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terça-feira, 30 de setembro de 2014
OS ETERNOS SAUDOSISTAS
Desde Outubro de 1975 que desalojei Angola da minha memória e do meu coração, pois era um cancro que me corroeria lentamente as entranhas, e eventualmente viria a sofrer como muitos dos ex residentes nessa Colónia, mais tarde rebaptizada de Província Ultramarina que ainda hoje não se libertaram do complexo Angolano e Ultramarino. Desde que os movimentos de libertação se concentraram em Luanda e o Almirante Vermelho pavimentou o caminho para a supremacia do MPLA em relação aos outros dois movimentos que me apercebi de imediato de que nunca mais haveria paz ou concórdia entre os 3 movimentos de libertação, pela forma como se digladiaram e destruíram em Luanda. Por outro lado, também intui de que não haveria a mais remota possibilidade de qualquer intenção pacífica ou de cooperação com os brancos lá residentes.
Quando constatei que amigos de longos anos especialmente pretos e mestiços apunhalaram, atraiçoaram e denunciaram pessoas com quem conviveram a vida inteira para caírem nas boas graças do MPLA, ainda mais desapontado fiquei com esses novos nacionalistas, que embarcaram á pressa num dos 3 comboios do oportunismo. Não tenho raiva ou ressentimento contra Angola ou Angolanos, mas faço tábua rasa ignorando tudo o que se passa nessa terra. Sobre esse período da minha vida, passei uma esponja que tudo apagou, como se tivesse tratado de uma amnésia que sofri quando em finais de Outubro embarquei para Lisboa num voo de refugiados.
Não me interessa saber se todos os Angolanos são milionários, se vivem em palacetes e conduzem Rolls-Royces, ou se morrem ás centenas faminto com disenteria e malária por falta de cuidados médicos. Não me preocupa se os Angolanos vivem em democracia ou ditadura, se os governantes são corruptos ou não, se a população come mandioca e peixe seco, lagosta, caviar ou carne de Kobe, se bebe D.Peringnon ou cerveja Cuca, se morrem nos hospitais ou têm direito clínicas privadas, se andam a pé de burro, bicicleta, automóvel ou têm avião privado.
Não me preocupa se os Angolanos vivem em democracia ou ditadura, se os governantes são honestos ou corruptos, se as prisões estão cheias ou vazias, se a liberdade de imprensa existe ou não, mas se o povo vota massivamente no MPLA, é porque gosta de ser governado por eles, portanto não se queixem.
Dizem que existem privilegiados pertencentes á elite governamental e militar que vão engordando que nem porcos á custa da corrupção. Se esses factos se confirmam e o povo sabe e nada faz, é um problema que diz exclusivamente respeito aos Angolanos pois cada um tem o governo que merece. Não pretendo ser juiz de nada nem de ninguém ou advogar causas perdidas e muito menos recordar situações que legalmente já prescreveram passados 30 anos. Desde 10 de Novembro de 1975 que mantenho um distanciamento saudável que me permite olhar para Angola com a indiferença que me merece qualquer outro país terceiro mundista. O que lá se passa não me interessa nem me diz respeito, nada me liga a Angola, não sofro de saudosismos doentios nem de recordações, não lamento o que me roubaram nem exijo a devolução dos meus bens. Nunca me filiei em nenhum dos movimentos de libertação, pois ideologicamente pouco ou nada os diferenciava a não ser o ódio comum aos brancos, e de verem os colonialistas pelas costas o mais depressa possível. África é um continente maioritariamente de negros, e Angola não era uma excepção. Angola nunca foi parte de Portugal nem nunca fez dos Portugueses lá nascidos Angolanos uma vez que nunca perderam o estatuto de cidadãos Portugueses, muito embora a sua naturalidade para efeitos de certidão de nascimento possa ter sido em Angola.
Não perco um minuto da minha vida a pensar, falar ou recordar Angola, foi completamente incinerada do meu álbum de vivências e não pretendo associar-me a nada nem a ninguém que tenha a intenção de reviver esses tempos lá passados. Expulsei do meu baú de recordações Angola como se fosse um anátema e lamento constatar que passados quase 30 anos tanta gente continue a reviver diariamente pelo Facebook e outras páginas na internet como Sanzalangola, Kubata, Luandenses, Retorno a Angola com postagens e comentários dos bons momentos que lá viveram como se nada tivesse acontecido e ainda lá residissem. Quando os leio com alguma pena e tristeza, pelas melancolia com que se expressam, noto que todos eles deliberadamente esqueceram quando de lá foram escorraçados apenas com a roupa que tinha no corpo, e que os Angolanos se apropriaram nacionalizando todos os seus bens.
Ninguém me pode condenar de ter passado uma certidão de óbito a esse país, foi parte da minha vida que se perdeu na poeira da minha longa caminhada pela vida, e sobre a qual tal como um quisto incomodativo fiz a sua ablação em divido tempo.
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5-9-2013
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