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segunda-feira, 7 de setembro de 2015
RAÍZES
A minha biblioteca sobre África é vasta abrangendo várias áreas desde a arte africana, antropologia ou os livros sobre os relatos descritivos dos primeiros grandes caçadores maioritariamente Ingleses, tais como, Courtney Selous, Cummings, Stigand, Neuman, Baldwin ou ainda as caminhadas feitas pelos primeiros grandes pioneiros que se atreveram a atravessar os sertões Africanos como Du Chaillu, Burton, Speke ou Stanley, complementados pelos dois volumes dos portugueses Capelo e Ivens que merecem ser igualmente lidos Eu, tal como “Maomé” nunca em circunstância alguma nos deslocaremos mais na vida a qualquer montanha, pois já uma vez o fiz, quando ainda era jovem adolescente e ingénuo para receber as tábuas da verdade única, e passado algum tempo essas supostas verdades tornaram-se mentiras, e, quanto ao segundo, já morreu há séculos. A lição foi aprendida, a ilação tiradas e desde essa altura são sempre as montanhas que irrevogavelmente se têm que deslocar até MIM. Por vezes sinto o desejo de saltar para a garupa do meu ginete alado e viajar para os espaços infinitos da minha África que continua a ser o elemento catalizador, o elixir revigorante e a essência do meu viver. Esta noite sonhei de que era o dono do mundo, senhor omnipotente com poder absoluto sobre todo e qualquer ser vivente neste nosso universo planetário. Senti que estava sentado no topo do Universo numa posição privilegiada e confortável que a muito custo tinha conquistado. Nessa luta indómita tive que infelizmente deixar pelo caminho em direcção cume, corpos, mentes, ambições, vaidades, poderes ocultos, nepotismo, burocratas, incompetentes pois todos eles me bloqueavam o acesso em direcção ao absolutismo e ao reconhecimento de poder ser o único a desfrutar sozinho o cenário apenas anteriormente destinado aos predestinados e senhores das verdades únicas. Senti nessa altura a necessidade de corrigir todas as iniquidades que existem ao cimo da terra, e julgar sumariamente todos os corruptos, ladrões, assassinos, violadores, enfim toda a escória das sociedades mundiais e limpar mundo destes vermos nojentos e abjectos, de uma só penada. Senti o desejo de retirar o dinheiro da circulação e nivelar todos os humanos pela mesma bitola. Senti o desejo de erradicar as doenças, as guerras, os fanatismos religiosos e os cataclismos. Senti o desejo de construir um mundo perfeito e sem mácula. Senti o desejo de prolongar a vida, parando-a aos 40 anos para evitar o envelhecimento, e, acabar com a morte. Senti o desejo de sentenciar á morte imediata todos aqueles que alguma vez caíssem na tentação de cometer qualquer acto menos digno. Senti o desejo de possibilitar que todos tenham o direito a sonhar e, á felicidade eterna. Senti o desejo de corrigir as assimetrias e proporcionar a todos as necessidades básicas para poderem viver com dignidade. Senti o desejo de acabar com todos os exércitos e armamento letal. Senti o desejo de por todas as pessoas do mundo a falar a mesma língua. Senti o desejo de apenas puder existir uma raça única. Esse sonho levou-me por momentos a viver no halo da utopia. E hoje, quando daqui sentada no cume da mais alta montanha do mundo que não é o Evereste pois essa existe fisicamente, mas naquela que apenas reside dentro da minha mente, e, olho para baixo, todos os outros seres humanos me parecem pigmeus, pequenos aranhiços que se matam, digladiam e estropiam apenas para obterem as migalhas que lhes vão atirando de quando em vez, pois jamais terão o conhecimento, a oportunidade, a estratégia, as armas, a estamina para iniciarem a escalada em direcção ao sucesso, à visibilidade e ao reconhecimento. Estes seres que labutam como formigas de sol a sol nunca deixarão de ser apenas “multidões de gente anónima”, “números pares ou ímpares” nos computadores do governo ou das empresas para quem trabalham, pois estes governos e empresas precisam destes “carneiros” para gerar a riqueza que necessitam através dos impostos ou dos ordenados miseráveis que lhes pagam. Nunca durante o curso das suas vidas terão a mais remota possibilidade de sentir os aplausos da vitória, ou dos odores caros que os prazeres da vida proporcionam aos eleitos e ás castas superiores e elitistas. A grande maioria das pessoas nascem para obedecer a ordens, cumprir regras e directrizes, não para as fazer, por isso são abusadas, violentadas, denegridas, esquecidas e marginalizadas na sua dignidade. As pessoas são desnudadas, espremidas até á exaustão e ultima gota de suor. Por outro lado temos que admitir que estes cidadãos obedientes nada ousados ou imaginativos, gostam de se sentir no lado seguro da vida sem aceitarem desafios ou aproveitarem oportunidades, vivem no imobilismo e por causa dessa atitude amorfa e vegetativa estão condenados a viver sempre no lado sombrio da vida. Quanto ao lugar que ocupam nas sociedade onde vivem é apenas o de serem transportados como bagagem e carga pois nunca terão o desejo de se tornarem os motores da vida que faz o mundo girar e a história escrever-se. Pessoas de sucesso nunca aceitam o lugar traseiro e muito menos serem transportados no porta-bagagem, seguem o seu caminho sem necessitarem de esperar que alguém lhes indique o percurso. Pessoas de sucesso assumem o comando do volante pois usualmente são eles os proprietários dos carros. Isto define claramente o abismo que existe entre vencidos e vencedores, entre leaders e seguidores. Este meu sonho megalómano que me transportou para o topo do mundo teve a grande particularidade de me poder deixar viver enquanto o sonho durou, num mundo perfeito em que todos sorriam uns para os outros com uma alegria de viver onde imperava a paz, o sossego a tranquilidade a justiça, a solidariedade, igualdade e fraternidade. È pena que um mundo destes apenas possa existir nas cabeças de alguns sonhadores como eu.
Vilamoura Outubro 1999
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