segunda-feira, 29 de setembro de 2014

O MARKETING DA VIDA

Durante o nosso trajecto existêncial as nossos vidas sofrem por vezes grandes convulsões, são normalmente épocas ou períodos conturbados que muito embora queiramos ignorar ou esquecer, acabamos por ficar marcados, de uma forma dramática para a vida inteira. São situações que inevitavelmente nos trazem consequências que poderão ser traduzidas por depressões emocionais devastadoras que abalam como um terramoto todas as fundações do nosso ser, que nos revolvem as entranhas num vómito nervoso, caibras no estômago, longas noites de insónia que alguns Valiums talvez resolvam o problema se o mesmo for ligeiro e o Prozac quando a situação se torna mais descontrolada. São semanas, meses ou anos de terapia, para tentar esquecer e obliviar a causa que nos levou a entrar no poço fundo e negro da depressão, onde a nossa mente mergulhou até bater no fundo. São momentos pouco esclarecidos de visão deficiente e de mente entorpecida. São períodos de escuridão e letargia quase total, em que o coração sangra sem parar e a nossa mente se recusa a pensar noutros assuntos que não sejam aquele que nos levou a afundar-nos num passado sem retorno. Perdemos a capacidade da concentração, evitamos os amigos e refugiamo-nos na nossa doentia solidão. Contudo a vida não para nem se compadece, dos problemas individuais, por isso, somos forçados a continuar o nosso percurso, independentemente se estes ocasionais episódios de difícil solução têm ou não condições para serem resolvidos a contento.Por vezes, necessitamos de ajuda profissional afim de conseguirmos superar estes estados psicóticos e depressivos. As pessoas não pedem para nascer, nem tem que se desculpar por estarem vivas, só que, apenas o existir, implica uma grande preparação psicológica, para enfrentar os grandes desafios com que a vida nos confronta quase que diariamente. O stress, as pressões e tensões quer familiares quer profissionais, o acumular repressivo das injustiças e provocações a que somos sistemática e periodicamente submetidos, e o desejo recalcado de não podermos retorquir ou ripostar na forma adequada, levam por vezes a que a rolha salte, deixando sair de uma forma descontrolada tudo aquilo que fomos reprimindo ao longo do tempo. Todas estas oscilações causadas, por diferentes estados psicóticos podem levar as pessoas menos preparadas a grandes descompensações mentais, e a actos desesperados com consequências imprevisíveis e que facilmente podem vir a fazer as primeiras páginas dos jornais. O meu conselho para que estas pessoas se possam proteger e defender destas situações e sair rapidamente do lodaçal de areias movediças em que eventualmente se encontrem tem que forçosamente passar por um aturado treino e de uma disciplina mental, para que nos momentos de ruptura a nossa determinação, voluntariedade, e capacidade analítica de perspectivar a situação de uma forma fria desapaixonada e calculista, faça com que ataquemos o problema de uma forma cirúrgica afim de o eliminarmos definitivamente com o mínimo de danos e cicatrizes possível. Mas para que isto aconteça de uma maneira eficiente, os nossos dispositivos de segurança e autodefesa têm que reagir por instinto e antever com uma certa margem de segurança o que despoletou o problema ou seja as suas causas e os efeitos que podem causar. Quando isto acontece, e o alerta é dado, todo o nosso sistema nervoso deverá entrar em estado de prevenção imediatamente, accionando todos os mecanismos de defesa ao seu alcance. No caso de situações complicadas para os cidadãos comuns menos avisados e treinados para o efeito, estes entram rapidamente em pânico ficando á mercê dos seus títeres, tornando-se reféns. Usualmente quando são apanhados nas suas teias viscosas ficam escravizados a valores que não subscrevem, nem pretendem perpetuar. Contudo como não têm capacidade de se libertar vão-se deixando sorver na voragem do desânimo e do fatalismo, culpando o destino como único responsável dos seus azares. Pessoalmente ao longo da vida, passei por várias crises de origem diferente que teriam arrasado grande maioria dos mortais, mas felizmente que a minha preparação psicológica sempre esteve á altura de gerir, combater, repelir, negociar ou pactuar com todas essas transcendentais situações, que me foram colocadas especificamente durante os anos de 1974 a 1977, os quais marcaram profundamente o rumo e o futuro da minha vida. No quotidiano, aquilo que afecta mais as pessoas, é a rejeição, o esvaziamento rápido e abrupto do seu ego, o rompimento sentimental que leva os intervenientes a um descontrolo emocional de resultados imprevisíveis ou a perca do posto de trabalho por incompetência ou falência da entidade patronal. As pessoas a quem isto acontece, não devem em circunstância alguma perder o norte nem a alegria de viver e, de imediato devem assumir um pensamento positivista de que ninguém precisa de ninguém, ninguém é insubstituível quer física, mentalmente ou sentimentalmente. Nunca por nunca, nos devemos colocar numa posição de subalternidade, de obediência, vassalagem ou concordância no que respeita a valores que subscrevemos ou