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domingo, 21 de dezembro de 2014
OS QUATRO GRANDES PECADOS DOS PORTUGUESES
Na minha opinião Portugal tem quatro grandes períodos negros na sua longa história, desde a fundação do Condado Portucalense em 1128. Em 1492, por decreto dos reis católicos, os judeus foram expulsos da Espanha e refugiram-se em massa em Portugal. Há menções históricas ao fato de que em 1497, cerca de um décimo de toda a população portuguesa era constituído de judeus.
O rei D. Manuel I, no final do séc. XV, propôs casamento à Princesa Isabel, primogénita dos reis católicos, que aceitaram a proposta com a condição de que Portugal expulsasse todos os judeus que haviam sido condenados pela Inquisição espanhola.
Em 1496, D. Manuel publicou o édito de expulsão, mas, diante de revoltas, resistências, súplicas e também do receio de serem expatriados capitais necessários à expansão do colonialismo expansionista lusófono, acabou permitindo a permanência dos judeus que concordassem em se baptizar. Surgiram, então, os "cristãos-novos", que raramente haviam sido convertidos efectivamente ao cristianismo, ostentando nomes de fachada, muitas vezes tomados de empréstimo de seus padrinhos, como Nogueira, Pereira, Oliveira etc.
No entanto, o êxodo de judeus, com seus capitais, foi grande, a ponto de em 1499, ser proibida a saída deles de Portugal. Em 1506, em Lisboa, houve uma enorme caça aos Judeus a qual terminou num enorme massacre pelo povo, que os via como inimigos renitentes, deicidas, onzenários e exploradores. Milhares deles foram morto e empilhados pela cidade especialmente no Rossio e posteriormente incinerados. Esta parte da história Portuguesa está muito bem documentada no livro de Richard C.Zimler intitulado “ O ÚLTIMO CABALISTA DE LISBOA”, considerando-a eu como uma das épocas mais sanguinárias de racismo religioso da nossa história.
O segundo período mais negro do que breu foi quando em 1531 o papa Clemente VII atendeu aos apelos do rei D. João III e nomeou um Inquisidor-Mor para Portugal.
Em 1536 foi autorizada a instalação de um Tribunal do Santo Ofício em Lisboa, com três inquisidores nomeados pelo Papa e um pelo rei. Nasceu, então, a Inquisição portuguesa.
D. João III, insatisfeito por não ter o controle da Inquisição, afrontou o papa, em 1539, nomeando seu próprio irmão, D. Henrique, no posto de inquisidor-mor.
O papa Paulo III, a princípio, repeliu a nomeação, mas, diante de ameaças de sisma, acabou com ela concordando, sob promessas de comedimento nos procedimentos inquisitoriais, cujos abusos lhe haviam chegado ao conhecimento.
Em 1547, o papa acabou finalmente permitindo que a Inquisição portuguesa sofresse forte influência do poder civil, sendo, então, instalados três tribunais, entre os quais o de Lisboa, que estendia sua jurisdição até ao Brasil.
O último Regimento da Inquisição portuguesa foi o de 1774, que acabou com os "autos-de-fé", aboliu a tortura e a pena de morte. No início do séc. XIX, os ideais libertários, a ascensão da burguesia e até a expansão da franco-maçonaria, com sua pregação racionalista e ateísta, foram transformando a Inquisição portuguesa em instituição anacrónica, sendo ela extinta, a final, em sessão de 31 de Março de 1821, pelas Cortes Gerais, Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa
Entre 1540 e 1794, os tribunais de Lisboa, Porto, Coimbra e Évora condenaram a serem queimadas publicamente milhares pessoas vivas, bem como as efígies de 633, e imposto castigos de tortura a mais de 49.590 seres humanos. No entanto, o clero quando do términus da Inquisição em Portugal deu sumiço a grande maioria da documentação relacionada com os autos-de-fé que demonstravam inequivocamente as barbaridades cometidas por estes torcionários religiosos que agindo em nome da fé católica não desejavam que os mesmos conhecessem a luz do dia, de forma que estes números podem subestimar grandemente a realidade.
