segunda-feira, 9 de março de 2015

SER-SE INDEPÊNDENTE

Na vida só nos podemos considerar 100% independentes quando financeira, física, religiosa, mental, não temos patrões, deuses, ideólogos, sofremos de clubite aguda, esquizofrenia politica ou estamos enfeudados a organizações que possam condicionar as nossas liberdades de movimentos ou pensamento. Somos livres quando assumimos o controlo total das nossas vidas e carregamos sozinhos com as responsabilidades e consequências dos nossos comportamentos ou decisões. Por vezes, vimo-nos na contingência de ter de pagar consultas para ouvir conselhos de carácter profissional e corporativo antes de tomarmos decisões com a finalidade de minimizarmos o risco em que possamos incorrer quando temos que colocar a nossa assinatura em documentos ou contractos feitos propositadamente em letra microscópica ou de legalidade duvidosa que impliquem a obrigatoriedade de cumprir cláusulas contratuais que possam escapar ao nosso conhecimento legalista. Essa sensação independentista só é obtida quando é sentida, vivida e demonstrada publicamente e não nos sentimos no dever ou obrigatoriedade de dar satisfações ou agradar a quem quer que seja. O sentimento independentista agudiza-se quanto mais e melhor estivermos preparados para enfrentar a vida. Quando a nossa competência, lucidez, conhecimento, capacidade de análise e de bom senso permite reduzir o erro á sua expressão ínfima devido á nossa estrutura intelectual isso faz-nos sentir Deuses nos nossos pequenos mundos. O ser-se independente é quando apenas reportamos e nos justificamos a nós próprios, seguimos as nossas próprias directrizes, gostos, caprichos, vaidades e fazemos aquilo que nos apetece obedecendo aos nossos impulsos os quais possam surgir a qualquer hora do dia ou da noite sem termos que pedir permissão ou informar terceiros dos nossos apetites, necessidades, fantasias ou taras sejam elas de que teor forem. Dentro de todas as prerrogativas que nos assiste esse estatuto de auto-suficiência encontram-se vários privilégios que são os de nos levantarmos ou deitarmos às horas que nos apetece, andarmos vestidos como desejarmos, degustarmos ou bebermos aquilo que proporciona clímaxes às nossas papilas gustativas. Para se possuir uma independência deste estilo, obviamente que não se pode ser pobre ou sofrer de vícios que nos coloquem na orbita de dependência de terceiros, aos quais eventualmente tenhamos que comprar o seu silêncio ou discrição quando estão em jogo procedimentos que pela sua pouca ortodoxia possam condicionar, ofender ou constringir-nos sobre o ponto de vista moral ou social. O ser-se independente concede-nos o privilégio de apenas acompanharmos ou sermos acompanhados por pessoas cuja decisão depende exclusiva e unilateralmente do nosso critério selectivo e aceitação de querermos ou não ser vistos com elas. A independência é um status muito solitário, pois torna-se num poder que nos concede a faculdade de podermos optar pela solidão quando dela desejamos pelo tempo que queremos, de estar aqui, ali ou acolá, dentro ou fora, de lado, em cima ou por baixo, acompanhado ou não, e a capacidade de poder escolher em vez de ser escolhido, bem como o “timing” de quando pretendemos partir, parar, recomeçar ou chegar. A vida, para o bem ou mal é feita essencialmente de escolhas, as quais dependem da preparação de quem as faz e como as faz, assistindo-nos o direito e a forma de decidir de como a queremos viver. Por vezes é conveniente fazermos de surdos ao que não desejamos ouvir ou de cegos ao que não desejamos ver por nos incomodar ou ter que nos forçar a reagir quer verbal ou fisicamente. Não temos que nos sentir obrigados cheirar o que possa agredir o nosso sensitivo olfacto, ingerir ou deglutir aquilo que possa ofender o nosso palato, que nos cause azia ou dê vómitos seja com comida ou pessoas. Finalmente quando nos damos ao luxo de recusar fazer fretes ou coisas que não nos dão prazer, e uma delas é a de engolirmos sapos vivos quando alguém tenta obrigar-nos ou persuadir-nos que o façamos algo contra nossa vontade. 8-3-2015

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