segunda-feira, 29 de setembro de 2014

O ESPELHO DA VERDADE

Vejo-me como um homem alto, distinto, sofisticado, carismático, bem parecido, charmoso, genuíno, sensível, honesto, sincero, dogmático, diplomático, sensual, imaginativo, snobe, arrogante e com um enorme sentido de humor que caustica com a sua ironia objectiva. Apesar de não ser uma pessoa fácil de lidar, pois sou extremamente exigente e selectivo com os que me rodeiam, a qualidade, educação, ordem, método e disciplina são pedras basilares para a fundação de uma sociedade ordeira e eficiência. Como qualquer outra pessoa normal, tenho o direito se sonhar a dormir ou acordado, se estou a dormir não posso controlar os meus sonhos e portanto tenho que os deixar fluir á mente na ordem que a sequência que o próprio sonho determina. Se sonho acordado tenho outros poderes, outra visão e autoridade, podendo indiscriminadamente vestir a pele de quem quero e ter os poderes que desejo. Num destes dias sonhando acordado pensei que se tivesse a oportunidade de viver num mundo por mim criado com poderes ilimitados ele seria muito melhor do que este onde vivo. Abaixo passo a descrever esse mundo imaginário e algumas das leis que de imediato legislaria para serem estritamente cumpridas por todos. A todos os habitantes do meu mundo seria feito um teste de coeficiente de inteligência que faria parte do seu bilhete de identidade bem como o seu ADN. O alto coeficiente de erro, negligência, corrupção eram punidos com penas de prisão até 10 anos. Os estúpidos, imbecis e cretinos seriam apenas usados para trabalhos menores. Os drogados seriam desterrados para uma ilha até estarem totalmente recuperados e depois de serem libertos seria sujeitos a testes semanais para ver se reincidiam ou não. No caso de serem apanhados com indícios de droga no sangue, seriam presos e enviados para campos de trabalhos forçados e usados pelo governo como mão-de-obra gratuita. Aos ladrões e na sua primeira ofensa, a mão que serviu para consumar o delito ser-lhes-ia cortada e depois a outra em caso de reincidência, pois a partir daí não me costa que existam ladrões sem mãos. Os assassinos teriam pena de morte e os seus enforcamentos seria feitos em praça pública. Os pedófilos e violadores seriam castrados da mesma maneira para que todos vissem, afim de servir como medida dissuasora para quem tivesse a veleidade de sequer pensar em concretizar algo idêntico. Armas nunca seriam vendidas a privados, só podendo ser usadas pelas forças da autoridade. Todos os cidadãos teriam que se submeter a testes sanitários e sanguíneos periodicamente afim de ser avaliado o seu estado de saúde. A prostituição masculina e feminina seria autorizada em prostíbulos autorizados sendo o uso do preservativo obrigatório, pois todas as prostitutas e prostitutos seriam testados e analisados antes de iniciarem as suas profissões e depois testados semanalmente.Todos os clientes e os ou as prestadoras desses serviços teriam que deixar a sua identidade, dia e hora que se usaram reciprocamente mediante o uso de um cartão electrónico e um terminal. Na eventualidade de alguém aparecer contaminado com doenças venéreas seriam removidos da sociedade, tratados e depois esterilizados. O número de filhos por casal apenas seria permitido de acordo com os seus ganhos salariais. A punição para os casais que tivessem algum filho fora do limite estabelecido, seria a esterilização bem como o retiro da criança após o seu nascimento, e mesma entregue a casais estéreis que procurassem adoptar. Todos os fetos mal formados seriam abortados e todas as crianças com defeitos físicos que as limitassem para sempre, seriam eugenizadas á nascença. Daria ordens concretas a todos os fabricantes de veículos motorizados que dentro dos próximos 5 anos todos os motores por eles fabricados, deveriam trabalhar com energias alternativas á gasolina e gasóleo. Acabaria com todo o armamento existente no mundo bem como o seu futuro fabrico. Os exércitos seriam desmobilizados, e todo esse dinheiro seria canalizado para o bem-estar dos cidadãos. Penso que não preciso de me alongar mais sobre o que faria se fosse dono do mundo. Sou uma pessoa receptiva a aceitar sugestões e criticas quando as mesmas são sensatas e construtivas. Adoro o dialogo o debate controverso desde que seja conduzido de uma forma estruturada e inteligente, mesmo que não partilhe das posições ou pontos de vista assumidos por terceiros. Abomino todos aqueles que alienam a sua capacidade de pensar livremente e, em vez de se tornarem cidadãos livres do mundo democrático se regionalizam paroquialmente, hipotecando ou vendendo, em alguns casos extremos, o seu direito á vida, ou ao de ter vontade própria e liberdade de pensamento. Não tenho qualquer respeito por grupos étnicos, comunidades religiosas fanáticas, seitas evangélicas ou partidos políticos que vivem intoxicados pelas filosofias que apregoam, pois todos estes supracitados pensam ser os únicos detentores da verdade única e Universal. Aparentemente este intróito nada parece ter com aquilo que vem a