O terceiro período negro e vergonhoso da nossa história foi quando perdemos a nossa integridade territorial a favor da ocupação dos reis Filipinos a qual se iniciou em 1580 e durou até ao dia 1 de Dezembro de 1640, altura em que nos libertamos do jugo espanhol através do movimento independentista da Restauração.
Por último, temos o quarto período ao qual a história Portuguesa chama a época áurea dos descobrimentos, em que Portugal deu novos mundos ao mundo. A esse período da história que decorreu entre o século XV e o início do século XVII, os europeus exploraram intensivamente o globo terrestre em busca de novas rotas de comércio. Os historiadores geralmente referem-se a este período como a "era dos descobrimentos". Os navegadores movidos pela ganância de conseguirem descobrir tesouros e como contrapartidas obterem da “Coroa” benesses e honrarias não se coibiram a esforços de cometer as maiores e barbaras atrocidades na persecução dos seus objectivos. Depois de descobertas as rotas e cartografados os países, rios, ventos e correntes com o estabelecimento de entrepostos comerciais as transacções comerciais iniciaram-se especialmente em bens como ouro, prata, marfins, animais raros, especiarias e esclavagismo. Os navegadores portugueses como intrusos invadiram territórios que não estavam desertos, mas sim esparsamente habitados pelos seus autóctones há séculos. O seu grau primário de desenvolvimento mental ou de conhecimento é irrelevante, todos eles tinham a sua cultura, país, idioma, deuses, reis e súbditos, numa estruturada escala social bem formada e definida. Obviamente que os seus valores, tradições vivenciais não estavam de acordo com os parâmetros ou padrões europeus, mas isso não concedia aos recém chegados o direito ou a autoridade de imporem os seus valores, crenças ou filosofias de vida. E que fizemos nós portugueses? Invadimos e tomamos posse desses territórios com um Padrão, bíblia, espada e chicote nas mãos a fim de roubarmos aos nativos, indígenas ou índios tudo o que lhes pertencia, desde a cultura, religião, dignidade, riquezas naturais e minerais. Subjugamos os verdadeiros donos da terra, explorando-os e escravizando-os sem grilhetas e com elas, vendendo-os aos esclavagistas que os transportavam para o Brasil, ilhas das caraíbas e América do Norte. Nas trocas comerciais pelo ouro, prata, pedras preciosas especiarias, marfins ou peles, dávamos-lhes botões, missangas brilhantes, espelhos, tecidos e toda a quinquilharia que não tinha valor algum. Foi assim que em Portugal se construíram grandes monumentos, palácios sumptuosos e igrejas. A política da altura de todos os países colonialistas era a de desterrarem para esses territórios todo o lixo humano, de bandidos condenados ao degredo para cumprirem as suas penas prisionais, livrando-se dessa escumalha que tal como leprosos tinham que ficar isolados das sociedades. Os Ingleses fizeram-no em relação á Austrália, os Franceses enviavam-nos para a Guiana Francesa e os Portugueses para Angola e mais tarde no século XX, os políticos comunistas para o Tarrafal em Cabo Verde. A grande maioria dos primeiros colonatos foi iniciada pelos prisioneiros portugueses, que depois de cumprirem as suas penas acabavam por ficar no território onde já tinham constituído família miscigenando-se com as nativas locais. O termo clássico de prisão com grades não existia, angola como território já era por si mesmo uma prisão, portanto os degredados tinham liberdade absoluta para se deslocarem. Diogo Cão em 1482, nunca deveria ter descoberto Angola, nem Vasco da Gama o Brasil ou Cabral a India, todo o dinheiro que se gastou na construção de Caravelas e as vidas humanas que se perderam na construção desse Império foi em vão, pois tudo se perdeu 500 anos depois quando Portugal se viu obrigado a devolver aos verdadeiros lídimos representantes desses países os territórios que indevidamente ocupou e explorou durante séculos. Se Portugal e o seu governante Salazar têm tido a visão estratégica de ter iniciado uma descolonização em meados dos anos 50, possivelmente ainda hoje estaríamos todos nesses territórios numa ajuda mútua, fraterna e solidaria com os locais benéfica para ambas as partes, evitando ressentimentos e mágoas que o tempo ou os anos não conseguem sarar.
21-12-2014
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