quinta-feira, 12 de março de 2015

VIVA A DIFERENÇA

Felizmente que somos seres humanos estruturalmente concebidos com sensibilidades diferentes, não entramos todos na mesma linha de montagem robotizada em peças ou bocados de barro para dela sairmos completados num modelo estandardizado e com um manual de instruções operativo. Pode realmente acontecer que no futuro as coisas se venham a processar dessa forma, mas de momento ainda não chegamos a esse aperfeiçoamento científico e tecnológico. Por enquanto, cada um de nós tem a sua forma e molde personalizado que é o resultado de um aperfeiçoamento genético de milhões de anos. Existem duas formas de todos termos chegado a este estágio perfeccionista e sermos o produto final de duas teorias. A primeira e a Evolucionista-Darwinista em que se explica a origem das espécies até aos dias de hoje, a segunda é a chamada de Criacionista ou Teísta que coloca a nossa primeira produção humana experimental nas mãos de uma divindade. Independentemente das nossas origens as quais não estão quer cientificamente ou teologicamente provadas, o certo é que a humanidade se encontra a ser produzida em fornos de combustão e gestação lenta, que demoram 9 meses a produzir a obra de arte que são os seres humanos. Muito embora alguns possam ser manufacturados com pequenos defeitos, que podem ser corrigidos, outros lamentavelmente devido á falta de peças ou desformatação de outras podem ficar temporária ou definitivamente inoperativos. Nem todos sentimos a dor, frustração, desapontamento, afrontamento, desconsideração e faltas de respeito da mesma forma. Os sentimentos de saudade nem sempre são partilhados com as mesmas lágrimas ou com o coração dilacerado. A felicidade, êxtase ou clímaxes, nem sempre são celebrados com a mesma euforia ou júbilo. Da mesma forma que as nossas manifestações de desgosto, rir, pesar, gostar, amar, paixão e obsessão ou sentido de humor são expressas com as mesmas transmutações faciais ou viscerais. E continuando na mesma linha de pensamento também não vertemos lagrimas pelas mesmas razões, nos tornamos pacifistas, belicosos ou retaliamos, vingamos e perdoamos pela graduação da ofensa. Nem todos tivemos o privilégio ou a infelicidade de sermos integrados num sistema educacional de qualidade e portanto beneficiarmos igualitariamente dos mesmos métodos de instrução. Obviamente que nem todos mercê dessa situação estaremos preparados para enfrentar o mundo da mesma forma e apetrechados com as mesmas ferramentas e armamento. Também nem todos nascemos num berço de ouro, palheiro, maternidade ou em casa e muito menos num grande centro cosmopolita. Muitos vieram ao mundo em pequenas aldeias do interior, cubatas de adobe no meio do sertão africano ou das areias escaldantes dos oásis no meio do deserto. As contingências da vida, e das zonas geográficas onde nascemos não são infelizmente fruto das nossas decisões, mas têm um papel fundamental e irreversível no nosso percurso terráqueo. Mercê destes factores e das capacidades financeiras, culturais, religiosas, morais, sociais, tradicionais, históricas, académicas, gastronómicas e geográficas dos nossos progenitores assim seremos alimentados, educados, treinados e amestrados por diferentes educadores ao longo da nossa vida académica ou religiosa. Nem todos teremos a mesma paciência para ouvirmos os mesmos disparates, cretinices, imbelicidades ou sermões epistolares dominicais de pessoas que se arrogam ao direito de serem donos das verdades universais. O mundo e a vida encarregaram-se de agrupar as pessoas segundo o seu ADN genético, uns nasceram vencedores outros vencidos, uns para liderarem outros para serem seguidores, uns para fazerem as leis e outros para lhes obedecerem, uns para serem carneiros e precisarem de pastores e outros para serem escravos e necessitarem de senhores. De acordo com este escalonamento o acantonamento da espécie humana faz-se naturalmente nos seus nichos pela sua génese igualitária quer pela forma ou substância. Os mais rebeldes e de difícil enquadramento e ajustamento, são contra sua vontade forçados a serem arrumados, vigiados, controlados e monitorizados em sectores sobre uma observação tipo “big brother” com a finalidade de os manter sobre um equilíbrio disciplinar na sociedade, até que o “puzzle” ou o processo reeducacional seja completado. Em síntese o que pretendi dizer com este texto é que nós os humanos somos o resultado de imensos condicionalismos vivenciais, o quais na sua grande maioria não são o resultado das nossas decisões programáticas ou querer. 25-9-2014

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