seguir, contudo penso ser importante para quem eventualmente me vier a ler que entenda qual o tipo e calibre de pessoa que alinhavou estas palavras, com as quais se formou um texto, onde ficou expresso uma filosofia de que é possível viver-se num mundo melhor desde que todos cumpram o papel que lhes está destinado na sociedade. Quando os chamados “xicos espertos” tentam habilidosamente subverter a ordem e os valores, utilizando para o efeito métodos condenáveis tem que ser severamente punidos pelas suas infracções. Quando apanhados, e provados os seus crimes passariam a incorrer em penalizações que poderiam vir ser pagas com a vida se os princípios que advogo pudessem um dia vir a ser implementados. Mas voltemos a centrar o debate naquilo que eu penso ser importante continuar a analisar. Sou suficientemente independente, e realista para constatar o facto de que muito esporadicamente alguém teria a capacidade de me poder desafiar intelectualmente, pelo menos naqueles que gravitam no meu círculo social. Muito dificilmente perderia o meu auto controlo ou muito estupidamente cairia na infantil armadilha de extravasar o meu descontentamento ou fúria, procurando faze-lo de uma forma menos ortodoxa onde as regras da liberdade de expressão individual, do civismo e boa educação não fossem estritamente observadas. Desde meados de 1992, que tenho vindo a reeducar-me, tentando melhorar a minha atitude, controlar a minha agressividade, intolerância, impaciência e arrogância etc. Tenho passado longas horas, dias e semanas, a polir, limar, desbastando as arestas mais vivas da minha personalidade, pois foram e são essas que tanto no passado como no presente continuam a ser aquelas que mais situações de erosão tem causado ás pessoas que de uma forma ou outra giram na minha orbita gravitacional Nesta fase da minha vida decidi investir fortemente na reabilitação da minha personalidade com a finalidade de melhorar a imagem que projecto no mundo real, quando tenho que socializar, atrair, impressionar ou seduzir quem me interessar. Quando diariamente me olho ao espelho noto melhorias, o meu rictus facial é mais suave, a minha voz mais dócil com entoações mais harmónicas, o meu semblante mais amigável e conciliador, os meus maneirismos menos provocantes o que me leva a sentir que como diamante estarei na fase final de lapidação. Julgo ter a isenção que me permite reconhecer, tanto os meus defeitos como as minhas virtudes, e ter a capacidade de introspecção suficiente que me permitem fazer a auto critica e as correcções necessárias ao meu perfile psicológico A consciência não me acusa de alguma vez ter procurado usar alguém para tentar beneficiar-me ou promover-me á custa de terceiros. Espero que ninguém me considere néscio ao ponto de ingenuamente acreditarem que ando neste mundo para ver andar os eléctricos, ou da minha capacidade para avaliar as prioridades ou os valores em jogo. Uma decisão mal ponderada ditada pelo coração e não pela razão podem levar ao colapso e ruptura total, como se de uma viagem sem regresso se tratasse. Há que saber gerir sentimentos, emoções para que quando somos compelidos a emitir o nosso parecer não o façamos de modo a ferir as sensibilidades dos visados. Eu gostaria aqui de afirmar publicamente de que continuo a ter muito orgulho nas várias mulheres com quem partilhei a espaços períodos mais ou menos longos da minha vida. Todas elas foram pessoas sensatas das quais nunca me envergonhei, também nunca me criaram qualquer situação embaraçosa em que tivesse que renegar ou atraiçoar os meus valores, pois se alguma vez me visse confrontado com uma situação dessas não teria a menor dúvida que preferiria partir do que torcer Jamais alguém me viu ou verá engolir sapos ou vomitar feijões azedos, pois tenho um estômago fraco e um palato refinado. Eu procuro viver e deixar viver, sem ferir susceptibilidades daqueles que me rodeiam mesmo que não afinemos pelo mesmo diapasão, quanto ao meu radicalismo exacerbado sobre certos aspectos de como a justiça deveria ser aplicada. Comigo não é fácil alguém viver sentada na vedação com uma perna para cada lado, ou na zona cinzenta da vida, as pessoas tem que se definir quem são os seus amos a quem prestam vassalagem e quais são as suas referências. Eu em todas as outras situações da minha vida procuro assumir a liderança do processo, seja ele do foro pessoal ou profissional. Metaforicamente falando sou eu quem conduz o carro, escolhe o destino, e, nunca por nunca, viajaria no banco traseiro como passageiro ou no porta bagagens como carga. O meu corpo tem sido de muitas mulheres mas o meu coração tem pertencido a muito poucas. Sei que me encontro enterrado nas profundezas de alguns corações não como mártir, mas sim como alguém que continuará a ser revisitado pelas suas mentes, corações e sexos, quando a hora das comparações chegarem. Mas para que isso aconteça terão que descer ás profundezas dos seus corações para me saborearem como um eterno amante clandestino. Vilamoura 1995

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