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domingo, 15 de março de 2015
RETALHOS DO QUOTIDIANO
Parafraseando um aforismo popular que diz: “Quando um velho morre é uma biblioteca que arde”. Este pensamento define exactamente o motivo pelo qual me decidi a escrever este pequeno ensaio. Toda a nossa sapiência adquirida e acumulada ao longo das nossas vidas se perderá num determinado ano, dia, hora e minuto, numa pequena fracção temporal o que é uma perda irrecuperável, especialmente quando essas vidas foram interessantes, aventurosas e, estimulantes. Todos esses dados, deveriam poder ser guardados num CD para que outros pudessem aprender com as experiências de alguém que já passou pela vida e dela partiu deixando um espólio de valor incalculável. Há pessoas cujas suas passagens pela vida deveriam ser imortalizadas pelo espólio que nos deixam, e que por essa razão devem ser lembradas, recordadas e celebradas.
Desde que me conheço como adulto pensante, experiente, maduro, analítico, racional, lógico, dotado de alguma inteligência e sensibilidade que os genes dos meus pais me deixaram como herança e com os quais adquiri, estruturei e fundamentei a minha personalidade ao longo dos anos, que sempre olhei para a vida de uma forma romântica e apaixonada.
Este tem sido o sentimento emocional com que tenho vivido todos os aspectos da minha vida, sejam eles em diversão com os meus “hobbies,” desempenhos profissionais, tertúlias sociais ou outras de carácter mais íntimo do foro privado. Contudo fosse qual fosse a ocasião todos esses momentos foram vividos intensamente de forma arrebatada, integralista vulcânica e arrebatada. Por tentar viver a vida desta forma incondicional, e a ela dar tudo até á exaustão sofri na pele e no coração os resultados dessas entregas totais e viscerais. No início quando começamos a dar os primeiros passos na vida adulta as nossas reacções são basicamente o resultado de sensações animais as quais dificilmente controlamos. Mais tarde com o decorrer dos anos, passamos a pensar antes de sentir e ao invertermos essas sensações de actuação, ganhamos mais espaço de manobra, evitando as exaltações extemporâneos das nossas emoções.
No início do meu despertar para a vida adulta quase todas as vias, pontes, auto-estradas, veredas caminhos secundários desembocavam na minha genitália sem pagar portagem, agora existem pontes levadiças, muralhas o que de certa maneira condiciona todos aqueles que se candidatam a tentar entrar no meu castelo.
Há longos anos que deixei de procurar os ingredientes que misturados proporcionam ignições de combustão que podem arder em fogo lento pela noite dentro, mas que ao romper da madrugada basta a primeira rabanada de vento para espalhar as cinzas frias e com elas as recordações de mais um capricho.
A dinâmica da vida é multifacetada, tem o encanto do mistério e da imprevisibilidade proporcionando-nos mil e umas dimensões e cambiantes demasiado tentadoras para que as possamos ignorar Por vezes ela concede-nos oportunidades e escolhas, sem contudo nunca indicar ou sugerir quais as opções que devemos tomar. Em muitas das ocasiões seleccionar não é uma função arbitral simples de fazer, pois as tentações sobrepõem-se á lógica do raciocínio frio, objectivo, e á do risco calculado. Existem decisões que têm que ser tomadas em fracções de segundo enquanto outras podem ser adiadas depois de uma conversa de travesseiro, mas de uma forma ou outra não podemos continuar indefinidamente a faze-lo, pois corremos o risco de que quando já a tivermos tomado que seja tarde demais. Eu particularmente não tenho por hábito antecipar problemas ou eventos nem me preocupar com eles, pois podem nunca vir a acontecer.
Sou um homem intemporal, a minha temperatura corporal é consistente tanto no Inverno como no Verão e não se altera em função da variação brusca de amplitudes térmicas, ou por quem estou acompanhado, mantenho-me consistente e imperturbável tanto na verdade como na mentira, na tempestade ou bonança. Adoro, por vezes em retiro e meditação, ouvir o som do silêncio ou o bater apressado, descompassado e descontrolado do meu coração quando estimulado por algo que a mente lhe enviou depois de devidamente escrutinado e passado pelo raio X da razão.
