos matrimoniais, separações temporárias, consultas com psiquiatras e até visitas ás clarividentes e bruxas, mas quando se chega a este estado terminal da relação, esta raramente têm fôlego para sobreviver sendo o divorcio ou a separação definitiva opções a considerar seriamente. 14-6-2005

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