afectem a nossa dignidade. Se abdicarmos das nossas crenças e valores e de uma forma dócil e submissa nos entregamos, automaticamente nos despersonalizamos consentido que nos coloquem a albarda, sela, ou grilhetas. Ninguém precisa de caciques, patrões, carcereiros, esclavagistas ou senhores feudais a quem temos que pagar tributo apenas por estarmos vivos de respirar o ar que merecemos ou de termos pontos de vista antagónicos. Quando deixamos que terceiros tomem conta das nossas vidas, estes torna-se donos dos nossos sentimentos explorando-nos até á medula como sanguessugas ou vampiros, caso sejam namoradas pelo amor que lhes devotamos, patrões pelo conhecimentos e competência profissional que temos, padres ou lideres de outras congregações religiosas pelas crenças ou fé que temos, e médicos, por termos tendências hipocondríacas. Logo que estes se apercebem das nossas fraquezas, físicas ou emocionais, dos nossos complexos, medos ou fobias passam de imediato a decidir e escolher as nossas opções de vida. Logo que assumem o comando desta, estabelecem-nos regras de conduta sem que para isso sejamos consultados, explorando a nossa ingenuidade, vontade de agradar e submissão. Metaforicamente falando essa situação torna-nos prostitutos a trabalhar para um proxeneta com uma devoção fanática e doentia afim de lhes agradar, mesmo que para isso tenhamos que ser submetidos ás maiores degradações de servidão humana. As pessoas conscientes e medianamente inteligentes, têm que de quando em vez, ao longo do seu percurso existencial parar para pensar, reflectir sobre a sua performance, objectivos, sucessos e falhanços, debatendo consigo próprios as interrogações que os afligem, tentando encontrar melhores alternativas e opções afim de melhorarem a sua qualidade de vida. As pessoas devem evitar que lhes lavem o cérebro e que o mesmo fique embotado sem capacidade de discernimento e de lógica assertiva. Diariamente somos provocados e confrontados por situações para as quais não estamos preparados e treinados, de modo que como amadores muito poucas hipóteses de sobrevivência temos, quando somos obrigados a esgrimir as nossas armas com gladiadores profissionais nas arenas da vida pois estes farão de nós, carne picada num abrir e fechar de olhos. A vida não se compadece dos fracos, dos doentes dos incautos, dos imbecis, dos incultos, dos cobardes ou daqueles que esperam a vida inteira que alguém lhes dê uma oportunidade em vez de serem eles próprios a cria-la. Todos estes, eventualmente acabarão os seus dias derrotados e caídos na valeta ou na berma da estrada, exaustos pela falta de imaginação ou derrotados pela falta de impreparação para contornarem com sucesso as dificuldades da vida. Existem pessoas que foram treinadas para viver diariamente nas avenidas rápidas da vida, pensam e reagem em fracções de segundo, para eles apenas o céu serve de limite para as suas ambições pessoais. Não podemos autorizar que as nossas vidas sejam condicionadas por reminiscências de decisões boas ou más, justas ou injustas que tivemos de tomar no passado. Por outro lado também não podemos permitir que o remorso vaguei pelo nosso subconsciente como um fantasma que teima em habitar dentro da nossa mente agrilhoando-nos como escravos a um passado, que muito embora admitamos ter vivido, não nos pode bloquear ou impedir o progresso em direcção ao futuro. Seria benéfico, que todas as pessoas conseguissem arejar e remover das suas mentes todo e qualquer tipo de preconceito, convencionalismo, hábitos, tradições arcaicas e regionalistas, afim de que as mesmas possam obstar a que o cérebro se torne receptivo a absorver, estudar, pensar, raciocinar, reflectir, assimilar e decidir sobre matérias, princípios ou filosofias que façam sentido dentro das nossas cabeças. Não podemos perder a liberdade de pensar e de chegarmos ás nossas próprias conclusões sem termos que esperar que alguém no venha indicar o caminho da verdade, do paraíso celestial ou da eterna juventude. De modo algum devemos afunilar e limitar as nossas próprias opções ou a nossa capacidade mental de poder raciocinar com independência, enfeudando a nossa mente ao poder mental e persuasivo de terceiros, que deliberadamente confundem, manipulam e baralham os menos esclarecidos. Todos aqueles que vivem num obscurantismo primário e concedem a terceiros o privilégio da censura prévia, sobre o que as pessoas devem ou podem ler, pensar, vestir, ver, optar ou subscrever, estarão condenados á mediocridade eterna de seguidistas, e, como ovelhas bem comportadas, serão levados para as pastagens ou redil que o seu pastor decidir. Estes cidadãos menos iluminados e preparados para argumentar ou esgrimir as suas convicções em duelos mentais, onde se requerem mentes ginasticadas e treinadas para contrapor o poder desses vendilhões do templo estão condenados a serem por estes usados a seu belo prazer. O seu poder persuasivo e manipulatório, alimentam, cultivam, exploram as fraquezas e crendices dos ignorantes, que aceitam cegamente aliar-se, incorporando-se nas legiões que estes visionários lideram com autoritarismo e carisma. Tornam-se seus seguidores fiéis e lacaios prontos