terça-feira, 8 de setembro de 2015

VIVER-EXISTIR-CONHECIMENTO-SABEDORIA

Viver ou existir encontram-se dentro dos mesmos parâmetros entre o conhecimento e a sabedoria. Na minha opinião, existir não é o mesmo que viver, muito embora e segundo o pensamento filosófico de Rene Descartes nos possa dar o direito a existir apenas porque pensamos. Existir e pensar, permite-nos tomar opções e escolher caminhos, definir o nosso posicionamento e lugar no mundo, em que fomos lançados de dentro do ventre das nossas mães. Quando nascemos não somos mais do que pequenos animais irracionais, agindo por instinto, e só muito lentamente, com o decorrer do tempo e depois de devidamente treinados e amestrados pelos nossos pais, professores ou outros educadores, vamos desenvolvendo, progressivamente, as nossas capacidades racionais. Nem todos os seres pensantes existem, há pessoas que nascem, vivem e morrem sem nunca terem adquirido um estatuto vivencial, vivendo como se tivessem nascido nados-mortos. Viver é muito mais que existir, viver implica aprender e, para ser aprendiz, é preciso humildade para reconhecer a própria ignorância. Viver implica educar-se, instruir-se e preparar-se o melhor possível para enfrentar a vida com sucesso em todos os aspectos com que somos diariamente confrontados. Precisamos de experimentar a angústia de saber-se iluminado sem se sentir luz, vivenciando as dores e venturas de sentir-se completo sem poder ser pleno. Viver implica movimento. E não há movimento sem esforço e atrito. Para existir, basta estar, deixar que o nosso corpo se movimente automatizado, tipo robot Para vivermos em toda a plenitude, é preciso entregarmo-nos, por inteiro, sem condicionalismos ou reticências. Para existir basta ter sangue nas veias sendo na grande maioria das vezes frio, ar nos pulmões e alguma massa cinzenta no cérebro, ser seguidista, dobrar bem a espinha e nunca passar de uma cabeça entre a multidão anónima, tendo o cuidado de nunca sobressair entre ela de modo a que nos tornemos um alvo a abater pelo incomodo que podemos causar a certas pessoas, segmentos da sociedade onde estarmos inseridos ou entidades corporativistas. Por outro lado o conhecimento é o somatório de toda a informação que vamos recebendo e assimilando ao longo da vida e que se torna a base daquilo que entendemos por cultura enciclopédica ou erudição. O conhecimento depende da necessidade de luz que cada um precisa para viver, e muita gente limita-se a vegetar na escuridão ou semi-obscuridade sem que isso afecte os seus percursos de vida. O conhecimento pode ser adquirido e armazenado em diferentes partes da nossa memória cerebral, de acordo com o tipo de evento que pretendemos memorizar, o qual pode ser guardado ou apenas retido na memória declarativa, imediata, de curto prazo, de longo prazo ou de procedimentos, sem nunca termos personalizado qualquer experiência vivencial na prática. Podemos acumular conhecimento literário que traduzimos em cultura se despendermos parte das nossas vidas como ratos de biblioteca em reclusão assimilando e digerindo informação ou em anfiteatros de universidades ouvindo as dissertações dos professores catedráticos. Já a sabedoria é o reflexo de práticas vivenciais, quer sejam o resultado de experimentações, observação de ver e ouvir a própria vida, ousando vivê-la em toda a sua plenitude e dela colhendo a doçura ou acidez indigesta dos seus frutos. O conhecimento pode chegar até nós em diferentes formas, fases ou escalões etários e na grande maioria das vezes este não chega até nós gratuitamente e de forma indolor, insipida ou inodora. Há conhecimento que apenas chega até nós ou o sentimos pela forma negativa da dor e do sofrimento, outras vezes muito gratificantemente pela forma inversa. 25-5-2014

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