Ao longo da vida tenho feito muitas coisas de que me não orgulho, pois sempre parti do princípio que a distância mais curta entre dois pontos é uma linha recta. Na medida do possível procurei sempre evitar os escolhos, armadilhas, terrenos minados, atalhos, becos sem saída os empatas, empecilhos ou verbos de encher que me obrigassem a perder tempo a andar em círculos ou perder-me em divagações folclóricas que pusessem em risco quer a minha objectividade, metas ou o tempo certo e adequado que tinha destinado para efectuar as minhas tarefas ou chegar a destinos previamente estabelecidos. Tenho por hábito dizer o que penso e fazer o que digo: Sou metódico, organizado e disciplinado tendo como objectivo final a excelência. Por vezes penso que a vida é como uma cebola, vamos-lhe tirando camadas e às vezes choramos, por isso decidi não mais descascar cebolas e se o faço, uso óculos como medida de protecção. Durante a vida se soubermos usar todos os dispositivos de protecção que existem para as várias actividades que desempenhamos profissional ou desportivamente obviamente que minimizamos os riscos de contágio ou acidentes.
Durante uns bons anos andei afastado como filho pródigo, sem querer assumir relacionamentos de continuidade, o que me permitiu renascer e adquirir uma postura diferente perante a vida. A grande maioria dos homens portugueses em geral, deixam muito a desejar, e a leitura que faço deles salvo raríssimas excepções é a seguinte: quando o seu pénis endurece, o cérebro amolece e tornam-se previsíveis quanto á sua linha de raciocínio, desfiando o seu rosário de gabarolices quanto à sua masculinidade, virilidade e conquistas.
Infelizmente os homens conseguem ter o condão de transformarem o sexo numa banalidade, olham para as mulheres como meros objectos de prazer ou fossas assépticas para onde lançam os seus fluxos nauseabundos e contaminados. As suas conversas giram inevitavelmente à volta do futebol, política e sexo. Falta-lhes as boas maneiras, e classe, são rudes, rústicos, incultos, ignorantes, desbocados e iletrados, por isso, na minha modesta opinião, poucos homens disponíveis e de qualidade existem em Portugal que estejam receptivos a assumir inequívoca e responsavelmente relacionamentos sentimentais, e, também não vejo que esta ultima geração esteja a contribuir para melhorar a imagem dessa mediocridade.
Sociologicamente Portugal evolui-o gradativamente a partir de 1975, até essa data, a maioria dos homens na sua adolescência perdia a sua virgindade com prostitutas em casas de passe. Depois disso, passaram a fazê-lo com as suas namoradas dentro de uma liberdade sexual de consenso partilhada por ambos os parceiros. O casamento ou namoro assumido deixou de ser o objectivo final ou tornar-se impeditivo para que os parceiros se satisfaçam apenas por diversão ou atracção física e não pelo compromisso com objectivos reprodutivos.
