segunda-feira, 7 de setembro de 2015

AS ORIGENS

Nasci em África onde vivi muitos anos e grande parte deles numa fazenda onde a caça abundava o que me permitiu aprender a viver ou sobreviver se fosse caso disso no sertão africano como qualquer autóctone de raça negra. Os meus olhos panorâmicos dotados de lentes de visão nocturna permitiam-me locomover-me silenciosamente no mato quer de dia ou noite. Os meus ouvidos sensíveis captavam os ruídos mesmo em decibéis subsónicos. Aprendi a seguir rastos de caça olhando para a pegada de um animal identificando-o e calculando o seu peso pela profundidade que os cascos imprimiam no solo, ou olhar para uma árvore descascada por um elefante e avaliar a sua altura, ou para os seus excrementos e dizer há quantos dias ou horas ali tinham sido deixados. Comecei a atirar aos 6 anos de idade com uma carabina de calibre 22, para caça miúda e matei o meu primeiro elefante aos 17 anos. Presentemente vivo na Europa, mas a minha identificação e adaptação com a mentalidade dos que me rodeiam nunca foi fácil pois somos fruto de vivências e experiências construídas e alicerçadas em mundos diametralmente opostos, com passados históricos, sociais, culturais e económicos muito diferentes, e por mais que tentemos lançar pontes, encurtar distâncias as diferenças rapidamente emergem constituindo obstáculos inultrapassáveis. Muito embora me possa sentir em vários aspectos ORIGENS Nasci em África onde vivi muitos anos e grande parte deles numa fazenda onde a caça abundava o que me permitiu aprender a viver ou sobreviver se fosse caso disso no sertão africano como qualquer autóctone de raça negra. Os meus olhos panorâmicos dotados de lentes de visão nocturna permitiam-me locomover-me silenciosamente no mato quer de dia ou noite. Os meus ouvidos sensíveis captavam os ruídos mesmo em decibéis subsónicos. Aprendi a seguir rastos de caça olhando para a pegada de um animal identificando-o e calculando o seu peso pela profundidade que os cascos imprimiam no solo, ou olhar para uma árvore descascada por um elefante e avaliar a sua altura, ou para os seus excrementos e dizer há quantos dias ou horas ali tinham sido deixados. Comecei a atirar aos 6 anos de idade com uma carabina de calibre 22, para caça miúda e matei o meu primeiro elefante aos 17 anos. Presentemente vivo na Europa, mas a minha identificação e adaptação com a mentalidade dos que me rodeiam nunca foi fácil pois somos fruto de vivências e experiências construídas e alicerçadas em mundos diametralmente opostos, com passados históricos, sociais, culturais e económicos muito diferentes, e por mais que tentemos lançar pontes, encurtar distâncias as diferenças rapidamente emergem constituindo obstáculos inultrapassáveis. Muito embora me possa sentir em vários aspectos nos antípodas da forma de estar na vida dos Europeus, isso não invalida nem impossibilita que não possamos comunicar, ter um diálogo inteligente e vibrante, respeitando a diversidade das nossas vivências sem contudo perder o ensejo e a oportunidade de debater conceptualizações polémicas ou controversas com as quais possamos discordar. Comecei a caçar bem novo com o meu pai, a pé, com a ajuda de um pisteiro e qualquer dos animais que faz parte da lista dos 5 mais desejados trofeus que qualquer caçador ambiciona ter na lista da sua colecção como abatidos, são o elefante, leão, rino, búfalo e leopardo, e tanto eu como o meu pai preenchemos as nossas cadernetas. Meu pai tinha uma carabina 375 BRNO e eu uma Winchester calibre 30-30 e uma 308 magnum com mira telescópica, para além de outras armas de calibre mais fino e caçadeiras. Sempre utilizei o xadrez (jogo) como filosofia defendendo, atacando, ou antecipando jogadas e movimentos no tabuleiro como o fazemos no jogo da vida. Hoje, passados vários anos, entrei noutra dimensão, menos aventurosa, impulsiva, passando para uma fase mais contemplativa, perdendo muito daquela ânsia de viver velozmente em derrapagem controlada, e no desejo da ubiquidade. Hoje em dia penso que tenho a sensibilidade de um poeta, a criatividade de um escritor, as maneiras educadas e protocolares da etiqueta devido a uma educação esmerada e cuidada que tive desde o berço, a solidariedade para com os amigos, a fraternidade para com os mais desprotegidos, a flexibilidade de entender e de me colocar nos sapatos dos outros, a inteligência de um cientista, a sabedoria de uma velha e experiente senhora, o intelecto de uma académico e o distanciamento materialista de um padre ou um místico indiano e finalmente a sofisticação do gosto pela qualidade e beleza de um e "playboy". O destino por vezes subtilmente de forma pérfida e cruel, outras de forma sedutora, coloca no nosso caminho da vida real ou virtual pessoas com quem temos que dialogar ou interagir de forma a impressionar, seduzir ou manipular. Penso ter a capacidade dinâmica de gerar empatias que desbloquem becos sem saída, abram portas possibilitando a retirada com dignidade de alguém em dificuldade, ou moderar debates que possam surpreender ou impressionar os meus interlocutores de tertúlia pela forma extrovertida como quebro a frieza inicial com o meu discurso vibrante aliado a uma personalidade que á partida demarca territórios e posições em relação às trincheiras que defendo. As minhas experiências vivenciais ajudam-me a criar impactos que pavimentem o caminho no sentido de que eventuais cedências ajudem a romper bloqueios e chegar a compromissos em que ambas as partes pensam ter saído vencedoras ou beneficiadas. Ao