segunda-feira, 29 de setembro de 2014

ACRÓSTICO (Poema)

Montes secos, fustigados pela fúria do tornado Árvores caídas desmembradas pela tristeza Raios riscando os céus caem no verde prado Ignícolas, aterradores mas de rara beleza A chuva cai fortemente no meio dos verdes pinhais Estas noites de intempérie aliadas ao assobiar do vento Uivando como um lobo me fazem sofrer ainda mais Longe e só o meu coração grita e chora num lamento A paixão e a tristeza tornam-se doenças terminais Lá fora a destruição progride a passo lento Ímpios aterrorizados rezam e oram como os demais Laivos de esperança perlam a minha mente Esperando alcançar teu fugitivo coração Ainda que adormecido numa modorra dolente Luto para vencer esta mórbida tentação Muito sofre este meu coração carente Onde tu lhe lançaste a tua maldição Nas masmorras agrilhoadas da minha mente Terei um dia de esperar pela extrema-unção Enquanto Deus espera p’la minha alma carente Irei oferece-la como fruto da minha paixão Reinarei nos céus eternamente Olho a terra, olho o céu de dentro do meu caixão A vida é moinhos girando ao vento Moendo o amorno fundo do meu peito Olhei as searas. Olhei-me por dentro Tentando ver nelas o meu sofrimento Esperando o Inverno no meu descontentamento. Luanda 1965

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