É um facto que cada pessoa vive no seu mundo, uns mais tranquilos, felizes e ambiciosos do que outros o que é absolutamente natural, pois todos nós procuramos coisas diferentes dentro das nossas ordens de prioridades individuais. Por vezes, quer por acaso, coincidência ou destino, as nossas vidas cruzam-se com outras por períodos de tempo mais ou menos longos, fugindo ao rumo que inicialmente lhe tínhamos destinado obrigando-nos a tergiversar o que não só altera as nossas rotinas como igualmente implica que tenhamos de fazer ajustamentos necessários para acomodar esses “intrusos”, nas rotinas do nosso quotidiano. Durante o interlúdio do conhecimento mútuo o diálogo é quase sempre agradável pois não se fazem confissões, desabafos pessoais ou queixumes sobre a forma de como a vida nos tem vindo a tratar. Nessa fase inicial tudo parece serem rosas sem espinhos, dão-se e recebem-se impactos refrescantes o que por vezes nos pode levar a sonhar de que os bons ventos finalmente estão a soprar na direcção certa. Durante esse período onde ninguém deve ou têm a haver, o balanço final nunca mostrará um saldo devedor ou credor, isto na eventualidade quer de comum acordo ou unilateralmente se decidir abortar a comunicação. Pode também acontecer que durante essa fase lunar que os impactos que recebemos possam vir a ter reflexos ou consequências para as quais não estávamos preparados. Se posteriormente e como resultado desses encontros nos virmos perante o dilema de ter que decidir ou alterar o nosso percurso inicialmente projectado devemos fazer uma avaliação muito criteriosa de todos os prós e contras bem como o risco que corremos se a nossa decisão for baseada apenas em emoções e sentimentos ditados pelo coração. Se for isso que sentimos, o melhor que temos a fazer é enviar o coração de férias por algum tempo a fim de medirmos e avaliarmos como nos sentimos sem ele em relação á pessoa pela qual pensamos nutrir sentimentos especiais. Eu, pessoalmente nunca me dei ao trabalho de fazer predições quanto ao meu futuro pois nunca me senti com as capacidades de Nostradamos para profecias.
De qualquer maneira nunca me demiti, desertei ou escondi de poder vir a enfrentar todo e qualquer desafio que a vida me tenha decidido colocar se esta tiver o atrevimento de me escolher como recipiente ou adversário para comigo esgrimir qualquer diferendo de opinião ou decisão. O meu sentido de justiça está incondicionalmente preparado para aceitar e assumir todas as consequências que possam advir da forma como soluciono as situações que requerem o veredicto do meu julgamento, absolvição ou condenação. Já não tenho paciência para penitências longas e complicadas, uma vez que já não tenho deuses a quem recorrer para me absolverem dos meus pecados.
Espero que as minhas opiniões ou comportamentos não choquem quem me ler o que me obrigaria a justificações, confissões ou expiações complicadas. Existiram alturas na minha vida que ainda tentei chegar à fala com ELE, como não consegui, rezei-lhe, como fez ouvidos de mercador, gritei-LHE, mais tarde ainda LHE implorei, mas como nunca obtive qualquer resposta e as injustiças no mundo continuam a aumentar, onde o justo é castigado e o pecador recompensado, acabei finalmente por o ignorar totalmente.
Hoje em dia vou-me limitando a partilhar orgasmos mentais com pessoas inteligentes que intelectualmente me possam estimular ou surpreender independentemente se são homens ou mulheres. Não sofro de parafilias ou patologias psicóticas que afectem o meu equilíbrio emocional ou discernimento intelectual. Consegui adquirir uma imunidade à sedução, persuasão e manipulação feminina que me permite um estatuto de ver o mundo com um distanciamento confortável dentro da vertente e parâmetros com o qual estou preparado para lidar com ele.
Hoje em dia o meu protagonismo já não me permite aceitar papéis secundários em filmes de terceira categoria. O tempo de figurante ou ter que recorrer a “castings” para me manter no palco do mundo ou no topo da onda, já lá vai. Deixei de ter que provar a quem quer que seja que existo, vivo e respiro. Sinto imenso prazer em usar a psicanálise para desnudar as mentes, carapaças e armaduras das pessoas que as usam para esconder as suas verdadeiras idiossincrasias. Conhecer os meus interlocutores é importante com a finalidade de descobrir as suas inconsistências, ambiguidades e pragmatismos, bem como os valores, bandeiras e trincheiras que defendem a fim de classificar o seu grau de perigosidade. O meu teste é rigoroso cobrindo diferentes áreas, e consoante o resultado das minhas observações procurarei diagnosticar a superficialidade ou profundidade dos seus coeficientes de inteligência, capacidade de diálogo e sobre a forma estruturada como apresentam o seu discurso e o cuidado que demonstram no uso da morfologia, semântica, sintaxe ou vernáculo da língua Portuguesa. Após ter feito essa apreciação do perfil psicológico, prescreverei se a pessoa em questão deve ser reciclada de imediato ou posta de quarentena para uma observação posterior. Infelizmente as mulheres para se afirmarem num mundo que é pensado, regulado, controlado e monopolizado pelo sexo masculino têm que mostrar qualidades acima da média para poderem competir no mercado de trabalho com os homens e nem sempre para as mesmas funções desempenhadas os salários são pagos igualitariamente. Salvo raras excepções mesmo quando se alcandoram a lugares de chefia ou supervisão devido á sua competência profissional as suas performances são avaliadas por homens muitas vezes com qualificações profissionais ou académicas inferiores às mulheres que avaliam. Algumas mulheres com espelhos em casa e narcisas usam os seus atributos anatómicos como arma para estimular os instintos predatórios dos machos a que hierarquicamente reportam na esperança destes as poderem ajudar a subir na sempre difícil escalada em direcção á admissão efectiva e permanente dentro da empresa. Que ninguém ingenuamente subvalorize as mulheres, pois elas possuem armas mortíferas que usam indiscriminadamente na persecução dos seus objectivos de promoção pessoal, profissional ou social.
