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quarta-feira, 18 de março de 2015
REFLEXÕES NUM GUARDANAPO DE PAPEL
Os caminhos da vida cruzam e descruzam pessoas, proporcionam encontros e desencontros que podem levar a amores e desamores, a violências ou retaliações, casamentos, divórcios, separações, paixões quentes e arrebatadoras a suicídios ou vinganças. A vida junta e afasta pessoas independentemente da raça, ou credo e assiste impávida e serena, ao desgaste, erosão e convulsões dos relacionamentos humanos, às alegrias, desgostos ou dramas que afectam os humanos. A vida temporal decorre há milénios umas vezes mais plácida e serena do que outras, desde o início do mundo o qual foi oferecido aos mortais numa bandeja sem condições ou critérios, tal como quando um casal de noivos recebe como dote uma casa completamente montada e equipada. Em ambos os casos a nossa incumbência deveria ser a de cuidar carinhosamente deste património, mas no primeiro caso contrariamente ao que seria esperado e normal os terráqueos não têm conseguido preservar este Éden ou Paraíso que só em boa verdade existe aqui na terra, contrariamente aos que muitos religiosos pensam. Era esperado que este jardim continuasse a ser plantado e fosse cuidado, regado e podado como se fizesse parte da casa onde habitamos. Infelizmente o homem em relação ao mundo Terra tem mostrado o pior dos seus instintos destruidores tratando-o de forma esclavagista e não lhe concedendo quaisquer direitos básicos de protecção. Assim como existe uma Declaração Universal dos Direitos do Homem deveria existir o mesmo tipo de direitos para o planeta Terra.
Cabe a nós mortais criteriosamente trata-la, alimenta-la, usa-la, gasta-la, aliena-la, vende-la, empresta-la, aluga-la, hipoteca-la de uma forma discricionária e de conformidade com as nossas opções ou necessidades do momento. Contudo, ela imperturbável assiste passivamente aos desmandos dos humanos, mostrando ocasionalmente a sua ira, raiva e revolta através de manifestações climatéricas, terrestres ou marítimas agrestes e violentas deixando rastos de destruição indescritíveis nas áreas geográficas onde decide exercer e retaliar pelos desmandos que a humanidade faz nas suas entranhas. Por vezes em minutos, o trabalho e investimentos de anos de labor e suor vertido na edificação de melhores condições de vida para aqueles que nela habitam são arrasados pela ferocidade com que os elementos da natureza nos atingem vergando a espinha dorsal da humanidade colocando-a de joelhos pedindo clemência. A vida é implacável, não tem filhos, eleitos ou enteados, não se deixa subornar pois é incorruptível, nem dá tratamentos preferenciais a ninguém. Portanto, perante ela, apenas somos seres, que quando nos tornamos ciclicamente excedentários e começamos a ameaçar o equilíbrio demográfico, torna-se necessários remover ou eliminar a quantidade que começa a desequilibrar os pratos da balança. Para que isso aconteça as leis que gerem o Universo tratam de enviar um cataclismo qualquer que reponha o número de pessoas nos valores adequados para que não comecemos a comermo-nos uns aos outros, pela falta de bens básicos de consumo, que cheguem para alimentar tanta gente.