longo da vida fui removendo nevoeiros, brumas que muito difusamente me deixavam ver o caminho que deseja trilhar, e que comparativamente imagino que será o mesmo de como despir uma muçulmana que use burca para saber se é bonita e tem bom corpo. Alguns horizontes encontram-se escondidos nas penumbras das minhas cogitações. Já tive o privilégio de me cruzar com pessoas que depois de alguma conversa me levam a crer que somos aves da mesma plumagem ou da mesma rapina. Penso que fui um homem muito afortunado, não só pelas capacidades ou dons que herdei geneticamente como posteriormente ao longo da vida pela aprendizagem e treino que me foram dados por várias entidades. No campo psicológico foram-me fornecidas todas as armas mais poderosas que qualquer ser humano pode ter ao seu dispor e que são: capacidade de antecipar, analisar, racionalizar e decidir fria e calculisticamente todas as situações do quotidiano. Se aliado aos poderes anteriores, tivermos um conhecimento profundo das matérias a nossa capacidade de conseguir gerir, controlar, provocar, terminar, bloquear ou minimizar quaisquer eventos iniciados por terceiros, o nosso rácio de sucesso aumenta exponencialmente. Recordo-me nos anos 60 quando Martin Luther King “leader” dos movimentos cívicos dos negros americanos disse: “Eu subi à montanha e tive uma visão”, nessa altura eu pensei para comigo próprio que tinha que subir às mais altas das montanhas do mundo e tornar-me maior que elas, e com esse objectivo em mente fui ao Nepal e vivi com um Guru eremita tipo OSHO, durante 6 meses e dele bebi o elixir do conhecimento e da meditação intensiva, foi a maior e melhor experiência de toda a minha vida. A minha mente atingiu altos níveis e concentração e uma terceira visão que me proporcionou olhar para o mundo, situações e pessoas por ângulos e vertentes que nunca tinha imaginado existirem. Em pouco tempo cresci imenso, pensei tanto que receei que os meus neurónios esturricassem quando me imploravam para baixar os níveis concentracionais. Foi um período intenso onde me despojei de todo o meu materialismo vivendo apenas para o perdão e compaixão. Esses ensinamentos abriram os portões da minha mente para outras dimensões espirituais, teológicas e filosóficas. A partir dessa altura, cheguei à conclusão que nunca encolheria ou mirraria ao ponto de chegar ao tamanho de um grão de areia. A minha procura e busca pela sobrevivência e reconhecimento profissional levaram-me a desenvolver sofisticadas capacidades a fim de navegar através da vida com uma liderança incontestada. Fui totalmente implacável e desapiedado no que respeitava ao caminho por mim traçado na obtenção dos meus objectivos, que nunca contemplavam deflexões, atalhos ou paragens durante os meus percursos na persecução dos meus sonhos. Removi do meu trilho quem com eles interferisse, pessoas, animais, plantas ou rochas, todos eles foram liminarmente eliminados sem remorso ou contemplações. É imperativo que nos mantenhamos sempre focados durante os períodos em que nos propomos atingir os nossos objectivos sem contemporizar com distracções laterais. Mas esse foram os anos da grande ribalta, onde precisava de me afirmar num mundo altamente competitivo, mas depois de ter obtido o reconhecimento dos meus pares a tarefa tornou-se fácil e rotineira. Hoje em dia tenho tempo para tudo até para cantar quando me sinto triste, ou rir quando estou doente, ou enclausurar-me numa biblioteca para investigação quando tenho dúvidas e preciso de ser iluminado, ou saltar para a frente quando receio o desconhecido, ou ainda vestir as minhas mais caras roupas e passear-me pelas avenidas mais cosmopolitas do mundo, mas nunca por nunca perderei o controlo da minha vida, ambições ou caprichos. Estou e sempre estive ao controle de uma nave que se chama imaginação e com ela rasguei os céus do Universo em direcção ao passado ou futuro, como se tratasse da máquina do tempo de "Wells". Continuarei a olhar as estrelas do céu com fé e esperança, não tenho o dom da verdade única e nunca o terei, viverei hoje a minha vida com toda a intensidade pois não espero ser salvo pelo dia de amanhã. Nunca concederei a ninguém o privilégio de ser maior do que eu. Sempre prometi a mim próprio, que se um dia alguém tentasse nascer dentro de mim no sentido afectivo que controlaria e monitorizaria a evolução desse crescimento sem nunca permitir que esse sentimento se pudesse tornar doentio ou de difícil ablação. Nunca permitirei também que nenhum ser humano se agigante a meus olhos ou suba para um pedestal derivado de diferenças sociais, financeiras, académicas, amorosas, ou de dependência sexual que eventualmente me subalternizassem. Nunca ninguém me verá pedir aos amigos por uma palavra, de joelhos a implorar por atenção e misericórdia, por um gesto ou ainda esmolar por absolvição. Quanto aos inimigos também eles nunca me verão renegar aos meus valores tornando-me num cristão-novo. Sinto-me como um túrgido grão de milho que ainda não sabe ao certo que boca irá alimentar no futuro e por quanto tempo ou onde voltará a ser plantado e será ou não capaz de me multiplicar. Cada minuto das nossas vidas é uma impressão digital, não pode ser copiada, capturada, revivida ou duplicada, são momentos únicos e irrepetíveis, portanto há que vivê-los com toda a intensidade pelos vários escalões etários que vamos passando, pois o tempo não volta para trás a fim de nos conceder segundas oportunidades. 20-2-2007 • .

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