Em face do estilo de vida que adoptei sou obrigado a constatar que quando olho à minha volta estou cada vez mais SÓ, mas como um velho soldado, morrerei de pé com dignidade sem verter uma lágrima, sem subverter os meus princípios, ou hipotecar o meu presente em relação a um futuro que não sei se vou ter. Sempre evitei o justo, o bom e o santinho, pois estes são sempre os primeiros a atirar a primeira pedra, a lançar a calúnia, ignominia soez e a imundice, autoproclamando-se acérrimos defensores, vigilantes, justiceiro da pureza, castidade e virgindade, chegando ao radicalismo fanático e feroz de condenarem os inventores da própria virtude. Pessoalmente recuso-me terminantemente a deixar-me ser absorvido por uma sociedade consumista, globalizada e universalista, em que a grande maioria obedece sem contestação como se fossem carneiros levados para o matadouro. Devo aqui solenemente afirmar que não sou anarca, antes pelo contrário, para mim as sociedades deverão ser hierarquizadas democraticamente com ordem, método e disciplina, onde cada um possa livremente expressar o seu pensamento sem ser condicionado, reprimido, censurado, preso, seviciado, fuzilado ou enforcado.
Aprendi há longo tempo a não estender a mão aqueles que servilmente aparecem solicitamente prontos para nos ajudar de alguma dificuldade, pois mais tarde ou mais cedo acabam por tentar cobrar esse favor exigindo contrapartidas ou ameaçando-nos de chantagens na eventualidade de terem descoberto alguma das nossas fraquezas que procuramos não sejam do domínio público. Presentemente consigo viver em plena forma harmónica quer com os meus santos quer com os meus demónios, e a ter sete fôlegos e vidas como os gatos. É bem possível que isso tenha a ver com o meu signo de felino e predador. Por vezes sinto-me herético, hermético, sacrílego e céptico, e até que eu consiga fazer nascer a meus olhos um DEUS, não tão grande omnipotente, omnipresente como aquele que dizem existir e venerado por 2 biliões de crentes. Pessoalmente preferiria acreditar num Deus mais pequeno, mais justo e humano, mais perto daqueles que sofrem e dele mais necessitam, mas até que isso aconteça continuarei numa apostasia acreditando apenas naquilo em que a ciência pode provar. Como solitário que sou, continuarei na minha senda de apenas fazer na vida aquilo que me agrada e gratifica e quando isso acontece, o que quer que seja que faça, é sempre feito de uma forma apaixonada de entrega total. É nesta opção de vida que continuarei obstinadamente a fundamentar a minha existência até que o meu fogo me consuma, e a defender como paladino os meus valores e as cores das minhas duas bandeiras a BRANCA e a PRETA, odeio todos aqueles sem carácter que vivem, vegetam ou beneficiam do cinzento. Muitas vezes sinto-me incompreendido, ignorado, criticado, outras vezes preterido e marginalizado como um leproso, mas um dia...quem sabe...? Talvez alguém um dia se lembre e decida mitigar a meu favor, sem que isso contudo venha certamente alterar o meu epitáfio.
26-1-2007
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