a dar a vida pelos seus Mestres ou atacarem terceiros a seu mandato como cães de fila. Estes Gurus vão-lhes alimentando as suas carências espirituais e fragilidade intelectual, com o seu carisma, facilidade de argumentação, palavra fácil, aos quais prometem recompensas a longo prazo a salvação eterna, ou que 7 virgens esperarão por eles de pernas abertas no reino dos céus. É preciso que as pessoas se habituem a deixar de reagir temperamentalmente ou de forma pusilânime e raciocinem com uma frieza gelada, pensando com a cabeça e deixando o coração alheio ás decisões que requerem ser equacionadas em vertentes da defesa da honra da dignidade, da auto-estima, da rejeição e do ego, quando este é maltratado, ignorado e abandonado. Não existem fórmulas secretas para se ter sucesso na vida, ou para se deixar de ser mediocre, existem certamente métodos de autodefesa e preservação que podem ser despoletados a tempo para evitar as armadilhas ou ciladas que a vida nos prepara diariamente. O saber viver a vida, não se aprende nas universidades e também não é comparando experiências que vamos adquirir o estatuto de mestres na arte de separar o trigo do joio. As nossas vidas têm que ser geridas como uma empresa, temos que reduzir custos aumentar a produção e ter lucros, para que isso aconteça é necessário muita força interior, disciplina mental, autoconfiança e coragem para atacar os problemas frontalmente e assumir as consequências inerentes a essas decisões. O carisma e a liderança obtêm-se com treino, pois ninguém nasce vencido ou vencedor, líder ou seguidor, o sucesso não é um DOM que vem do berço, mas sim fruto de paciência, perseverança, dedicação e vontade férrea de nos municiarmos a tempo e horas com as armas ou ferramentas apropriadas para lidar com problemas específicos, pois se conseguimos matar um pássaro com uma fisga, já não conseguimos fazer o mesmo quando se trata de um elefante. O sucesso na vida obtém-se seguindo regras muito precisas, não acontece por mero acaso, por sorte ou por acidente, constroi-se implicando um hábito consistente e diário, uma rotina de treino que tem que ser desenvolvida, planeada e refinada com mestria, tal como um atleta que para obter resultados desportivos e competitivos, tem que treinar diariamente, para manter os músculos preparados para o esforço físico, a que tem que submeter o seu corpo durante as competições desportivas. O sucesso precisa de ser alimentado e cultivado, com dureza, consistência e disciplina, minimizando a falha ou o erro, maximizando as possibilidades para que as nossas missões ao longo da vida sejam coroadas de êxito As pessoas devem periodicamente fazer uma avaliação criteriosa da situação a partir do ponto em que se encontram, constatando a sua progressão ou imobilismo. Devem procurar definir para onde desejam ir, como pretendem lá chegar, qual o meio que se propõem utilizar e finalmente o que desejam obter. Qual o treino que possuem para desempenhar essa tarefa, quais as energias que pretendem despender nesse percurso e os sacrifícios que estão preparados para fazer, e terem consciência das suas fraquezas, limitações e potencialidades, mas acima de tudo definir realisticamente e com objectividade as metas atingir. Uma outra componente é decidir naquilo em que acreditamos, no que é essencial, negligenciando o supérfluo, mantendo os objectivos sempre bem focados, prioritizando as fases por que temos de ultrapassar para chegar a bom portam evitando o naufrágio. Na senda do sucesso, verte-se sangue, suor e lágrimas, mas acima de tudo importa saber e contabilizar qual vai ser exactamente o nosso investimento e contribuição para com a vida, pois esta não pode nem deve ser exclusivamente avaliada pelo número de anos que vivemos, mas sim, por todos os sacrifícios que fazemos para a tornar interessante, aventurosa e imprevisível, ou chata, monótona e rotineira. Nós devemos tentar ser diferentes, imaginativos e criativos pois é reconfortante e afaga-nos o ego sentir ou saber que somos reconhecidos, falados, discutidos e badalados. Mesmo que sejamos invejados, detestados ou criticados mas se falarem de nós já é um bom sinal, é porque existimos e a nossa cabeça começou a sobressair acima da multidão anónima e amorfa, deixando definitivamente de sermos um número no computador e começarmos a ser tratados pelo nosso próprio nome. O sucesso e a posição social tem um preço, tornando-se por vezes uma factura dispendiosa a pagar. Na vida existem várias maneiras de chegar ao topo da pirâmide do poder e do sucesso: Uns sobem a corda a pulso, outros chegam lá por cunha, nepotismo e outros ainda, atropelando tudo e todos como bulldozers desde que os meios justifiquem os fins, e finalmente alguns ainda com oportunismo e golpes de sorte, mas uma coisa é certa, quando se chega ao topo ninguém de livre vontade quer de lá quer sair, pois é um lugar que proporciona benesses e privilégios de vária natureza a quem o ocupa o qual raramente se destina ou é utilizado para fins contemplativos, de meditação ou oração, mas sim para ganhar dinheiro no mais curto espaço de tempo possível. Ano 2002

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