Estas leis imutáveis com que a natureza ocasionalmente nos brinda, nada nem ninguém as pode alterar ou mudar, contudo a humanidade e a ciência evoluíram ao ponto de poderem detectar com alguma antecedência estes fenómenos para que os danos sejam minimizados e as pessoas protegidas. Existem várias maneiras de estar na vida e no mundo, como motor ou como carga, uns fazem avançar e girar o mundo, outros fazem história, uma minoria passará a ser recordada para todo o sempre, outros serão esquecidos mesmo antes de fisicamente morrerem. Uns vivem a vida de uma forma contemplativa desprovidos de bens materiais entregues á meditação de se elevarem para estágios da terceira visão. Outros nascem sobre o signo do fatalismo e mantêm-se num estado de imobilismo quase permanente queixando-se de tudo e de todos desistindo às primeiras adversidades, entregando-se sem luta ou rendendo-se cobardemente às primeiras investidas da vida, quando esta os contempla ou confronta com agruras, desapontamentos, desilusões ou lhes bate à porta com más noticias. Há quem viva a sua existência intensamente até às últimas consequências como se o mundo acabasse no minuto seguinte. Para estes parasitas e sanguessugas da sociedade, que apenas ocupam espaço, e respiram o oxigénio tão necessário a todos aqueles que labutam de sol a sol, a morte deveria estar mais atenta e não ser tão condescendente com estes párias da sociedade. A vida na sua rota, não pára, não espera, não adia a sua marcha inexorável para que os atrasados ou lentos acelerem o passo a fim de acompanhar o seu ritmo, ou que desistam desmotivados pelos revezes do destino. A vida, não se compadece das nossas quedas, ou das opções erradas que tomamos, nem dos períodos de convalescença ou de reflexão de que precisamos para recuperar fisicamente ou para redefinirmos posicionamentos perante o mundo. A vida segue o seu destino de uma forma implacável, indiferente aos problemas humanos, estatuto social ou financeiro, todos iremos morder o pó ou o fogo consoante a forma como desejarmos dispor do nosso bem-amado esqueleto. Quanto maior for a nossa tendência para pouparmos dinheiro ou o desgaste vivencial, pensando com isso que por cá andaremos mais tempo que os outros, é puro engano. Todos deveríamos gozar a vida diariamente e usufruir daquilo que ela tem de bom para nos oferecer, e algumas até de forma gratuita, como seja por exemplo o nascer ou pôr-do-sol as fases da lua, constelações, sol da meia-noite, e as belas paisagens de algumas regiões do globo, ou a imprevisibilidade de nos cruzarmos com pessoas interessantes que eventualmente poderão mudar o curso das nossas vidas. Adiar o presente é comprometer o futuro, por isso, não devemos arranjar desculpas para evitar viver o dia de hoje, adiando para melhor altura a continuação de viver a vida. Diariamente esta confronta-nos com todo o tipo de desafios, tentações, oportunidades que nos levam a ter que pensar, escolher, decidir quais as melhores opções a tomar perante as diferentes situações que se nos deparam, sendo algumas delas de decisão imediata que não nos permitem dormir sobre as mesmas. A vida é uma faca de dois gumes, portanto quanto menos nos expusermos a ser cortados tanto melhor, pois os golpes tanto podem ser superficiais como profundos os quais podem deixar marcas difíceis de sarar e cicatrizar. Compete-nos minimizar o risco sem que com isso tenhamos que nos demitir de viver a vida, resguardando-nos no nosso casulo e só saindo á rua em carro blindado, colete á prova de bala, um regimento de guarda-costas e com médico na comitiva. É imperativo que sejamos cautelosos, previdentes, ter senso comum e alguma sorte, pois os riscos de cairmos nas ciladas da vida podem acontecer a qualquer um, menos preparado ou prevenido causando-nos incapacidades de curto, médio ou longo prazo.
A vida que nos foi concedida pode ser longa ou curta, e sobre isso não temos grande poder de decisão, mas por outro lado temos a possibilidade de a não provocar ou desafiar incorrendo em riscos desnecessários ou estúpidos de querer provar a nossa imortalidade, por pensarmos que somos superdotados ou nascemos sob uma boa estrela que nos protege e ilumina. Não convoquemos ou exorcizemos demónios que não podemos controlar, nem aceitemos desafios que sabemos de antemão não poder vencer por falta de aptidões comparativamente com as do nosso oponente, e em consequência disso que dificulte ou reduza as nossas probalidade de equalizar a contenda. Que ninguém pense que a vitória ou derrota é apenas alicerçada no factor sorte, muito embora ele exista a sua percentagem para o desfecho do prélio não é significativa.
Se aceitarmos confrontações físicas que seja com alguém que utilize as mesmas armas em arenas neutras que não sejam favoráveis a nenhum dos contendores. Que ninguém tenha a veleidade de pensar que pode controlar o ciclo da vida, e muito menos sair vencedor das batalhas que com ela temos desde que somos trazidos ao mundo. Podemos sim, ganhar algumas delas, mas a guerra final essa perdemo-la sempre na hora em que nos finamos. A vida concede-nos o privilégio de decidir se queremos viver na sua faixa rápida ou lenta, ou ainda a de ficarmos parados com o sinal de falsa avaria, ou nas zonas de descanso por tempo indeterminado sem correr qualquer tipo de risco, vendo cobardemente a vida passar por termos receio e medo de a viver. Com esse tipo de atitude, apenas nos resta esperar que a morte um dia se lembre que ainda existimos, e que venha corrigir um erro da própria vida que foi o de nos ter feito nascer.
12-2004
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